O governador Eduardo Riedel (PSDB), usou as redes sociais para anunciar que o projeto Rota da Celulose segue firme. O tucano ainda adiantou que o relançamento da proposta fundamental para o escoamento da produção de celulose de Mato Grosso do Sul está previsto para acontecer no primeiro trimestre de 2025.
Nesta quarta-feira, dia 18, Riedel se reuniu com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para tratar da Rota da Celulose. No último dia 2, nenhuma empresa do setor de logística apresentou propostas ao projeto que previa o investimento de cerca de R$ 9 bilhões, nos próximos 10 anos, em trechos de duas rodovias federais e três estaduais em Mato Grosso do Sul.
Do valor previsto, R$ 6 bilhões seriam destinados a melhorias na infraestrutura e ampliação de capacidade (Capex), enquanto R$ 3 bilhões seriam aplicados em investimentos operacionais. A concessão seria válida por 30 anos.
“O Mato Grosso do Sul tem hoje um projeto de desenvolvimento consolidado e uma relevância no país, o que tem atraído inúmeros investimentos por parte de empresários que se sentem seguros em aportar seu capital no estado. Esse projeto foi muito elaborado com todo aval do governo federal, e com objetivo de garantir ainda mais competitividade aos negócios, além de comodidade e segurança aos usuários”, afirmou o governador Eduardo Riedel.
O leilão envolvia 870 quilômetros de rodovias em cinco trechos do estado. A concessão das estradas é um projeto de grande importância para Mato Grosso do Sul, principalmente devido à proximidade com grandes fábricas de celulose, como as unidades da Suzano e Eldorado Brasil, situadas em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, e a futura instalações da Bracell em Água Clara, respectivamente.
O plano envolve melhorias significativas, como a duplicação de 116 quilômetros de pista, a construção de 251 quilômetros de faixas adicionais e a implementação de 457 quilômetros de acostamento. No entanto, o leilão não atraiu propostas, o que levou ao adiamento da disputa.
ANOS DE ESPERA
Com o passar dos anos, o fluxo de veículos disparou nas estradas sul-mato-grossenses. Na região de Três Lagoas, por exemplo, a instalação das fábricas de celulose atraiu milhares de novos moradores, mas não foram feitas melhorias nas estradas, o que causou muitas mortes nas últimas décadas.
O crescimento que as fábricas de celulose trouxeram para o Mato Grosso do Sul é algo inquestionável. Indústrias fazem a economia disparar e atrai milhares de novas pessoas. Com isso, os ‘contos de fadas’ também têm seus vilões e um deles é a BR-262 no Estado.
Três Lagoas abriga duas linhas da Suzano e uma da Eldorado. Ribas do Rio Pardo também outra linha da Suzano que entrou em operação em 2024. Uma fábrica da Arauco está sendo construída em Inocência. Uma indústria da Bracell também será feita em Água Clara. Ainda em Três Lagoas, uma nova linha da Eldorado promete ser construída e também as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) devem ser retomadas no próximo ano.
Cada obra dessas citadas acima precisam de milhares de pessoas para serem construídas. Já imaginou o fluxo de veículos nas estradas sem melhorias? Em Ribas do Rio Pardo, por exemplo, o número de carros aumentou 9 vezes mais.
A duplicação da BR-262, foi extremamente cobrada por vários políticos e pela população. Conhecida como ‘rodovia da morte’, liga várias cidades de Mato Grosso do Sul, se tornou foco de acidentes no Estado. A instalação de novas atividades econômicas na região — ligadas ao plantio de eucalipto e fábricas de celulose — influencia o aumento do fluxo de veículos e, consequentemente, o maior número de acidentes.
Há muitos anos a BR-262 e a BR-267 que servem como principais trechos de transporte logístico, e sempre foram alvos de reclamações dos motoristas pelos constantes riscos de acidentes. São inúmeros acidentes já registrados em ambas rodovias.
Agora, após inúmeras negociações do Governo de Mato Grosso do Sul com o Governo Federal, o que parecia um sonho distante parecia estar mais próximo, mas agora segue indefinido. O bloco de rodovias que vai para o leilão passa por nove municípios do Estado, entre eles Campo Grande, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Bataguassu, Água Clara, Três Lagoas, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina e Anaurilândia. A concessão será de 30 anos, em um trecho de 870 km de rodovias (estaduais e federais).
Compreende os seguintes trechos: MS-040, de Campo Grande a Santa Rita do Pardo (226,3 Km); MS-338, que liga Santa Rita do Pardo e o entroncamento com a MS-395 (60,1 Km); e MS-395, de Bataguassu ao entroncamento com a MS-338 (7,7 Km); além da BR-262, ligando Campo Grande a Três Lagoas (328,2 Km) e BR-267, de Bataguassu a Nova Alvorada do Sul (248,1 Km).
Nesse pacote estão previstos 114,5 km de duplicações, 457 km de acostamentos, 251 km de terceiras faixas, 12 km de via marginal e 82 dispositivos, que vão proporcionar mais segurança. Ainda terá a prestação de serviços aos usuários por meio de 50 veículos operacionais, entre ambulâncias, guinchos, combate a incêndios, desobstrução de pistas e inspeção para controle do tráfego.
A VIDA IMPORTA MAIS QUE O PEDÁGIO
Além das melhorias estruturais, a Rota da Celulose deverá contar com 14 pórticos de pedágio eletrônico (sistema free flow) em vez de praças físicas de pedágio.
A cobrança na BR-262, na BR-267, na MS-040 e na MS-338 está prevista para começar em 2026, com tarifas que variam de R$ 4,70 a R$ 15,20 no primeiro ano para automóveis (há multiplicador de tarifa conforme classe do veículo).
Trechos das BR-262 e BR-267, rodovias federais que compõem o projeto de concessão da Rota da Celulose, foram delegados a Mato Grosso do Sul. O documento que celebra o convênio foi publicado no Diário Oficial da União em setembro deste ano.
Com um aumento considerável no tráfego de veículos com a instalação de grandes fábricas na cidade de Três Lagoas, além de outras duas unidades nos municípios de Ribas do Rio Pardo e Inocência, a Rota da Celulose visa facilitar a movimentação e o escoamento de produção no estado.
A delegação permite a exploração da rodovia BR-262, no trecho entre a divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, a partir da ponte sobre o Rio Paraná, até o encontro com a BR-163, em Campo Grande, o que compreende 328,2 quilômetros de extensão.
Já o segmento delegado da BR-267 parte da divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, no início da travessia do Rio Paraná até o encontro com a BR-163, em Nova Alvorada do Sul. O equivalente a 248,1 quilômetros de extensão.
O projeto é destinado à adequação de capacidade, reabilitação, operação, manutenção e conservação dessas rodovias pelos próximos 30 anos. A estimativa de investimento é de R$ 8,8 bilhões.
A concessão também inclui a prestação de serviços aos usuários por meio de 49 veículos operacionais, entre eles ambulâncias, socorro mecânico, guinchos, combate a incêndios, desobstrução de pistas e inspeção para controle do tráfego, apreensão de animais silvestres e Postos de Atendimento ao Usuário.
Conforme os estudos técnicos do projeto, a BR-262 terá pista dupla em sua totalidade entre Campo Grande (intersecção com a BR-163) e Ribas do Rio Pardo (acesso à Suzano Celulose).
Dos 101,73 quilômetros, a maior parte terá duplicação com canteiro central. Só os 22 quilômetros dentro da capital sul-mato-grossense (antes do cruzamento com a linha férrea) terão duplicação com barreiras de concreto New Jersey.
Ribas do Rio Pardo terá 12,165 quilômetros de contorno rodoviário duplicado, para desviar o trânsito de veículos pesados de dentro da área urbana.
Os outros 69% da BR-262 – 226,47 quilômetros entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas – receberão 57,57 km de terceira faixa e 21,98 km de acostamentos.
Duplicação da BR-267
Com total de 248,1 quilômetros, o trecho da BR-267 entre a divisa SP-MS e Nova Alvorada do Sul terá apenas 13,5 km de duplicação, em Bataguassu.
Há previsão de implantação de 73,58 km de terceira faixa no restante da rodovia que continuará com pista simples.
MS-040, MS-338 e MS-395
As rodovias estaduais, também terão alterações em suas estruturas, com a implantação de acostamentos, terceira faixa e postos de atendimento.
Acostamentos
327 km na MS-040;
103,62 km na MS-338;
2,68 km na MS-395.
Terceira faixa
103,78 km na MS-040;
14,13 km na MS-338;
800 m na MS-395.
Edificações e dispositivos
4 postos do Serviço de Atendimento ao Usuário;
2 postos da Polícia Militar Rodoviária;
1 Posto de Parada e Descanso.
Viaduto no entroncamento com a BR-163, em Campo Grande.