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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Vício em telas: Como a dependência digital afeta a saúde mental de crianças e adolescentes

O uso excessivo de telas está gerando um ciclo de vício digital e prejudicando a saúde mental dos jovens, aponta especialista

O vício em telas é uma crise silenciosa que está moldando a forma como crianças e adolescentes interagem com o mundo. O uso crescente de smartphones, redes sociais e jogos online tem gerado preocupação entre especialistas, que alertam para os impactos profundos dessa dependência na saúde mental. Dados da Common Sense Media indicam que os jovens passam, em média, mais de 7 horas por dia em frente a telas, um número ainda maior em países em desenvolvimento. Esse tempo excessivo gera um ciclo vicioso de busca constante por estímulos digitais, alimentado por picos de dopamina, o “hormônio do prazer”.

De acordo com a biomédica Telma Abrahão, especialista em neurociências e desenvolvimento infantil, “o cérebro das crianças e adolescentes está em uma fase crítica de desenvolvimento, e a sobrecarga de estímulos digitais interfere na regulação natural dos neurotransmissores, em especial a dopamina. O que deveria ser um mecanismo de prazer natural se transforma em um comportamento compulsivo, criando um vício”.

A dopamina, que é liberada ao receber notificações ou likes nas redes sociais, gera uma sensação momentânea de prazer. No entanto, o excesso dessa estimulação acaba desregulando os mecanismos naturais do cérebro, levando à falta de motivação, dificuldades de concentração e até sintomas de depressão. “Os jovens começam a buscar estímulos digitais cada vez mais fortes para alcançar o mesmo nível de prazer, o que leva a um ciclo difícil de romper”, explica Abrahão.

Além do impacto emocional, o uso excessivo de telas está diretamente relacionado a uma desconexão social. Crianças e adolescentes, em vez de desenvolverem relacionamentos reais e aprenderem a regular suas emoções, substituem essas interações por um consumo contínuo. A falta de afeto e conexão humana, segundo a especialista, tem contribuído significativamente para o aumento de diagnósticos de ansiedade e depressão entre os jovens. “A ausência de vínculos afetivos saudáveis no desenvolvimento infantil prejudica a formação emocional e social, o que facilita o surgimento de transtornos psicológicos”, alerta Telma.

O problema não é apenas emocional. Estudos também associam o vício em telas a uma diminuição do tempo de sono, queda no desempenho acadêmico e aumento de comportamentos agressivos. Quando somado à falta de um ambiente familiar que promova afeto e presença, o risco de transtornos psicológicos se amplifica, criando um ciclo vicioso ainda mais difícil de quebrar.

Telma Abrahão enfatiza que a solução para esse problema exige uma mudança cultural. “Precisamos resgatar hábitos saudáveis, incentivando atividades físicas, interações reais e momentos de qualidade em família. O foco deve ser, mais do que reduzir o tempo de tela, promover conexões humanas que fortaleçam a autoestima, a resiliência e o equilíbrio emocional dos jovens.”

O alerta sobre o impacto das telas vai além da preocupação com comportamentos individuais. Ele nos desafia a refletir sobre o futuro que estamos construindo para nossas crianças e adolescentes. A tecnologia deve ser uma ferramenta que favoreça o bem-estar, não uma armadilha para o cérebro. “Precisamos agir agora para que os efeitos dessa epidemia não se tornem irreversíveis”, conclui Telma.

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