Ainda na fase de terraplanagem, o Projeto Sucuriu já conta com um quadro de mais de 2 mil colaboradores que vieram de várias regiões do pais; no pico da obra serão 14 mil trabalhadores
A multinacional chilena Arauco que está construindo no município de Inocência a primeira fábrica de celulose no Brasil. Denominado Projeto Sucuriu, o empreendimento está movimentando a região no leste de Mato Grosso do Sul, já conhecida como ‘Vale da Celulose’. Com pouco meses de obra de terraplanagem, já é notável as mudanças realizadas pelo investimento bilionário.
Na última semana, o Perfil News esteve em Inocência para presenciar os impactos provocados pela Arauco. Após concluída em 2027, a fábrica terá a capacidade de produzir 3,5 milhões de toneladas por ano, tornando-se a maior fábrica de celulose em linha única do mundo. Para atender o projeto, o investimento no projeto é de US$ 4,6 bilhões.
BOLA DA VEZ
No município, o desenvolvimento caminha a passos largos. O crescimento econômico que aconteceu em Três Lagoas com as instalações da Suzano e Eldorado, já aconteceu também em Ribas do Rio Pardo, com a Suzano entrando em operação ano passado. Agora Inocência está sendo a ‘bola da vez’ em Mato Grosso do Sul com a Arauco.
O município vem passando por transformações devido à construção da terraplanagem da fábrica, onde atuam mais de 2.500 trabalhadores, oriundos de diversas regiões do país.
INVESTIMENTOS
Logo quando a equipe do Perfil News chegou na cidade, já foi possível notar o desenvolvimento. Construções de vários alojamentos estão está sendo erguidos no local. Além disso, é possível avistar fachadas de boates, para instalação de casas noturnas, onde se concentram garotas acompanhantes. Até uma empresa que fornece refeições coletivas também se instalou na entrada da cidade.
CIDADE DO ROMANCE
Inocência, conhecida como ‘Cidade do Romance’ é considerada pacata, possui uma população de pouco mais de 8 mil habitantes antes do começo da construção da Arauco, mas agora esse quadro populacional mudou completamente. Para ter uma ideia, só no pico da obra serão necessários a contratação de 14 mil trabalhadores, ampliando o número de moradores, para mais do que o dobro da população local. Com isso, Inocência acabou se transformando numa potência econômica mesmo antes de a fábrica entrar em operação.
Casas noturnas, comércios, restaurantes, postos de gasolina, tudo completamente lotado. Alguns empresários locais, principalmente no setor de alimentação e hotelaria estão precisando ampliar suas empresas para conseguirem atender à demanda. Além disso, os imóveis aumentaram o valor, onde em alguns casos chegando a triplicar. Devido a mão de obra ser escassa no município, muitos moradores de outros estados foram contratados e estão trabalhando em Inocência.
OUTRAS EMPRESAS
Além da Arauco, outras fábricas também ajudam no desenvolvimento de Inocência. A Eldorado tem um escritório na cidade e a Suzano construiu o Terminal Intermodal para recepcionar a produção que vem de Ribas do Rio Pardo via carretas. De lá, segue de trem de bitola larga para o porto de Santos, em São Paulo.
Mas como nem tudo são flores, a construção de uma fábrica também gera impactos nem sempre tão positivos. Um problema enfrentado são as rodovias. Com o aumento da população, crescem sucessivamente os números de veículos e infelizmente os acidentes também. Um exemplo é a MS-377 que liga Água Clara até Inocência. Parte dela liga o município até a fábrica, é possível notar o grande fluxo de veículos, principalmente de cargas pesadas. Uma via perigosa, sem acostamento e sem manutenção, o que facilita o aumento de colisões.
TRANSFORMAÇÕES
Pela rodovia MS-112, a equipe de reportagem flagrou o desenvolvimento a caminho de Inocência. Vários caminhões levando enormes equipamentos que serão usados na construção da fábrica. O Perfil News também realizou uma parada em um local chamado ‘Cazuza’. Um comércio na beira da estrada, cujo proprietário disse que teve um aumento de 50% após o início da construção do projeto.
Com o aumento da população, a procura pelos serviços públicos como saúde, educação, segurança e moradia também acaba aumentando. Foi realizada uma audiência pública para debater os assuntos e a Arauco está sendo parceira do município tentando diminuir os impactos negativos em Inocência, inclusive doando viaturas para as polícias.
Além do trânsito, a maior demanda é de moradia e mais comércios, já que os que estão instalados na cidade não conseguem atender o número da demanda. Tentando ouvir a população local, a Arauco, no último mês, chegou a inaugurar um local exclusivo para ouvir a população.
Projetada com foco na sustentabilidade, a Casa Arauco foi construída em madeira, utiliza sistemas de reaproveitamento de água e conta com energia solar. O espaço é um reflexo dos princípios ambientais que norteiam as operações da Arauco, que desenvolve produtos florestais renováveis e busca soluções inovadoras para os desafios globais relacionados ao meio ambiente. O espaço é um local para compreender melhor todo o processo produtivo da celulose e como ela está presente no dia a dia de todas as pessoas, em itens como papéis, roupas e até medicamentos, por exemplo.
Além disso, o local se destaca como um ponto de conexão com a comunidade e com a cultura de Inocência, que ganha visibilidade. Em Mato Grosso do Sul, a Arauco está presente desde 2009 por meio de sua operação florestal. O Projeto Sucuriú trata da primeira fábrica de celulose branqueada da empresa no país e representa o maior investimento na história da empresa.
Ao todo, serão gerados em torno de 14 mil empregos no pico da obra. Quando for concluída a obra, a operação empregará um contingente de cerca de 6 mil trabalhadores (florestal, fábrica e logística).
AERÓDROMO MUNICIPAL
Além desses investimentos o Governo do Estado também está atuando em Inocência com várias frentes de obras. Uma das mais importante é a construção de um novo aeródromo. Conforme divulgado no site do governo o valor aplicado na construção é de R$ 15,4 milhões. O novo dispositivo contará com a implantação das pistas de pouso e decolagem, de taxiway (que conecta a pista principal ao pátio), do pátio de aeronaves e do alambrado operacional.