Após repercussão negativa, Governo Federal recorrerá a TCU para liberar R$ 4 bilhões ao Plano Safra
A suspensão do Plano Safra 2024/2025 pegou de surpresa os produtores de Três Lagoas e região. Sem os recursos que apoiam o setor agrícola, produtores em MS demonstram preocupação e temem que produção e colheita sejam impactados. O Plano Safra teve a suspensão anunciada pelo Governo Federal nesta quinta-feira (20).
O Plano Safra oferece aos produtores acesso a linhas de crédito para investimento e custeio da produção com taxas de juros reduzidas, além de outros benefícios. O programa foi suspenso temporariamente devido à falta de recurso e atraso na aprovação do Orçamento.
CATÁSTROFE
O presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, Bruno Ribeiro, disse ao Perfil News que a suspensão do Plano Safra é uma “catástrofe” para o agronegócio, desmotivando os produtores rurais que já enfrentam dificuldades há dois anos. Ele destacou que a medida impacta diretamente o plantio do milho em maio, a aquisição de matrizes, a reforma de pastagens e a produção de laranja.
“O pessoal já está precisando do Plano Safra para o plantio do milho agora em maio, para aquisição de matrizes, para comprar vaca, para reformar a pastagem. Isso desmotiva o produtor rural, que já vem de dois anos péssimos, e aí, com essa ‘bordoada’ do governo federal, desmotiva mais ainda”, afirmou Ribeiro.
Além disso, ele alertou para possíveis altas nos preços da soja, milho e boi, além de um aumento na inadimplência, já que muitos produtores contavam com esses recursos para quitar dívidas. Ribeiro enfatizou que a decisão do governo federal “abalou, mas abalou muito a nossa região”, afetando tanto a pecuária quanto a produção agrícola.
Ele ainda ressaltou que Três Lagoas, cidade com o segundo maior PIB de Mato Grosso do Sul, sofrerá impactos significativos na economia local.
“MENOS PLANTIOS, PREÇOS MAIS ALTOS”
Para a reportagem do Perfil News, o produtor rural de Três Lagoas, Lúcio Sanvito, alertou que a suspensão do Plano Safra afetará diretamente o plantio do milho safrinha. Segundo ele, os produtores costumam financiar insumos e fertilizantes para reduzir os custos por hectare, e, sem esse crédito, a área plantada deve diminuir e os preços saltarem.
“O produtor sempre financia a safra para ter poder de compra e reduzir custos. Sem esse dinheiro, ele vai plantar menos, e isso vai causar uma menor produção agrícola, menos oferta e, consequentemente, preços mais altos”, explicou Sanvito.
Ele destacou ainda que essa redução na produção pode afetar a inflação e o PIB, já que o agronegócio representa até 30% da economia em alguns estados. O impacto se estenderá por toda a cadeia produtiva, elevando os custos de grãos, ração animal e, consequentemente, o preço de alimentos como ovos, carne e outros derivados.
PRODUTORES COBRAM GOVERNO FEDERAL
O presidente do Sindicato Rural de Aparecida do Taboado, Eduardo Sanches, afirmou ao Perfil News que a suspensão do Plano Safra agrava a crise financeira dos produtores rurais, que já enfrentam dificuldades devido à queda nos preços das commodities e à baixa capacidade de pagamento.
“O governo vem com essa, mas como que o produtor renova o custeio? Como que ele busca recurso novo para plantar? O risco é muito grande com as taxas de juros do mercado financeiro, ninguém aguenta”, destacou Sanches.
Ele alertou que a falta de crédito pode resultar na redução da produção agrícola e no aumento do preço dos alimentos, já que os produtores terão menos recursos para investir em insumos e tecnologia para melhorar a produtividade.
“A grande preocupação é essa: a incerteza. Estamos vivendo uma situação nesse governo em que tudo é dúvida, não há segurança para nada. Às vezes, é melhor ficar quieto do que produzir”, afirmou.
Para Sanches, o cenário pode levar muitos produtores a vender bens para quitar dívidas e evitar um endividamento ainda maior. “A coisa não vai ficar boa, não. Pode ser uma quebradeira geral”, concluiu.
Produtores da região Sul em alerta
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino Ferreira, criticou a suspensão do Plano Safra e classificou a medida como um “tiro no pé” do governo federal, especialmente em um momento delicado para o agronegócio.
“O governo federal vem com uma medida muito fora, numa hora muito imprópria. O agronegócio é um segmento que precisa ser tratado com carinho, porque é essencial para o Brasil”, afirmou Ferreira ao Perfil News.
Ele destacou que a falta de crédito afetará a economia municipal, estadual e nacional, podendo resultar no aumento da cesta básica e no crescimento do desemprego.
“No momento em que estamos precisando de apoio, o governo corta esse crédito. Isso é muito ruim para todo mundo. Espero que o governo reavalie essa decisão”, concluiu.
Famasul acompanha com preocupação
Em nota encaminhada ao Perfil News, a Famasul alertou que a suspensão do Plano Safra compromete o planejamento e a segurança financeira dos produtores rurais, que já se preparam para a próxima safra.
A entidade também destacou o risco de aumento nos custos de itens da cesta básica, como proteínas animais, devido à possível queda na produção de grãos por falta de crédito.
“A medida pode elevar os custos da cesta básica, uma vez que as rações utilizadas nas criações dependem dos grãos, que podem ter sua produção impactada”, afirmou a Famasul.
A federação reforçou seu compromisso com a defesa dos produtores rurais e cobrou um posicionamento do governo. “Esperamos que o governo reveja a decisão e garanta os recursos prometidos, dentro do planejado.”
DEPUTADO FEDERAL DE MS PEDE ESCLARECIMENTOS
O deputado federal por Mato Grosso do Sul, Rodolfo Nogueira (PL), vice-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, anunciou nesta quinta-feira (20) a intenção de convocar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para prestar esclarecimentos sobre a recente suspensão das linhas de crédito de equalização do Plano Safra pelo governo federal.
A decisão de suspender essas linhas de crédito tem gerado preocupações significativas entre produtores rurais e representantes do setor agrícola, que dependem desses recursos para o financiamento de suas atividades.
Nogueira destacou a importância de entender os motivos por trás dessa medida e os planos do governo para mitigar os impactos negativos na produção agrícola nacional.
Além da convocação do ministro Fávaro, Nogueira informou que apresentará um requerimento de informações ao Ministério da Agricultura. O objetivo é obter detalhes específicos sobre os critérios utilizados para a suspensão das linhas de crédito, bem como as estratégias previstas para assegurar o suporte financeiro necessário aos agricultores durante este período de incertezas.
“É fundamental que o governo federal esclareça as razões dessa suspensão e apresente soluções concretas para garantir que nossos produtores não sejam prejudicados. Desde a campanha, Lula tem tratado o agro como seu inimigo número um, e não podemos permitir que ele utilize o aparato do Estado para perseguir um setor tão vital para o nosso país”, afirmou o deputado. O parlamentar deve protocolar o requerimento de convocação assim que os trabalhos do colegiado sejam retomados.
HADDAD RECORRE AO TCU PARA LIBERAR RECURSOS AO PLANO SAFRA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, divulgou que pedirá autorização do TCU (Tribunal de Contas da União) para encontrar uma solução que permita a retomada dos financiamentos do Plano Safra 2024/2025.
“O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acaba de retornar do Oriente Médio, encaminhará ofício ao Tribunal de Contas da União em busca de respaldo técnico e legal para a imediata retomada das linhas de crédito com recursos equalizados do Plano Safra 24/25. As linhas foram suspensas pelo Tesouro Nacional por necessidade legal, devido à não aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025”, ressaltou o Ministério da Fazenda em nota.
Conforme divulgado pela Agência Brasil, a pasta lembrou que as linhas do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que atende aos pequenos produtores, continuam operando.
Na tarde desta quinta-feira (20), o Tesouro Nacional enviou comunicado a 25 instituições financeiras que operam as linhas de crédito para o Plano Safra. A concessão de novos financiamentos está suspensa a partir desta sexta-feira (21) por falta de recursos para subsidiar os juros do programa.
Haddad recorre ao TCU para liberar recursos ao Plano Safra
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, divulgou que pedirá autorização do TCU (Tribunal de Contas da União) para encontrar uma solução que permita a retomada dos financiamentos do Plano Safra 2024/2025.
“O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acaba de retornar do Oriente Médio, encaminhará ofício ao Tribunal de Contas da União em busca de respaldo técnico e legal para a imediata retomada das linhas de crédito com recursos equalizados do Plano Safra 24/25. As linhas foram suspensas pelo Tesouro Nacional por necessidade legal, devido à não aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025”, ressaltou o Ministério da Fazenda em nota.
Conforme divulgado pela Agência Brasil, a pasta lembrou que as linhas do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que atende aos pequenos produtores, continuam operando.
Na tarde desta quinta-feira (20), o Tesouro Nacional enviou comunicado a 25 instituições financeiras que operam as linhas de crédito para o Plano Safra. A concessão de novos financiamentos está suspensa a partir desta sexta-feira (21) por falta de recursos para subsidiar os juros do programa.
