Além da energia solar residencial, MS produz bioenergia a partir do licor negro, um resíduo da produção de celulose
A geração de energia solar na Microrregião de Três Lagoas registrou um crescimento expressivo de 44% entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025. Os dados foram divulgados pelo setor de energia sustentável da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) ao Perfil News.
Conforme os dados divulgados à reportagem, a capacidade instalada na microrregião, que corresponde aos municípios de Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo, Água Clara, Santa Rita do Pardo e Brasilândia, passou de 58.047 kW para 83.836 kW no período, refletindo o avanço das fontes renováveis de energia no Mato Grosso do Sul.
Ainda segundo a Semadesc, o número de unidades atendidas também apresentou uma alta significativa de 60%, saltando de 4.649 para 7.437.
TRÊS LAGOAS É PRINCIPAL POLO DE GERAÇÃO

Conhecida por abrigar a Usina Hidrelétrica de Jupiá, Três Lagoas teve aumento significativo na adesão à energia solar por parte dos moradores. Mesmo com a presença da grande usina, moradores e empresas têm investido em painéis solares para reduzir custos e garantir maior autonomia energética.

Os dados da Semadesc encaminhados ao Perfil News mostraram que Três Lagoas é o principal polo de geração na região. Comparado com janeiro de 2024, o mês de janeiro de 2025 teve um aumento de 36%. A capacidade instalada cresceu de 37.083 kW para 50.686 kW — e o número de unidades atendidas subiu de 3.085 para 5.407 (+75%).

Outro destaque foi Ribas do Rio Pardo, que registrou o maior crescimento percentual da região. O município mais que dobrou sua geração de energia solar, passando de 6.745 kW para 14.682 kW (+117,7%), enquanto o número de unidades atendidas cresceu de 444 para 716 (+61,3%).
Água Clara também teve um aumento expressivo, com a capacidade instalada subindo de 5.857 kW para 8.136 kW (+38,1%), enquanto o número de unidades atendidas passou de 375 para 642 (+71%). Brasilândia expandiu a geração de 2.932 kW para 4.221 kW (+43,9%) e agora conta com 387 unidades abastecidas, um crescimento de 66%.
Já Santa Rita do Pardo foi a única cidade da região que registrou uma leve queda no número de unidades atendidas, passando de 315 para 285, enquanto sua capacidade instalada cresceu de 5.430 KW para 6.111 KW (+12,5%).
DEMANDA POR ENERGIA SOLAR EM TRÊS LAGOAS
De acordo com Edwaldo Rodrigues, que atua na instalação de sistemas solares em Três Lagoas com a HD Solar desde 2019, a procura por energia solar tem crescido significativamente na região. “O que posso te dizer é que é um mercado promissor, quem aderir só tem a ganhar. Estamos com uma ótima demanda, tanto para usinas de investimento quanto para projetos de pequeno porte”, afirmou ao Perfil News.
Ele destaca que a instalação de 12 placas solares por residência é uma média comum, mas os valores variam conforme a necessidade de cada cliente. “Com a população ganhando conhecimento, a procura aumentou. Antes, muitos viam a energia solar como um bicho de sete cabeças, mas com a mídia abordando o assunto, as pessoas passaram a entender melhor”, explicou.
Ainda segundo o instalador, embora alguns consumidores investem na tecnologia pela economia a longo prazo, outros aderem ao sistema influenciados por amigos ou familiares. “O brasileiro ainda não tem noção do quanto pode economizar, mas, aos poucos, essa mentalidade está mudando”, concluiu.
MS EXPANDE GERAÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL EM 11%
Na última semana, a Semadesc divulgou que MS, em 2024, teve uma capacidade instalada total de 9.843 MW de energia, registrando um crescimento de 11% em relação ao ano anterior.

Do total, 84,7% corresponde à Geração Centralizada (GC), que abrange grandes usinas hidrelétricas e termelétricas, enquanto 15,3% são provenientes da Geração Distribuída (GD), composta por pequenos geradores, como painéis solares instalados em residências e comércios, como mostrado na reportagem do Perfil News.
Apesar de representar uma fatia menor da potência instalada, a GD se destaca em número de empreendimentos, respondendo por 98% das unidades geradoras no estado. Em 2024, o setor alcançou 132.458 unidades em operação, um crescimento expressivo de 53%.

Para o secretário de Estado de Meio Ambiente, Jaime Verruck, os números reforçam um cenário dinâmico e promissor, impulsionado pela diversificação da matriz energética e pelo avanço das fontes renováveis no estado.
“A matriz energética do Estado se destaca pela forte presença de fontes renováveis, que respondem por 94,1% da capacidade instalada. A energia hídrica lidera com 54,5%, seguida pela biomassa (24,3%) e pela energia solar (15,3%). As fontes fósseis, por sua vez, representam apenas 5,9% do total, refletindo o compromisso do estado com a sustentabilidade e a transição para uma matriz elétrica mais limpa”, salientou Verruck.
BIOENERGIA NO VALE DA CELULOSE
A energia sustentável também é uma preocupação das indústrias de celulose instaladas em Mato Grosso do Sul. Além energia produzida pelas placas solares nos lares, MS também está produzindo bioenergia a partir dos resíduos da matéria-prima, conhecida como licor negro.
Em 2024, o Mato Grosso do Sul consolidou-se como polo estratégico para a indústria de celulose com o lançamento do Vale da Celulose, um complexo industrial focado na produção sustentável e em larga escala.

E de acordo com informações da Semadesc, e planta da Eldorado Brasil Celulose anunciou ampliação da produção para 4,5 milhões de toneladas/ano até 2026, um potencial de geração de 1.043 MW de bioeletricidade, a partir do uso de licor negro.
O levantamento mostra que a Suzano em Ribas do Rio Pardo e a Cerradinho Bioenergia em Maracaju são responsáveis por 423 MW de bioenergia na matriz elétrica do estado. E existem mais 360 MW outorgados pela ANEEL, em construção ou construção não iniciada, toda capacidade gerada de fonte de biomassa, florestal ou bagaço de cana.
O MS busca liderar a exportação de celulose de alta qualidade até 2030, com meta de 20% do mercado global, aproveitando a logística ferroviária e matriz energética limpa (94,1% renovável).