Superando a projeção mediana das expectativas do mercado financeiro para o crescimento do PIB nacional, próximas de 2% Mato Grosso do Sul promete ser a ‘bola da vez’ em 2025
Mato Grosso do Sul deve ‘carregar’ o Brasil nas costas e promete ser o Estado com maior crescimento econômico do país em 2025. O levantamento projeta alta de 4,4% para o PIB em terras sul-mato-grossenses, superando a projeção mediana das expectativas do mercado financeiro para o crescimento do PIB nacional, próximas de 2%.
Três Lagoas e região dispararam economicamente nos últimos anos. Com várias fábricas de celulose já concluídas e outras em andamento, os investimentos bilionários das empresas no setor também são responsáveis pelo crescimento de Mato Grosso do Sul.

Além das fábricas de celulose, outros grandes empreendimentos que podem ser concluídos em Três Lagoas e região também devem alavancar a economia do Estado ainda mais. Obras paralisadas que devem ser retomadas e melhorias nas rodovias, melhorando a logística das empresas e da população, também contam com o crescimento do Estado.


Logo atrás de Mato Grosso do Sul, vem o Mato Grosso, com previsão de 3,7% de alta para o PIB neste ano. As duas unidades representam aproximadamente 40% do PIB do Centro-Oeste e devem impulsionar o desempenho econômico da região, que será a única entre as cinco do país a apresentar aceleração no ritmo de crescimento da atividade econômica neste ano. A projeção é de um crescimento de 2,8% neste ano contra os 2% em 2024.
A recuperação da safra de grãos, após as perdas causadas pelo fenômeno climático El Niño na colheita anterior, é o principal motor do crescimento econômico projetado para 2025. Segundo a consultoria Tendências, o PIB agropecuário deve crescer 10,2% em Mato Grosso do Sul e 5,3% em Mato Grosso.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta aumentos na produção de grãos: 6% em Mato Grosso, totalizando 98,8 milhões de toneladas, e 29,7% em Mato Grosso do Sul, com 26,3 milhões de toneladas.
O principal destaque é a soja, conforme a Gazeta do Povo, cuja produção deve crescer 19,1% em Mato Grosso (47,1 milhões de toneladas) e 16,1% em Mato Grosso do Sul (13,5 milhões de toneladas). Condições climáticas extremamente favoráveis, registradas no fim de fevereiro, têm contribuído para esses resultados.
O avanço da agropecuária deve impulsionar outros setores da economia. Em Mato Grosso do Sul, o comércio ampliado – que inclui veículos, autopeças e materiais de construção – deve apresentar crescimento de 2%, marcando a primeira alta desde 2022.
Em Mato Grosso, as vendas no comércio ampliado devem avançar 2,7%, enquanto a produção industrial pode crescer 2,9%, de acordo com o Gazeta do Povo.

Os setores de transporte e armazenagem também devem avançar, diretamente beneficiados pela expansão da logística agrícola, segundo relatório divulgado pelo Banco do Brasil no início do mês.
Outro setor que deve se beneficiar é o da indústria alimentícia. “Com menor sensibilidade às oscilações da política monetária, esse segmento mantém sua relevância, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sul, onde a produção agroindustrial deverá continuar aquecida, seja para atender à demanda doméstica ou externa”, diz o relatório do BB.
Além disso, o crescimento econômico dos dois estados deve trazer reflexos positivos nos rendimentos da população. De acordo com a consultoria Tendências, a expectativa é de um aumento anual real (ou seja, acima da inflação) de 4% na massa de rendimentos habitualmente recebidos até 2034.
EMPREGOS
As consequências do El Niño sobre a economia de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em 2024 foram sentidas no mercado de trabalho, com uma forte queda na geração de empregos formais.

De acordo com a consultoria Tendências, o PIB de Mato Grosso teve retração de 0,3% no ano passado. No mesmo período, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, registrou a criação de 25,8 mil empregos com carteira assinada, com queda de 36,8% em relação a 2023.
CENÁRIO ADVERSO
Em Mato Grosso do Sul, o cenário foi mais adverso: o PIB recuou 0,8% em 2024, enquanto o número de empregos formais criados foi de apenas 12,2 mil, 55,5% menos que no ano anterior.
Por outro lado, outros indicadores do mercado de trabalho mostraram resultados mais favoráveis. A taxa de desemprego em Mato Grosso do Sul caiu de 4% para 3,7% entre o fim de 2023 e o fim de 2024. Em Mato Grosso, o recuo foi ainda mais expressivo, de 3% para 2,5%, a menor taxa desde o início da série histórica, em 2012. Na média nacional, o desemprego terminou 2024 em 6,2%.
Mato Grosso também lidera entre os estados brasileiros em participação na força de trabalho de pessoas acima de 14 anos, com uma taxa de 70,2% no quarto trimestre de 2024. Mato Grosso do Sul aparece na oitava posição, com 65,3%, enquanto a média nacional é de 62,6%, segundo o IBGE.
Qualificação da mão de obra é desafio para crescimento econômico futuro
A demanda por mão de obra qualificada está em alta, especialmente em polos agroindustriais de Mato Grosso, como Rondonópolis e Primavera do Leste. Segundo a consultoria internacional Robert Half, o avanço da tecnologia tem transformado rapidamente o perfil das vagas no agronegócio.
Empresas que antes recrutavam trabalhadores para colheitas agora priorizam profissionais altamente capacitados, como, por exemplo, nas áreas jurídica, tecnológica e tributária. O objetivo é o de gerenciar processos automatizados e integrar operações logísticas e administrativas.
Investimentos devem impulsionar a economia de ambos os estados
As perspectivas de investimentos para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são bastante positivas. De acordo com a consultoria Tendências, nove dos dez maiores investimentos privados previstos para o Centro-Oeste nos próximos anos estão concentrados nesses dois estados.

O destaque vai para a indústria de celulose. Em 2024, a Suzano concluiu o Projeto Cerrado, em Ribas do Rio Pardo (MS), com um investimento de R$ 22,2 bilhões. A nova fábrica, licenciada em julho, já está em operação e produz celulose de eucalipto.
Outro grande projeto é da Bracell, que está investindo R$ 23,2 bilhões na construção de uma fábrica em Água Clara (MS), com capacidade de produção de 2,8 milhões de toneladas anuais. O empreendimento está em fase final de estudos de impacto ambiental (EIA/Rima), com conclusão prevista para este ano.
“A ampliação de fábricas, modernização das operações e melhorias na infraestrutura logística estão entre as principais iniciativas que devem fortalecer a produção e a competitividade do setor”, destaca o Banco do Brasil em relatório.

Os investimentos não se limitam ao agronegócio. De olho no crescimento econômico da região, a rede hoteleira francesa Accor, uma das maiores do mundo, planeja expandir sua presença nos dois estados.
Segundo Abel Castro, executivo responsável pelo desenvolvimento da Accor na América Latina e Caribe, a estratégia de interiorização da rede no Brasil inclui cidades com forte ligação ao agronegócio, mas sem deixar de lado os grandes centros urbanos.
Hoje o Centro-Oeste tem 17 hotéis da Accor, e cinco novas unidades estão previstas apenas para Mato Grosso até 2027. Entre as cidades que receberão novos empreendimentos estão Sinop, que ganhará seu segundo hotel da rede, além de Sorriso, Primavera do Leste, Lucas do Rio Verde e Mutum.
Infraestrutura pode atrair investimentos, mas cenário é desafiador
Melhorias regulatórias e maior apoio à estruturação de concessões e parcerias público-privadas (PPPs) têm favorecido a realização de leilões de infraestrutura nos últimos anos.

Em Mato Grosso do Sul, o governo prevê concessões rodoviárias que somam R$ 9 bilhões, com leilão previsto para abril. Em Mato Grosso, o plano é conceder 4 mil quilômetros de rodovias até 2026, com investimentos estimados em R$ 8 bilhões.
Apesar de as perspectivas serem positivas, alguns fatores podem limitar o avanço desses projetos:
Incertezas globais, que reduzem o fluxo de investimentos para países emergentes; Alta concorrência entre projetos, diante de um número restrito de investidores; Elevação das taxas de juros domésticas, que aumenta o custo do capital.
Confira a seguir a projeção de crescimento econômico para cada estado brasileiro em 2025, segundo a consultoria Tendências:
- Mato Grosso do Sul: 4,4%
- Mato Grosso: 3,7%
- Pará: 3,5%
- Amapá: 3,2%
- Piauí: 3,1%
- Alagoas: 2,9%
- Rio Grande do Norte: 2,9%
- Rio Grande do Sul: 2,5%
- Roraima: 2,5%
- Goiás: 2,4%
- Rio de Janeiro: 2,4%
- Amazonas: 2,1%
- Maranhão: 2,1%
- Bahia: 2,0%
- Minas Gerais: 1,9%
- Distrito Federal: 1,7%
- Pernambuco: 1,7%
- Ceará: 1,6%
- Paraná: 1,6%
- Espírito Santo: 1,5%
- Rondônia: 1,5%
- Paraíba: 1,4%
- São Paulo: 1,4%
- Sergipe: 1,2%
- Acre: 1,0%
- Santa Catarina: 1,0%