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quarta-feira, 16 de abril de 2025

Após mudança de endereço, Justiça aciona tornozeleira eletrônica de Waldir Neves para localizá-lo

O conselheiro afastado do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul, Waldir Neves, réu em mais de dez processos por lavagem de dinheiro, corrupção, improbidade administrativa em face das denúncias feitas pelo advogado de Bataguassu, Enio Murad, precisou dar explicações à Justiça.

O advogado explica que desde 2015 elabora denúncias contra Waldir e seus comparsas, mas que o conselheiro estaria se esquivando da Justiça ao responder pelos crimes de danos morais, materiais e coação que este praticou contra o Enio, que na época era ex-secretário-geral do Ministério Público de Contas de Mato Grosso do Sul.

Após mudança de endereço, Justiça aciona tornozeleira eletrônica de Waldir Neves para localizá-lo

“Ele mudou de endereço e não comunicou às autoridades. Como ele está sendo monitorado pelo Superior Tribunal de Justiça, sofreu restrições, não pode conversar com nenhum servidor público, não pode passar nem perto do Parque dos Poderes nessa determinação. E ele está em lugar incerto e não sabido. O então desembargador responsável do processo não gostou desse desaparecimento e determinou que a Secretaria de Segurança Pública acionasse a tornozeleira eletrônica para que ele fosse imediatamente localizado para responder ao processo que ele está se esquivando há mais de dois anos de responder”, disse o advogado e autor das denúncias contra o conselheiro.

O advogado sul-mato-grossense, responsável pela denúncia que desbaratou esquema de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), em 2021, e cuja investigação feita pela Polícia Federal (PF) identificou indícios de venda de sentenças por parte de desembargadores do Tribunal de Justiça (TJMS) em 2024, diz que aguarda por Justiça.

“Na verdade, até o ano de 2021, a Justiça não acreditava nas minhas denúncias. Aí, após a operação Mineração de Ouro, Casa de Ouro e Última Ratio, todas deflagradas pelo Superior Tribunal de Justiça e Polícia Federal, a Justiça de Mato Grosso do Sul começou a dar seriedade aos processos contra Waldir Neves. No caso específico, o desembargador deixou claro que ele não está de brincadeira e que Valdir certamente será punido pelos crimes que cometeu contra mim e outros membros da sociedade e o próprio estado de Mato Grosso do Sul”, adiantou Enio ao Perfil News.

ENTENDA

Natural de Bataguassu, Enio é conhecido por realizar várias denúncias que resultaram em muitas operações da Polícia Federal em MS. Com isso, o advogado sofreu perseguições e até ameaças. Tudo começou em 2015, quando o advogado era secretário-geral do Ministério Público de Contas de Mato Grosso do Sul (MPC-MS).

À época, a PF investigava indícios de fraude em licitação e superfaturamento no contrato da coleta de lixo em Campo Grande. Em razão do cargo que ocupava, Murad foi procurado para prestar esclarecimentos e relatou a “vista grossa” feita pelas instituições do estado em relação ao caso.

Após realizar as denúncias contra os conselheiros Waldir Neves Barbosa, a vida do advogado virou de cabeça para baixo. Ele chegou até a pedir exoneração do cargo que ocupava devido às graves perseguições e ameaças.

Depois das denúncias feitas por Murad, cinco desembargadores foram afastados dos cargos, após determinação do STJ. São eles: Sérgio Fernandes Martins, presidente do TJMS, Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel e Marco José de Brito Rodrigues.

Ao denunciar, há aproximadamente quatro anos, os conselheiros afastados acusaram Enio por calúnia e difamação. O advogado chegou a ser processado por calúnia e difamação. O processo foi arquivado e ele provou que é inocente. Hoje em dia, Murad pede a indenização dos sete conselheiros. O valor total é de R$ 2 milhões, mas pode chegar a R$ 14 milhões.

PERSEGUIÇÃO, SOFRIMENTO E SUPERAÇÃO

Enio conversou com a equipe do Perfil News e comentou sobre a sensação de ver um esquema de corrupção ser investigado após a sua coragem de denunciar. Olhando para trás, o advogado diz que percorreu um longo caminho que atingiu, inclusive, e muito a sua vida pessoal.

“Apesar de eu ter sofrido perseguições, assédio moral e coação. Perdi a maior parte do meu patrimônio em razão dessa luta contra a máfia da toga que foi instalada em muito sacrifício. Se hoje eu tivesse que fazer tudo de novo, talvez eu não teria a mesma coragem, a mesma determinação, porque eu coloquei em risco a minha vida, a minha família, a minha carreira que, atualmente, eu consegui me reerguer. Hoje eu sou advogado de renome profissional, dou entrevista para Globo, CNN, Folha de São Paulo, Veja, mas eu passei durante quase uma década pelo Vale das Sombras, por um deserto muito árido e hoje eu não sei se eu teria coragem de enfrentar isso tudo de novo em razão do desgaste emocional e financeiro que eu suporto e suportei até hoje”, explicou.

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