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Três Lagoas
quinta-feira, 17 de abril de 2025

Câmara de Ribas paga supersalários a nomeados e expõe distorção na gestão pública

Em cidade de apenas 23 mil habitantes, salários de até R$ 24 mil para cargos comissionados escancaram o inchaço de gastos com pessoal

Por: Nathalia Santos

Enquanto o Brasil debate cortes de gastos, responsabilidade fiscal e eficiência no serviço público, a Câmara Municipal de Ribas do Rio Pardo, uma cidade com pouco mais de 23 mil habitantes, parece caminhar na contramão.

Denúncia encaminhada ao Perfil News mostra que por lá, ser nomeado rende mais do que ser eleito. Isso porque enquanto um vereador recebe R$ 9,9 mil de salário, um comissionado pode ter proventos de até R$ 20 mil.

Dados do Portal da Transparência revelam que cargos comissionados, muitos deles de livre nomeação, sem concurso, estão recebendo vencimentos que ultrapassam os R$ 20 mil mensais.

SALÁRIOS EXORBITANTES

Para se ter ideia do contraste, o salário de um vereador em Ribas é de R$ 9.901,00. Ainda que não seja um valor desprezível, ele parece até modesto diante do que ganham alguns dos indicados. Um agente de administração, por exemplo, embolsa R$ 20.105,81 brutos por mês, mais que o dobro do que ganha quem foi eleito pelo voto popular.

Outro valor exorbitante é pago para o ocupante do cargo de Coordenador de controle interno do legislativo municipal de Ribas do Rio Pardo. O salário pago ao servidor é de R$ 24.233,56. Descontados os impostos e demais taxas o coordenador recebe R$ 15.119,59.

No mês de maio do ano passado, o mesmo servidor que atuava no cargo recebia R$ 13.812,83. Em um ano o acréscimo salarial foi de R$ 10.306,76.  

A lista continua com:

– Agente de Segurança – R$ 13.116,30

– Outro Agente de Segurança – R$ 10.609,17

– Artífice de Serviços Gerais – R$ 9.782,03

– Recepcionista – R$ 7.673,30

– Assessor Parlamentar – R$ 5.382,87

Desta forma, de acordo com dados do Portal da Transparência, pode-se constatar que um artífice de serviços gerais ganha quase o mesmo que um vereador. E um assessor parlamentar, cargo normalmente associado a apoio técnico ou político, tem vencimentos quase 2 mil reais acima da média estadual, especialmente quando comparado com cidades maiores e mais estruturadas.

COMPARATIVO COM CIDADES MAIORES

Em Três Lagoas, terceira maior cidade de Mato Grosso do Sul com mais de 141 mil habitantes, o salário de um assessor parlamentar gira em torno de R$ 3.500,00. Já em Dourados, com 260 mil moradores, cada vereador tem direito a contratar até sete assessores, com um teto de R$ 28.580,75 por gabinete, o que dá uma média de R$ 4.083,00 por servidor.

A disparidade é gritante. Em Ribas, o assessor ganha mais. O recepcionista, o agente de segurança, o coordenador, todos eles estão no topo da pirâmide salarial, superando inclusive servidores de carreira nos legislativos de grandes cidades e, em alguns casos, até da Assembleia Legislativa de MS.

A justificativa de que o recente crescimento da cidade, impulsionado pela instalação de uma fábrica de celulose, justifique esses aumentos, não se sustenta diante da realidade do serviço público no estado. O que se vê, na prática, é uma estrutura inchada, com salários inflados e pouca transparência sobre os critérios adotados para essas nomeações.

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