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Três Lagoas
sexta-feira, 18 de abril de 2025

Autoridades realizam reunião e debatem aumento de moradores de rua em Três Lagoas

Além disso, o crescente número de dependentes químicos tem causado transtornos e insegurança aos três-lagoenses que cobram soluções do Poder Público

Uma reunião entre a Prefeitura e o 2º Batalhão de Polícia Militar do Mato Grosso do Sul debateu o aumento de usuários de drogas em Três Lagoas e o que pode ser feito para tentar barrar o problema social que tem sido uma dor de cabeça para o três-lagoense. O encontro aconteceu no gabinete do Prefeito da cidade, Cassiano Maia (PSDB), nesta terça-feira (15).

O objetivo do encontro foi debater e alinhar ações conjuntas voltadas ao acolhimento e à proteção de pessoas em situação de rua no município. A reunião contou com a participação de representantes das Secretarias Municipais de Saúde (SMS), Assistência Social (SMAS) e Governo e Políticas Públicas (SEGOV), além da presença do Major Moreira, Capitão Flávio e Tenente Pedro, representando o 2ºBPMMS.

Autoridades realizam reunião e debatem aumento de moradores de rua em Três Lagoas
Sujeira deixada em plena via pública por morador de rua em Três Lagoas (Foto: Ricardo Ojeda)

ESTUDO

Um estudo divulgado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), aponta que o número de pessoas vivendo em situação de rua em todo território brasileiro aumentou cerca de 25% e em Três Lagoas não é diferente.

Durante a reunião, foram discutidas estratégias e linhas de ação a serem inseridas em um programa municipal que garanta dignidade e suporte contínuo à população em situação de vulnerabilidade. O foco está na ampliação das abordagens sociais e no fortalecimento da rede de proteção social.

Com o boom econômico que a cidade teve nos últimos anos, muitas pessoas de outros estados e até de outros países se mudaram para Três Lagoas em busca de melhores condições de vida, mas muitas delas acabam se perdendo no mundo das drogas e causando transtornos para os moradores.

Autoridades realizam reunião e debatem aumento de moradores de rua em Três Lagoas
Muitas pessoas em situação de rua estão acampadas na praça em frente da rodoviária de município (Foto: Ricardo Ojeda)

Vários casos que não aconteciam antes em Três Lagoas estão acontecendo com frequência ultimamente. A prefeitura da cidade está trabalhando como pode, mas é preciso o usuário querer deixar as ruas para conseguir ajuda. O chefe do Executivo não pode barrar o direito de ir e vir de uma pessoa.

DESTAQUE NACIONAL

Se acaso o prefeito usar a força, pode até ser investigado. Um exemplo é o que acontece no sul do país. Aos menos cinco cidades de Santa Catarina estão sendo investigadas por mandar moradores de rua para outros municípios. No grupo estão Balneário Camboriú, Criciúma, Chapecó, São José e Rio do Sul. O tema ganhou destaque nacional após as prefeituras realizarem a transferência forçada de andarilhos.

Na ocasião, o Supremo Tribunal Federal impôs multa por cada andarilho forçado a sair das ruas em Balneário Camboriú, por exemplo. No documento divulgado pelo STF, é explicitada uma sanção direta: multa de R$ 10 mil a ser aplicada a qualquer autoridade municipal que promova a remoção forçada de moradores de rua. Esse valor também se aplica ao município em caso de não cumprimento das medidas estabelecidas.

Sendo assim, a prefeitura de Três Lagoas acaba ficando de mãos atadas, já que não pode forçar andarilhos a deixarem a cidade. Sendo assim, reuniões são realizadas ampliando o acesso a políticas públicas voltadas as pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade no município.

O Perfil News já relatou vários casos envolvendo usuários de drogas. Recentemente, um homem trans foi encontrado morto no prédio da biblioteca municipal da cidade. O corpo foi encontrado por frequentadores do local, inclusive, um morador de rua. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a ser acionado, mas apenas constatou o óbito.

CASA INCENDIADA

Há pouco tempo, uma residência localizada na Rua Benedito da Mota, no Bairro Novo Aeroporto, tomada por usuários de drogas, foi incendiada. Um popular chegou ao local e para as chamas não se alastrarem para outras casas, tentou entrar em contato com o Corpo de Bombeiros, mas não foi possível.

De acordo com a testemunha, o contato do Corpo de Bombeiros não estava funcionando e ele, com o próprio carro, teve que ir pessoalmente até a base dos militares que foram ao incêndio e conseguiram controlar as chamas.

O fato é que Três Lagoas já não é mais uma cidade do interior. Com o passar dos anos, o município virou uma potência econômica e o maior exportador do Mato Grosso do Sul. Com o aumento da população, a demanda de atendimentos cresce e, para manter a ordem, é indispensável que a comunicação com as forças de segurança esteja em pleno funcionamento.

O bairro Novo Aeroporto fica próximo à rodoviária e tem grande quantidade de usuários de drogas, o que deixa os moradores preocupados e inseguros. O aumento de dependentes químicos atinge toda a cidade de Três Lagoas.

ATENTADO AO PUDOR

Recentemente, o Perfil News também teve um relato de uma mãe que levou a filha para brincar em um parque, localizado na Lagoa Maior, o maior cartão postal de Três Lagoas. Na ocasião, um morador de rua mostrou seu órgão genital para a mãe e a filha. A mulher precisou correr com a criança do local e ainda foi perseguida pelo criminoso.

A Lagoa Maior é o local que os turistas mais frequentam. Todas as pessoas que visitam Três Lagoas costumam fazer um registro no ponto turístico e nem lá, onde têm um grande fluxo de pessoas, mãe e filha não conseguiram se sentir seguras, imagina em lugares mais ermos.

A situação está se alastrando pela cidade, além dos bairros, a Lagoa Maior, agora, os moradores de rua também estão ‘tomando conta’ da segunda lagoa. No local tem uma excelente obra feita pelo ex-prefeito, Angelo Guerreiro (PSDB), mas dependentes químicos estão usando o espaço como ‘moradia’.  Além disso, casais de usuários já foram flagrados praticando sexo durante banhos na lagoa.

CASA DE ACOLHIMENTO

Três Lagoas tem um espaço denominado Centro POP, o qual é um abrigo para quem mora nas ruas. O problema é que, por serem dependentes químicos, a maioria das pessoas abordadas pelas equipes de Assistência Social recusa atendimento e prefere seguir perambulando pelas ruas. Para o prefeito Cassiano Maia, a reunião foi fundamental para compreender de forma mais ampla o fluxo de atendimento já existente e os desafios enfrentados.

“Agora cabe a nós alinhar estratégias e estruturar os dispositivos envolvidos nesse atendimento, com o objetivo de receber, tratar e reinserir essas pessoas na sociedade. Vamos fortalecer, com os setores envolvidos, as políticas públicas e o serviço prestado a essa população vulnerável”, afirmou.

Em uma enquete feita pelo Perfil News, a população está revoltada e pede providências. Uma moradora alega quase ter sido assaltada enquanto buscava o filho na rodoviária. Outra alega que logo a cidade vai ficar conhecida como ‘o município dos usuários de drogas’.

“Precisa ser tomada algum tipo de atitude sobre esses moradores de rua. Eles estão tomando conta da cidade, ali atrás da escola Edwards tem briga quase diariamente entre eles, em um determinado tempo eles ficam por ali por conta das refeições que recebem da casa da sopa, com isso causam atritos entre eles, sujeira e importunação com as crianças que precisam ir para escola. A cidade está um caos”, disse uma leitora.

“Muitos só passam pela rodoviária, imagina pra nois que trabalhamos lá na rodoviária e temos que enfrentar esses usuários todos os dias ameaçando a gente e xingando”, disse outro.

Uma nova reunião foi alinhada com os participantes e demais departamentos envolvidos na ampliação das políticas sociais, com o objetivo de dar continuidade às tratativas e garantir uma resposta efetiva e humanizada à demanda.

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