Mato Grosso do Sul enfrenta uma preocupante escalada da violência contra a mulher. Em apenas dez dias do mês de abril, quatro mulheres foram brutalmente esfaqueadas por ex-companheiros nas cidades de Campo Grande, São Gabriel do Oeste, Itaquiraí e Coxim.
De acordo com site Midiamax, desde o início do ano, o estado já contabiliza sete feminicídios, revelando a urgência de medidas mais eficazes de proteção às vítimas.
O primeiro caso do mês aconteceu em Campo Grande, no dia 5 de abril. Uma mulher de 40 anos foi atacada com seis facadas pelo ex-namorado — uma delas atingindo suas partes íntimas. A agressão ocorreu diante da neta da vítima, que ficou em estado de choque.
O agressor fugiu, mas foi preso e, posteriormente, liberado com tornozeleira eletrônica. Com medo, a vítima relatou ao portal Midiamax que temia ser morta, já que o ex ameaçou voltar. Após pedido do Ministério Público, ele foi novamente preso, desta vez encontrado na casa da mãe.
Nove dias depois, em São Gabriel do Oeste, uma professora foi esfaqueada também seis vezes, desta vez na frente do filho de apenas 9 anos. O ex-namorado, com diversas passagens pela polícia, continua foragido. A vítima teve o pulmão e o útero perfurados e foi transferida às pressas para a Santa Casa de Campo Grande devido à gravidade do estado de saúde.
No mesmo dia, em Itaquiraí, uma mulher de 34 anos foi surpreendida por seu ex-marido de 54 anos com golpes de facão. Ela esperava o ônibus por volta das 2h50 da madrugada para ir trabalhar, quando o agressor, escondido atrás de um muro, a atacou. A vítima sofreu cortes nos braços, mãos e pescoço.
Já na noite desta quarta-feira (16), uma jovem de 20 anos foi esfaqueada ao menos cinco vezes pelo ex-namorado em Coxim. Mesmo com medida protetiva em vigor, ela foi surpreendida dentro do banheiro da casa onde morava anteriormente com o agressor. Ferida na perna, joelho, braço, virilha e abdômen, conseguiu correr até um bar próximo para pedir socorro.
Feminicídios em 2024
De acordo com dados da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS), sete mulheres foram assassinadas em crimes de feminicídio no estado até o final de março. A média registrada era de uma mulher morta a cada sete dias até então. Desde o último caso, em 29 de março, o estado contabiliza 19 dias sem novos feminicídios.
Feminicídios registrados em MS até 29 de março:
- Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro
- Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro
- Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro
- Miriele dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro
- Emiliana Mendes (Juti) – 24 de fevereiro
- Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março
- Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) – 29 de março
Onde buscar ajuda
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira oferece atendimento 24 horas, todos os dias, na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá.
No local funcionam:
- Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM)
- Defensoria Pública
- Ministério Público
- Vara Judicial de Medidas Protetivas
- Apoio psicológico e social
- Alojamento emergencial
- Brinquedoteca para filhos das vítimas
- Patrulha Maria da Penha
- Guarda Municipal
Para emergências, também é possível ligar para o número 153.
A sequência de ataques evidencia a necessidade de respostas mais eficazes do sistema de justiça, além de políticas públicas voltadas à prevenção e acolhimento das vítima