Reincidência e brutalidade marcam mais um episódio envolvendo o líder indígena; Delegado disse ao Perfil News que agressor pode ser encaminhado para presídio em Três Lagoas
Por: Nathália Santos
Na noite de quarta-feira (23), por volta das 23h30, o cacique da Aldeia Ofaié, em Brasilândia, foi preso em flagrante por mais um episódio de violência contra sua ex-esposa — uma série de agressões que não é novidade para quem acompanha os registros anteriores do acusado. A reincidência do cacique em crimes de violência doméstica levanta preocupações não só sobre a segurança da vítima, mas também sobre a efetividade das medidas protetivas e da justiça em conter agressores.
AGARRADA PELO PESCOÇO
De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima caminhava pela Rua João de Lima, na região central da cidade, quando foi surpreendida pelo agressor. Ao perceber a aproximação do veículo que ele conduzia, ela tentou mudar de calçada. No entanto, ele desceu do carro, a agarrou com força pelo pescoço e, aos gritos de que iria matá-la, a jogou à força no banco traseiro do carro e trancou a porta.

O objetivo do agressor, segundo relato da vítima, era levá-la à força para a Aldeia Ofaié, onde reside. O desfecho poderia ter sido trágico, não fosse a atitude corajosa da mulher, que, ainda com o veículo em movimento, arrancou a chave da ignição, abriu a porta e saltou na rua, mesmo sob o risco de se machucar — o que de fato aconteceu. Ela caiu ao solo, sofreu escoriações e, ao ver o agressor se aproximando novamente, correu em direção ao quartel da Polícia Militar.
ELE DESISTIU DA PERSEGUIÇÃO E FUGIU EM SEGUIDA
A Polícia Militar foi acionada pelo COPOM e, após rápidas diligências, localizou o suspeito a pé, nas proximidades do local do crime. Ele foi preso sem camisa, trajando botinas e calça jeans. Levado à Delegacia de Polícia Civil, foi autuado por violência doméstica e permanece à disposição da Justiça.
O cacique já havia sido denunciado anteriormente por episódios semelhantes. A vítima passa bem, mas apresenta hematomas visíveis no pescoço, conforme comprovado por exame de corpo de delito. O veículo do agressor foi apreendido pela Polícia Civil, assim como R$ 1.669,00 em dinheiro, que estavam com ele no momento da prisão.
O delegado de Polícia em Brasilândia, Avelino Rafael Mantovani, disse ao Perfil News que, caso o juiz defera a prisão preventiva, o delegado representa contra o agressor diante da materialidade do caso. “Se o juiz deferir hoje, ele vai para presídio em Três Lagoas”, explicou.
Enquanto a Justiça analisa os próximos passos, a comunidade local e lideranças indígenas esperam que esse não seja apenas mais um caso arquivado. A impunidade, nesse caso, não é apenas um risco, é uma sentença para a próxima vítima