26/11/2005 10h00 – Atualizado em 26/11/2005 10h00
Hoje em Dia
Minas Gerais é o Estado campeão em casos de hantavirose no País. Dos 558 registros da doença confirmados no país pelo Ministério da Saúde, desde 1993, 114 aconteceram em território mineiro. A estatística reúne dados até junho deste ano, mas levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (SES) mostra que a moléstia já fez 127 vítimas em Minas (36 em 2005), até semana passada. Dessas, 52 morreram. A região mais afetada é o Triângulo, principalmente as cidades de Uberaba, com 16 ocorrências, e Uberlândia, com 15. A hantavirose é transmitida pela inalação de poeira misturada às fezes e urina secas de roedores silvestres. Se não for tratada a tempo, pode matar. O alerta a profissionais da saúde sobre como diagnosticar o mal será um dos temas do 14º Congresso Brasileiro de Infectologia, que acontece em Belo Horizonte, de hoje até quarta-feira, no Minascentro. A previsão é de que mais de 2 mil médicos participem do encontro. O primeiro caso de hantavirose foi diagnosticado nos Estados Unidos, em 1993. O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e responsável por essa edição do Congresso, Antônio Carlos de Castro Toledo, explica que a propagação da doença, na época, aconteceu devido às chuvas que atingiram uma região desértica dos EUA, fazendo aumentar a quantidade de alimentos que brotava do solo, e crescer, por conseqüência, o número de ratos. Com isso, foi inevitável o maior contato entre os roedores e o homem. Depois, a doença chegou ao Brasil, e, em 1998, a Minas Gerais. Mas, segundo o médico, ainda não existe uma explicação precisa para o fato de o maior número de casos do país estar dentro das fronteiras mineiras. No ranking de estados mais atingidos, vêm, em seguida, Paraná (105 casos), Santa Catarina (97) e São Paulo (77). “Uma das hipóteses é a de que loteamentos em regiões rurais e o desmatamento tenham relação com o surgimento de novos doentes”, argumenta Antônio Carlos. A hantavirose é uma síndrome pulmonar cardiovascular. O quadro evolui para pneumonia grave e a pessoa pode morrer. A vítima é contaminada ao aspirar poeira misturada a partículas de excrementos secos dos roedores silvestres. Isso pode acontecer, por exemplo, ao dormir em um paiol ou durante uma varrição na roça, feita em imóvel com as janelas fechadas. O coordenador de Zoonoses da SES, veterinário Francisco Lemos, diz que a incidência da doença é pequena – menos de um caso para 100 mil habitantes -, e que a taxa de letalidade (registros que terminaram em morte) caiu no Estado. No início, a letalidade era de 70% a 100%, mas, com a divulgação da doença, e o alerta junto aos médicos, caiu para 23,68% em 2004, Na média, a morte atinge 40,98% das vítimas mineiras. “Quando os profissionais conhecem a doença, o diagnóstico fica mais fácil e as chances de cura são maiores”, diz. A palestra sobre hantavirose será neste domingo, às 10 horas. O congresso vai abordar, ainda, temas como Aids e hepatite C.