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sexta-feira, 25 de abril de 2025

Papoula sem morfina dá origem a novos analgésicos

22/09/2004 16h26 – Atualizado em 22/09/2004 16h26

Reuters

Cientistas australianos descobriram como funciona o mecanismo de um tipo específico de papoula que impede a produção da morfina. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de drogas mais eficazes. A papoula é a fonte da codeína, da morfina e de outros analgésicos, além do ópio e da heroína. Mas a papoula mutante conhecida como top1 não produz nem morfina nem codeína.
Num trabalho publicado hoje na revista Nature, pesquisadores da Organização da Comunidade da Pesquisa Científica e Industrial (CSIRO) da Austrália descrevem como a planta produz precursores desses narcóticos, que foram transformados em novos analgésicos sintéticos.

“Já estamos usando esse conhecimento para produzir outras alterações programadas nas papoulas para servir melhor às necessidades farmacêuticas humanas”, disse Philip Larkin, da CSIRO. “A nova variação de papoula pode produzir, em grandes quantidades, a tebaína e a oripavina (em vez da morfina e da codeína). Esses dois alcalóides são pontos de partida importantes para a produção de uma nova geração de analgésicos poderosos”.

Os alcalóides são compostos orgânicos retirados de plantas que são usados como remédios. Os medicamentos produzidos com a planta incluem a buprenorfina e a oxicodona, que são mais seguros e mais bem tolerados que a morfina e a codeína. “A buprenorfina e outros derivados da tebaína e da oripavina como a naltrexona também estão se mostrando muito importantes no tratamento da dependência de opiáceos”, acrescentou Larkin.

A papoula que não produz morfina foi descoberta em 1995 na Tasmânia, Estado australiano onde é realizado 40% do cultivo legal de opiáceos do mundo. A primeira safra comercial desse tipo de papoula data de 1997, e hoje ela é responsável por cerca de 40% da cultura de papoula da Tasmânia.

Larkin e sua equipe estudaram a configuração genética da planta mutante e identificaram as diferenças em relação à papoula comum. Eles descobriram que a planta que sofreu mutação bloqueia o processo bioquímico que normalmente levaria à produção da morfina e da codeína, o que leva à acumulação de tebaína e oripavina.

“Esse é um bom exemplo de genética agrícola trabalhando em conjunto com o planejamento de drogas, no qual não apenas novos medicamentos chegam ao mercado, mas novas plantas são desenvolvidas para fazer a parte mais difícil da química”, disse Larkin. “Os farmacêuticos com base em plantas são muito importantes, e a revolução genética vai cada vez mais permitir que desenvolvamos plantas para produzir sustentavelmente e com eficiência remédios de nova geração”.

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