21/09/2004 14h44 – Atualizado em 21/09/2004 14h44
O Ministério Público Estadual (MPE) determinou nesta segunda-feira a abertura de inquérito para investigar os negócios da distribuidora de remédios Farmaconn em Minas. O Correio Braziliense e o Estado de Minas revelaram nas edições de domingo e de ontem que a Farmaconn — fornecedora da secretarias estadual e municipal de Saúde, prefeituras do interior e hospitais da capital — pertence indiretamente ao cabeça da Máfia dos Vampiros, Jaisler Jabour de Alvarenga. No período em que esteve preso — de 23 de maio ao dia 3 deste mês —, em caráter preventivo, Jaisler utilizou-se da Farmaconn para vender mais de R$ 4 milhões para órgãos públicos do estado.
A investigação será coordenada pelo promotor Carlos André Mariani Bittencourt, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público. O promotor não quis se pronunciar sobre o caso, mas a assessoria do MPE informou que todas as informações publicadas pelo Correio e pelo Estado de Minas serão apuradas.
Com o nome limpo na praça, a Farmaconn, sediada no bairro Cidade Nova, vem atuando de forma agressiva no mercado mineiro, principalmente na venda para órgãos públicos. O que não era sabido é que Jaisler é um dos sócios da Farmaconn. Ele entra na sociedade por intermédio de uma offshore (empresa sediada em paraíso fiscal).
De acordo com os registros da Junta Comercial, a Famarconn pertence, em partes iguais, a Larissa de Paula Savi e à empresa Southwestrade. A Southwestrade, por sua vez, é uma offshore sediada no Uruguai, e tem Jaisler como ‘‘procurador’’. Além da sociedade indireta na Farmaconn, Jaisler também costuma utilizar um cartão de visitas da empresa em que seu nome aparece no cargo de ‘‘diretor’’.
Na Operação Vampiro, da Polícia Federal, Jaisler foi apontado como principal articulador do esquema que, durante mais de dez anos, fraudou licitações do Ministério da Saúde, principalmente na compra de hemoderivados (remédios para hemofílicos). Segundo o Correio e o Estado de Minas noticiaram, com exclusividade, no dia 18 de abril, o prejuízo, somente na compra de hemoderivados, chega a R$ 2,31 bilhões.
Em maio, Jaisler teve a prisão preventiva decretada, juntamente com outros 16 acusados. Ele foi preso no dia 23 daquele mês, mas, por intermédio de um habeas corpus, ganhou a liberdade no último dia 3. Agora, Jaisler é réu em processos que incluem acusações como fraude, corrupção e lavagem de dinheiro.
Vendas
No período em que passou na cadeia, em Brasília, Jaisler vendeu, por intermédio da Farmaconn, R$ 4 milhões para a Secretaria de Estado da Saúde de Minas, sendo que R$ 133 mil foram contratados sem a realização de licitação. Na mesma época, a empresa vendeu R$ 69.960 para a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e R$ 5.520 para o Hospital Municipal Odilon Behrens.
Os órgãos públicos que negociaram com a Farmaconn informam que a empresa cumpriu todas as exigências, tendo apresentado inclusive certidão negativa, o que comprova que ela tem ficha limpa. Dizem também que a Farmaconn ofereceu o menor preço do mercado em todos os negócios ganhos por ela.
‘‘Os procedimentos envolvendo (…) a Farmaconn foram cercados de todos os cuidados necessários de forma a garantir lisura e transparência características do processo de concorrência’’, diz nota divulgada pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte.
Fonte:Correio Web