06/11/2013 17h28 – Atualizado em 06/11/2013 17h28
PRF diz que Ranulpho Marques Leal é uma tragédia anunciada, enquanto Dnit afirma que rodovia está no limite
Crescimento acelerado de Três Lagoas impulsionou tráfego pesado na BR 262, no trecho que passa pela área urbana da cidade trazendo preocupações para autoridades responsáveis pela fiscalização da via
Ricardo Ojeda e Nelson Roberto
O município de Três Lagoas tem sua história iniciada nos primórdios do século passado, com a chegada da ferrovia Noroeste do Brasil. Fundada em 1915, sua colonização iniciou-se na década de 1880 por Luís Correia Neves Filho, Antônio Trajano dos Santos e Protásio Garcia Leal. Seu nome origina-se das três lagoas que existem na região. De lá para cá a cidade foi crescendo historicamente.
Confira no link abaixo, o ante projeto desenvolvido pela Dnit de Três Lagoas do novo traçado do contorno rodoviário
Com o quarto maior PIB de MS (2, 821 bi em 2010), em dois anos conquistou a privilégio de ter o segundo PIB do Estado. O Município está situado em uma posição geográfica privilegiada, fazendo divisa com o estado de São Paulo, possuindo com modal hidro-rodo-ferroviário, com acesso às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país e a países da América do Sul.
CAPITAL MUNDIAL DA CELULOSE
Devido a isto, à disposição de energia, água, matéria-prima e mão-de-obra, a cidade no momento passa por uma fase de transição econômica e rápida industrialização, sendo conhecida como a capital mundial da celulose.
O município possui ainda, grande potencial turístico e tem recebido bilhões de dólares em investimentos e é esperado que até 2020 se torne definitivamente a segunda cidade, em termos econômicos e políticos, de Mato Grosso do Sul.
PROBLEMAS
Mas se por um lado, o desenvolvimento acelerado traz projeção positiva, por outro potencializa os problemas. Prova disso, é que a falta de planejamento no passado fez com que tanto a ferrovia, como as rodovias que cruzam o município passem pelo centro da cidade.
A então ferrovia Noroeste do Brasil, que trouxe tanto progresso para Três Lagoas hoje é um empecilho que causa até desvalorização imobiliária no além linha. Os trilhos estão cortando a cidade ao meio e moradores sentem-se incomodados. Atualmente a exploração da malha ferroviária pertence á ALL (América Latina Logística)
DUAS RODOVIAS
Da mesma forma as duas rodovias federais (BR 262 e BR 158) transformaram uma avenida urbana da cidade em rodovia que oferece riscos a todo o momento. A BR 262 vem de São Paulo e inicia em Três Lagoas na Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias (Jupiá), atravessa toda a cidade por meio da Avenida Ranulpho Marques Leal e depois segue para Campo Grande. Já a BR 158 vem do norte do Estado até a Avenida Ranulpho Marques Leal e se fundem duas rodovias (262 e 158) até a saída para Brasilândia.
Para a PRF – Polícia Rodoviária Federal o trecho das rodovias na Avenida Ranulpho Marques Leal é uma tragédia anunciada. O índice de acidentes é impressionante. De acordo com estatísticas da Pericia Técnica da Polícia Civil, somente de janeiro de 2010 a julho de 2012 foram realizados 37 laudos periciais com 36 vítimas fatais. O índice mostra ainda acidentes envolvendo motos 37,14% – veículos leves 37,14% e caminhões 12,86% – o maior número de acidentes registrados envolveu carro e moto e na maioria das vezes no período da tarde.
Veja mais detalhes no link do estudo elaborado pela equipe da Perícia Técnica da Polícia Civil de Três Lagoas
NOVO TRAÇADO
No passado, o então senador da República – Ramez Tebet para conseguir recursos, teve de ligar duas rodovias federais nas avenidas Filinto Muller desde o início e até o quartel do Corpo de Bombeiros e a Avenida Clodoaldo Garcia até a saída para Campo Grande. Os recursos foram para revitalizar por completo as duas avenidas que cruzam o centro da cidade.
Devido a tudo isso já foi projetado um novo traçado para as rodovias e a ferrovia que sairão do centro da cidade de Três Lagoas. A BR 262 já conta com a construção de uma ponte sobre o Rio Paraná (ao lado da ponte ferroviária) e segue próximo ao traçado novo da ferrovia, porém ainda mais distante da cidade. Já o novo traçado da BR 158 será por fora da cidade (região oeste) até a saída para Campo Grande se junta com a BR 262 por um pequeno trecho até a saída para Brasilândia.
PLANEJAMENTO
Três Lagoas começa a planejar melhor suas rodovias para que não interfiram nas avenidas da cidade que já estão recebendo um crescimento populacional, aumento sensível da frota de veículos e motos, ocasionando um alto índice de acidentes de transito urbano.
O supervisor regional do Dnit de Três Lagoas – Milton Rocha Marinho disse ao Perfil News que as rodovias BR 262 e BR 158 no perímetro urbano de Três Lagoas está com péssimo nível de serviço, ou seja, acima do limite suportado, principalmente devido a muitos cruzamentos, semáforos, cargas perigosas, cargas até explosivas e excepcionais. “Dentro da cidade não há mais condições físicas para uma rodovia, na Avenida Ranulpho Marques Leal”, disse Marinho.
ESTATÍSTICA
A avenida já ficou famosa nacionalmente como ponto crítico de grande fluxo, mais de 30 mil veículos/dia, segundo a empresa que instalou o semáforo e redutor de velocidade eletrônico.
Trafegam diariamente na travessia da Barragem que dá acesso ao Jupiá, 9.643 veículos. Já do trecho que inicia em frente à Mabel até o centro de Três Lagoas, trafegam em média 25 mil veículos por dia.
Marinho explicou que apóia a fala da PRF – Policia Rodoviária Federal de que há enormes riscos à população. “Estamos preocupados com a degola do serviço, já que o fluxo aumenta a cada dia”.
Veja na galeria abaixo o cotidiano da avenida Ranulpho Marques Leal e tirem a as conclusões
ESTUDO TÉCNICO
Marinho ainda explicou que realiza um estudo sobre a retirada das rodovias da cidade e instalar o Contorno Rodoviário, já preparou até um ante projeto que tramita no Governo Federal e neste momento está na ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. “O contorno rodoviário será uma solução técnica, mas ainda não temos previsão de sua implantação”, pontuou.
Para o DNIT a viabilidade técnica pode demorar até um ano e meio para o início das obras, pois depende da aprovação, confecção do projeto técnico, licitação e ordem de serviço. Após tudo isso a obra terá prazo de dois anos para conclusão.
IN LOCO
Para embasar a matéria, a reportagem do Perfil News, juntamente com o agente da PRF, Evanderlei Lúcio da Silva percorreram o trecho das rodovias BR 262 e 158, que corta Três Lagoas tendo como ponto de partida o Km 0, da BR 262, que inicia barragem da Usina Hidrelétrica Souza Dias “Jupiá”. Silva apontou os principais cruzamentos e trechos da via que leva o alto número de acidentes na região tanto na BR 262 (Avenida Ranulpho Marques Leal) quanto na BR 158.
PONTOS CRÍTICOS
Ele destacou que o ponto crítico da rodovia começa no KM 0, quando é iniciado na hidrelétrica Souza Dias “Jupiá” , a qual se estende até o Km13. Outro ponto crítico constatado pelo policial da PRF foi no cruzamento da Avenida Rosário Congro considerada uma via de alta periculosidade. Foi possível notar que o local também passa por problemas de engenharia de tráfego.
No cruzamento da BR 262 com a Rosário Congro, há uma distância de 80 metros da Ranulpho Marques Leal que por sua vez não dá visibilidade para o motorista que segue pela Rosário assim que entra na rodovia. Somente no mês passado, foram registrados sete acidentes com vítimas fatais nessas duas rodovias.
OCORRÊNCIA FATAL
O último acidente foi registrado em 23 de agosto quando um veículo Fusion seguia em alta velocidade pela Rosário Congro e colidiu com um Tempra que seguia pela Ranulpho Marques Leal, (BR 262). A colisão foi tão forte que os ocupantes do Tempra ficaram presos entre as ferragens e deixou como vítima fatal, a estudante Luana Graciela Martins Ferreira, de 29 anos.
COLISÕES TRANSVERSAIS
Além do cruzamento das duas vias ser considerado um ponto onde ocorre vários acidentes, na BR 262, motoristas que deveriam transitar pela direita em uma velocidade de até 80 km trafegam pela esquerda em velocidade reduzida. “A maioria dos acidentes acontecem nas colisões transversais, ou seja, entre as vias que cruzam com a Ranulpho Marques Leal”, destacou Silva. Outro problema encontrado na Ranulpho é que a via não possui faixa de domínio.
TRÂNSITO CONGESTIONADO
“A rodovia não atende a necessidade da cidade e da região”, enfatizou o PRF. Silva informou que diariamente a via é congestionada por conta dos caminhões que transportam cargas superdimensionadas, carretas que vêm de São Paulo carregadas com produtos químicos, madeiras, óleo diesel, combustíveis, entre outros materiais industriais e acabam deixando o trânsito lento na via. “Em média os motoristas levam 40 minutos para trafegar na via. O horário de pico é das 05h às 8h, 10h às 13h e 16h às 19h30”, ressaltou Evanderlei.
ACESSOS CLANDESTINOS
Com a chegada das indústrias, o fluxo do trânsito aumentou demasiadamente e mesmo assim, as autoridades não se preocuparam em dar uma atenção maior ao problema. Não houve fiscalização rigorosa e muitas vias de acesso à rodovia foram construídas clandestinamente.
Na região da UFMS foi instalado pelo Dnit, um redutor de velocidade com o intuito de diminuir o número de acidentes, porém, com o cruzamento mau projetado da via que cruza com a universidade ainda compromete o trânsito no local.
SOLUÇÃO TEMPORÁRIA
Para amenizar a situação, o DNIT já implantou redutores de velocidades, em frente à UFMS. Outra medida será a instalação de monitores de avanço de semáforo, nos dois semáforos localizados na BR 262.
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