30/12/2015 14h46 – Atualizado em 30/12/2015 14h46
O Governo Federal nos deixou ‘’a pé’’, diz Marcia Moura durante balanço de 2015
Por conta da queda na arrecadação e a falta de repasse de R$ 80 milhões do Governo Federal, o município foi obrigado a reduzir gastos, ‘enxugar’ folha de pagamento e manter apenas serviços prioritários. ‘’Comemorei um centenário que gostaria de ter feito muito mais’’, lamentou a prefeita
Ricardo Ojeda e Lucas Gustavo
Diante da crise econômica que o País atravessa, raros serão os municípios que vão virar o ano com as contas em dia. A retração econômica atingiu brutalmente as prefeituras, que não puderam contar com recursos das emendas parlamentares, bem como convênios com o Governo Federal.
Estava previsto para o ano de 2015 a chegada de R$ 80 milhões de verbas federais para Três Lagoas. Segundo a prefeita Marcia Moura, esse montante seria aplicado em drenagens, pavimentação, na saúde e na educação. Porém, de acordo a chefe do Executivo, não chegou nenhum centavo desse dinheiro.
Mas não foi apenas Três Lagoas que passou por essa situação. Vários municípios de Mato Grosso do Sul estão fechando o ano no vermelho. Para se ter noção, dos 79 municípios sul-mato-grossense, apenas Dourados e Três Lagoas conseguiram destacar-se administrativamente, sendo, inclusive, apontados por revistas de circulação nacional em posição de destaque no País, deixando para trás cidades como Campo Grande.
A partir de 2016, Três Lagoas será o único município da federação a ter o maior investimento privado na ordem de aproximadamente R$ 17 bilhões, aplicados na construção da segunda linha de produção de celulose da Fibria e da Eldorado Brasil, além de investimentos da International Paper e a ampliação da Cargill.
BALANÇO
Como acontece todo final de ano, a prefeita Marcia Moura recebeu a reportagem do Perfil News e fez balanço de sua administração em 2015. Na oportunidade, ela atribuiu a culpa da dificuldade financeira enfrentada pelo município, principalmente, ao Governo Federal. Segundo ela, para buscar equilíbrio orçamentário, foi preciso adequar as despesas públicas à nova realidade econômica.
‘’Iniciamos 2015 sabedores que seria um ano difícil, mas as dificuldades foram além do que prevíamos. As boas emendas e os bons acordos não vieram e fomos prejudicados. O Governo Federal nos deixou a pé. Fizemos reajustes severos, revisão de todos os contratos e, ainda, demitimos. Isso me doeu muito’’, lamentou a prefeita.
CONTAS EM DIA
Apesar do contratempo vivido, de acordo com Marcia, Três Lagoas encerra 2015 com as contas ‘no verde’. Isso significa que todos os funcionários e fornecedores estão com os pagamentos em dia. Além disso, a prefeitura já antecipou a quitação de alugueis que vencerão somente no mês que vem. ‘’Com essa transição anual, temos o receio que algum imprevisto aconteça e, para evitar atrasos, antecipamos os pagamentos’’, justificou ela sobre a medida adotada.
‘’Entraremos 2016 com saldo positivo, mas esse sacrifício nos custou muito. Foi preciso cortar gastos como projetos da Cultura, por exemplo. Sou professora e sei o quanto isso significa na formação da cidadania de um morador; sofri. Interrompemos o recapeamento que fazíamos ao longo dos anos porque nossas verbas não vieram. Comemorei um centenário que gostaria de ter feito muito mais’’, afirmou Marcia.
A prefeita garantiu que os primeiros meses do próximo ano, a ação da pasta de Obras da prefeitura estará voltada exclusivamente para recuperação e recapeamento das ruas da cidade.
APOIO POLÍTICO
Marcia destaca que a senadora Simone Tebet trabalha no intuito de alavancar melhores condições e maiores repasses dos governos ao município. Apesar disso, a prefeita lamenta que esse trâmite dependa, sobretudo, do aval de ministérios e do Planalto.
‘’A Simone luta por Três Lagoas; ela é daqui. É uma pessoa que conhece, inclusive, toda a parte burocrática de uma prefeitura, tem uma formação maravilhosa como advogada e uma vivência política estrondosa. Entretanto, é seu primeiro ano no Senado e ela precisa mostrar que não é apenas a filha de Ramez Tebet, e, sim, uma senadora de peso. Ano que vem ela terá uma grande força em questão de emendas, mas a decisão maior fica para os ministros e para a presidente; isso que nos atrapalha’’, explicou a prefeita.
‘’Nunca vivemos um momento de total descrença e falta de confiança política igual a esse. O Governo Federal está bagunçado e não possui credibilidade; eu não confio mais. Os municípios estão caminhando a sós e sobrevivem com o pouco que tem, infelizmente’’, acrescentou Marcia.
SAÚDE NA UTI
No tocante a saúde, setor que a administração é muito criticada, pela falta de medicamentos e pela demora no atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), Marcia disse que para suprir a falta de remédios e economizar recursos, a prefeitura participou de um pregão do Banco do Brasil, modalidade onde empresas de várias regiões do País oferecem seus produtos a preços competitivos. A medida trouxe economia para os cofres da prefeitura, entretanto a burocracia atrasou por meses a entregas dos medicamentos que está sendo feito agora.
Outra situação que afeta o setor é que Três Lagoas é referência para a região e, por isso, o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora e a Unidade de Pronto Atendimento recebem pacientes dos municípios vizinhos sem, no entanto, receber uma contrapartida suficiente dos governos federal e estadual para suprir o setor, disse Marcia Moura.
Segundo ela, a saúde só será estabilizada quando entrar em funcionamento o hospital Regional, que foi lançado pelo ex-governador André Puccinelli. As obras deveriam ser iniciadas no começo desse ano, mas a empreiteira CMT, que ganhou a licitação, desistiu, paralisando o empreendimento.
À ESPERA DE MAIS DE R$ 4 MILHÕES
De acordo com a prefeita, o Governo Federal dificulta a liberação de uma emenda parlamentar de cerca de R$ 4 milhões conquistada para Três Lagoas pelo senador Waldemir Moka. O valor, segundo ela, seria aplicado em obras de drenagem e asfalto para o bairro Jardim Dourado, mas, até o momento, não foi depositado em favor do município.
‘’O gabinete do Moka nos ligou e disse que a emenda está aprovada. Fui a Campo Grande, até a Caixa e o Ministério não mandou. O mais preocupante é que se não sair até o dia 31 deste mês, o benefício será bloqueado e não valerá mais para o ano que vem. É essa falta de credibilidade que o Governo Federal tem; estou descrente’’, disse.
Marcia explicou ainda que, há mais de três anos, a cidade aguarda o parlamento aprovar uma emenda, também solicitada pelo senador Moka, para a reforma do Ginásio Municipal de Esportes. Agora, ela teme que o valor seja pouco para investir nas necessidades do complexo, já que houve severas mudanças econômicas nesse intervalo.
‘’Quando ela (emenda) sair, a prefeitura precisará entrar com aditivo e o Tribunal de contas vai questionar. O que fazíamos há três anos com essa quantia, hoje não fazemos. O mercado e a mão de obra estão consumindo muito mais em relação ao período passado’’, revelou. ‘’Chegou o momento de um basta. O Governo Federal precisa de uma punição’’, desabafou.
LICITAÇÕES DESERTAS
Segundo Marcia, um dos fatores que também prejudicou grandes investimentos da administração em Três Lagoas foram os processos licitatórios ‘desertos’. O termo é utilizado quando certame é aberto, mas não aparecesse nenhuma empresa interessada em concorrer. ‘’Tivemos inúmeras’’, disparou a prefeita. Ela considera que a circunstância gera atrasos na execução dos projetos e, posteriormente, o município acaba prejudicado.
‘’Muitos não sabem os ‘tombos’ que levamos aqui dentro e o que acontece, de fato, para uma licitação
dar certo. Foram vários editais lançados que não apareceu ninguém; isso só retarda os investimentos. Somos avaliados pelo Tribunal de Contas, então o quadro precisa ser fechado e reaberto, o que pode levar até 90 dias’’, explicou.
Para exemplificar o episódio, Marcia cita a interrupção do recapeamento do contorno da Lagoa Maior, pela Avenida Aldair Rosa de Oliveira. ‘’Tivemos que brecar o projeto para o asfalto não ser prejudicado por conta da nascente da água que atravessa a via e colocarmos um dreno especial naquele trecho. Mas não houve empresa interessada em continuar o serviço, assim como aconteceu com a iluminação do cartão postal de Três Lagoas já era para estar pronta”, contou.
METAS PARA 2016
Para Marcia, entre as maiores realizações de sua administração prevista para 2016 está a entrega das 432 unidades habitacionais do residencial Orestinho. ‘’Somos a gestão que mais trouxe casas populares para Três Lagoas’’, considerou ela. Além desse benefício, a cidade também será contemplada com recapeamento e operação de tapa buracos.
‘’Eu, mais do que ninguém, gostaria de estar com uma cidade limpa e organizada, mas a situação pública é morosa. É muito fácil criticar e não apontar soluções. Os políticos estão legislando a favor deles. A prefeitura sempre esteve aberta para a população e queremos, sim, administrar com muitos olhos’’, concluiu a prefeita.
ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2016
Questionada pela reportagem do Perfil News sobre os preparativos do PMDB para as eleições municipais de 2016, em Três Lagoas, Marcia revelou que, entre o grupo, não existe, ainda, nenhum nome cotado para a disputa da prefeitura. ‘’Aguardamos a decisão do partido na esfera estadual. A partir daí, veremos qual rumo tomar’’, disse apenas.
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