06/04/2018 08h02
Willams Araújo
Surpresa
A prisão repentina expedida contra o ex-presidente Lula surpreendeu até mesmo seus adversários políticos. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-MS), se disse chocado com o anúncio da dura medida imposta pelo juiz Sérgio Moro. Isso porque havia algumas etapas para a defesa do líder petista cumprir, mesmo sabendo que o caminho era esse mesmo, mais cedo ou mais tarde. O que importante é que a Justiça brasileira dá sinais de que as coisas realmente mudaram, a ponto de levar bandidos de colarinho branco para a cadeia. Resta saber até quando a pena de mais de 12 anos de prisão será cumprida em regime fechado.
Caixa 3
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou o deputado federal Vander Loubet (PT-MS) junto ao STF pela prática de “caixa 3”, modalidade de doação eleitoral de campanha na qual a empresa doadora usa outras firmas para transferir os valores. Na denúncia, Dodge pede a condenação do parlamentar pelo mesmo crime que tipifica o chamado “caixa 2”, que consiste em omitir da prestação de contas eleitoral o nome do doador de campanha. A pena para o crime, segundo o Código Eleitoral, é de até cinco anos de prisão e multa.
Outro lado
Caberá agora à defesa do parlamentar apresentar uma resposta prévia à acusação dentro de 15 dias. Depois, a Segunda Turma do STF deverá decidir se aceita ou rejeita a denúncia; no primeiro caso, Vander se torna réu num processo penal, só ao final do qual poderá ser condenado ou absolvido. Em nota divulgada na quarta (4), Vander disse que os recursos recebidos por sua campanha “foram contabilizados como determina a legislação eleitoral” e que a prestação de contas foi aprovada pela Justiça Eleitoral. Ele disse, ainda, que as acusações “não procedem” e “são inverídicas”, e que nunca recebeu recursos não contabilizados.
Investigações
A investigação sobre o deputado foi aberta em março do ano passado a partir da delação premiada de executivos da Odebrecht. Em depoimentos, eles disseram que destinaram R$ 50 mil para a campanha de Vander em 2010 por meio das empresas Leyroz de Caxias Indústria e Logística e Praiamar Indústria e Comércio Distribuição. Na delação premiada, o ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar, disse que Braskem, pertencente ao grupo, tinha interesses em Mato Grosso do Sul em projetos petroquímicos na fronteira com a Bolívia. Por isso, prometeu ao petista R$ 50 mil, a serem pagos por meio do departamento de propina da empresa.
Peso pesado
A disputa pelas vagas do Senado em Mato Grosso do Sul deve ficar mesmo restrita a três ou quatro políticos de peso na campanha eleitoral deste ano, como os senadores Waldemir Moka (MDB-MS) e Pedro Chaves (PRB-MS), o ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PTB) e o secretário Marcelo Miglioli. Os demais nomes que surgir, segundo analistas, serão meros coadjuvantes no pleito. Avaliam que nesse embate majoritário não há espaço para aventura e nem para partido nanico.