Enquanto as empresas tomam precauções para evitar o contágio do coronavirus, as máquinas continuam operando para não faltar material para produção de máscaras, aventais e embalagens
Desde que a Organização Mundial de Saúde decretou estado de pandemia por coronavírus, o mundo não é mais o mesmo: rotinas foram mudadas para conter o avanço da contaminação e o principal mercado comprador de celulose no mundo, a China, se fechou.
Responsável por 90% da produção mundial de máscaras cirúrgicas, a China parou de exportar, utilizando toda a sua produção para uso interno.
Com isso, assim que o vírus espalhou pelo mundo, mercados regionais sentiram falta dos insumos. Agora, com a pandemia sob controle no território chinês, especialistas esperam que os orientais voltem a exportar máscaras para abastecer os Hospitais do mundo.
CADEIA DE SUPRIMENTOS
No entanto, quem está no meio da crise, agora, são os outros países – que continuam precisando das máscaras, aventais e demais EPIs.
Muito mais do que insumos hospitalares, produtos de base florestal também são essenciais para fins sanitários, como papel higiênico e lenços. São mais de 5 mil produtos, alguns deles fundamentais para toda a cadeia de supply chain (cadeia de suprimentos).
As embalagens de papel são um exemplo, uma vez que são utilizadas em itens essenciais como, por exemplo, alimentos, remédios e produtos de limpeza. Papéis imprimir e escrever são importantes para receituários, formulários etc.
E onde Três Lagoas entra nisso? Com três fábricas de celulose no município, a cidade é a Capital Mundial desse tipo de commodity. Principalmente agora, que a China voltará a exportar, é quando mais precisará da matéria-prima. Por isso as fábricas de Três Lagoas não podem parar.
E como prevenir a Covid dentro das fábricas?
Já que as fábricas precisam continuar produzindo celulose, as indústrias estão traçando planos para evitar o contágio entre seus colaboradores. A Suzano e a Eldorado aumentaram o número de ônibus circulando, para que se mantenha distância segura entre os passageiros.
As duas, também, colocaram em home office todos os funcionários que podiam trabalhar de maneira remota. Suspenderam viagens e serviços não essenciais.
A Eldorado, por exemplo, suspendeu temporariamente os trabalhos de plantio e as obras da Usina Onça Pintada, controla a temperatura de seus colaboradores na entrada da empresa, e, além disso, adquiriu lote da vacina H1N1, para imunizar seus funcionários.
A Suzano implantou um sistema de medição de temperatura por infravermelho. Quem mostra aumento na temperatura corporal é colocado de licença.
Além disso, não parar as fábricas ajuda Três Lagoas a sentir menos o impacto econômico da crise, já que aproximadamente 12 mil pessoas na cidade trabalham para essas duas empresas.
COMPREENSÃO E CONSIDERAÇÃO
A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) enviou uma carta, assinada por seu presidente executivo, Paulo Hartung, para cada um dos governadores de todo o País e todos os ministros do Governo Federal. No documento, a entidade expressa compreensão com as medidas adotadas para conter o avanço do Covid-19 e solicita que as autoridades levem em consideração a importância do setor para que, enquanto produz celulose e papel, a indústria continue ajudando o Brasil e o mundo a produzir insumos e a superar a crise.
(*) Gisele Berto