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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Ex-aluna da UEMS produzirá embalagens ecológicas com resíduos do cultivo de cogumelos

Thays Benites Camargo Pereira, formada pela UEMS de Aquidauana, teve o projeto “Produção de cogumelos comestíveis que geram embalagens ecológicas” aprovado no Programa Centelha MS

Uma embalagem de isopor leva cerca de 150 anos para se decompor na natureza. Então que tal utilizar materiais orgânicos para produzir esses tipos de embalagens, para que se degradem mais rapidamente na natureza? Essa foi a ideia da agrônoma Thays Benites Camargo Pereira, formada pela unidade de Aquidauana da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), que teve o projeto “Produção de cogumelos comestíveis que geram embalagens ecológicas” aprovado no Programa Centelha MS – que selecionou ideias inovadoras de startups e empresas iniciantes no MS.

Thays ressalta que a ideia é produzir cogumelos comestíveis para atender ao mercado sul-mato-grossense, principalmente Campo Grande, Dourados e Ponta Porã, e com os resíduos da produção gerar embalagens que podem substituir o isopor.

Ex-aluna da UEMS produzirá embalagens ecológicas com resíduos do cultivo de cogumelos
Foto ilustrativa

Ela se formou na UEMS em 2009, e depois fez mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, de 2010 a 2015, com uma parte do doutorado no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Atuando na área de fitopatologia, trabalha com fungos, bactérias, vírus e nematoides que causam doenças em plantas.

“Em São Paulo, conheci a produção de cogumelos comestíveis, mais especificamente o Shimeji. E visitando Campo Grande certa vez fui a um restaurante e pedi o cogumelo shimeji e não tinha. O garçom disse que a produção dependia exclusivamente de São Paulo e por conta de um problema lá, não estava abastacendo a cidade. Com isso veio a ideia da produção tanto de shiitake como de shimeji para a culinária japonesa,  também para atender grupos veganos e de pessoas que consomem alimentos mais saudáveis”, lembrou.

Ex-aluna da UEMS produzirá embalagens ecológicas com resíduos do cultivo de cogumelosCogumelo Shimeji – foto ilustrativa

Pesquisando sobre o processo de produção ela percebeu que o cogumelo poderia ser produzido em MS em ambiente com temperatura controlada, pois ele precisa de clima mais ameno para se desenvolver.  E que o substrato, ou seja, a mistura em que o cogumelo vai ser “plantado”, é composto por materiais vegetais, como capins misturados com farelo de milho, farelo de arroz, farelo de soja, farelo de aveia e pó de serra (maravalha), sendo todos este produtos produzidos no nosso estado. Descobriu que esse material orgânico, depois de cultivado o cogumelo, pode ser utilizado para diversos fins como a alimentação animal (gado, frango), compostos para hortas e também para a produção de embalagens sustentáveis em substituição ao isopor.

“As hifas dos fungos (cogumelos) são uma espécie de raízes que vão se alimentando do substrato, então o material vegetal se torna rígido. Com isso depois de colhido o cogumelo, o material é secado e pode se tornar uma embalagem. Esse material é resistente e também pode ser utilizado para transporte de bebidas e até de eletrodomésticos (isopor que vem embaixo de fogão, geladeira, televisão). Pode ser jogado no lixo ou até ser reutilizado, por exemplo, em hortas” explicou.

Ex-aluna da UEMS produzirá embalagens ecológicas com resíduos do cultivo de cogumelosThays Pereira é egressa do curso de Agronomia da UEMS em Aquidauana 

O processo de produção da embalagem leva em torno de 65 dias, pois o desenvolvimento do cogumelo pode levar até 60 dias. A pesquisadora irá testar qual tipo de cogumelo fornecerá uma maior resistência para o isopor e tentará adaptar a forma mais eficiente e rápida de produzir as embalagens.

O recurso do Centelha MS será investido em equipamentos e materiais de consumo para o processo. Atualmente Thays  Pereira trabalha neste projeto da produção de cogumelos, junto com Laboratório de Nematologia  Agrícola, que está sendo montado em Sidrolândia, para atender os agricultores de Mato Grosso do Sul.

Esse tipo de embalagem já é produzido nos Estados Unidos e na Europa; no Brasil a pesquisadora não tem conhecimento de comercialização.

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