Essa notícia fez gente que era muito calada falar até demais
(*) Por: Adriano A. Nogueira
Se pudermos dizer que a cidade tem voz, qual será a de Ribas do Rio Pardo? Voltamos no tempo, trazemos a cronologia de três eventos que foram importantes na vida dos Rio-pardenses, tentamos compreender e descrever a voz da população nessas datas.
Imaginem o cenário: o senhor José Coleto Garcia, proprietário da Fazenda Rio Pardo faz a doação do território para as construções do pátio ferroviário, da ferrovia e da estação de parada de trem.
A notícia se espalha rapidamente. Não tinha televisão, telefone, jornais e nem internet. Gente apareceu de todos os lados. Literalmente virou um canteiro de obras.
Em 12 de outubro de 1914 são inauguradas a linha férrea e a estação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB).
O vilarejo não suportou a vinda do progresso. Este grande acontecimento, impulsionou, forçou, agiu positivamente, e desta forma, dando início rumo à criação do município de Ribas do Rio Pardo.
Domingos Gonçalves Gomes, nascido em Portugal, vindo da cidade de Coxim, deu uma prévia de como as vozes foram longe, não tiveram limites. Ele disse, certa vez, que “revendo o grande progresso trazido pela estrada de Ferro Noroeste do Brasil, transferiu-se em 1917 para a então nascente Vila de Rio Pardo”. Aqui, com seu sogro Filadelfo Alves da Silva, os cunhados Domingos e Joaquim Alves Fontoura, fundaram a Casa Fontoura, que permaneceu por 30 anos.
Estávamos caminhando devagar, passo a passo, quando João Ponce de Arruda, (governador do Estado de 31 de janeiro de 1956 a 31 de janeiro de 1961) anunciou a construção de uma usina hidrelétrica na zona rural.
Essa notícia fez gente que era muito calada falar até demais. Seria uma possibilidade, uma chance para darmos um salto, e assim se fez.
A Usina Hidrelétrica Assis Chateaubriand, chamada de Usina do Mimoso (Salto do Mimoso) começou a ser construída na década de 60. Localizada na Rodovia MS 456, KM 40, distante aproximadamente há 45 quilômetros do centro, entrou em operação em 1971.
Considerada uma das obras mais importantes do Estado de Mato Grosso – MT, na época. Tornamos geradores de energia elétrica. Não iria usar mais o gerador de energia que ficava no Córrego da Mata e mandava energia para a cidade. Não iria precisar desligar mais o gerador às 22:00 horas como era feito. Uns diziam de boca cheia: luz para todos. Era só felicidade e animação do povo.
Durante o período de sua construção aconteceu uma movimentação extraordinária. Homens e máquinas iam e vinham. Houve uma significativa mudança no comportamento da cidade e, principalmente, na região rural, no entorno da barragem.
Devido sermos o terceiro maior município em extensão territorial, com centenas de fazendas, o gado, mais precisamente a pecuária, há algum tempo, era a principal e a mais importante atividade econômica.
A estátua do boi branco no trevo da entrada da cidade foi para tornar público que éramos a “Capital do Gado do Brasil”.
A imensidão de terras tinha, também, muitas plantações de pinus e eucaliptos. Os pinus, em sua maioria, abasteciam as serrarias. As florestas de eucaliptos chamaram a atenção de empresários mineiros nos anos de 1980.
O povo dizia: irão construir uma fábrica de ferro, vão fazer muito carvão, vai surgir muitos empregos, muitos mineiros irão vir para cá.
A empresa Transparaná, de Londrina – PR, a qual, já tinha plantado muitos hectares de eucaliptos, começou a tornar realidade a obra da usina siderúrgica em 1988. Eram pessoas para lá, outras para cá. Homens, mulheres, caminhões, máquinas, muito trabalho. Expectativa e nova perspectiva. “Agora Ribas cresce”, falou um cidadão.
Em 1990 foi concluída e, nesse mesmo ano, entrou em operação. Movimentou vários segmentos, vários setores, muita mão de obra, enfim, a economia melhorou muito e tivemos um bom crescimento.
Em 26 de março de 2003 torna-se Vetorial Siderurgia focando suas atividades no setor minero-siderúrgico, carvão vegetal e ferro gusa.
Em setembro de 2014 a Vetorial Siderurgia suspendeu suas atividades, entretanto, vivemos hoje, numa torcida pelo retorno, pela reabertura do funcionamento anunciada pela empresa que será em setembro de 2021.
O quarto evento está acontecendo agora. Suzano S/A, a maior produtora mundial de celulose, anunciou no dia 12 de maio de 2021, em solenidade virtual devido à pandemia da doença Covid-19, a construção, na margem da BR 262, da maior fábrica de celulose de linha única de eucalipto do mundo.
O projeto chamado de Cerrado terá um investimento de 14,7 bilhões de reais. Com previsão para entrar em operação no ano de 2024.
A estimativa é de gerar 10 mil empregos durante a construção da fábrica. Quando concluída e entrar em atividade, a fábrica de celulose, empregará, aproximadamente, 3 mil trabalhadores.
Ribas do Rio Pardo é notícia na Forbes, nos principais jornais impressos e televisivos do Estado, do Brasil e da imprensa internacional. Todos estão de olho em nós.
Sabe qual a voz da cidade hoje? Voz de otimismo, voz de motivação, voz aliviada, voz de esperança, de autoestima, de felicidade, de orgulho, de comemoração.
Os sons que ecoam, que predominam nas conversas, nos bate-papos, nas discussões, nos lares, nos locais de trabalho são palavras de gratidão, prosperidade, crescimento, desenvolvimento, progresso, emprego, geração de renda, trabalho, oportunidade, expectativa, perspectiva e tantos outros sentimentos.
Ribas do Rio Pardo vive um momento ímpar. Um longo caminho foi percorrido para que este projeto se concretizasse. O otimismo venceu o pessimismo.
Parabéns a todos e a todas que acreditaram, que trabalharam, desempenharam, que participaram, direta e indiretamente, para esta realização. Que continuemos nesta crescente.
Suzano, prazer, somos a Ribas do Rio Pardo!
Seja bem-vinda!
Por Adriano A. Nogueira em 13 de maio de 2021