Projeto da Eldorado Brasil produz energia limpa a partir de resíduos das florestas, como cascas, tocos e galhos; usina tem capacidade para abastecer uma cidade de 700 mil habitantes
O município de Três Lagoas há mais de uma década vem se destacando economicamente na produção de celulose, inclusive ostentando o título de Capital Nacional da Celulose. Além disso, a cidade é também um importante polo de geração de energia elétrica, por meio das usinas hidrelétrica de Jupiá e Termelétrica da Petrobras.
Em abril deste ano, uma outra fonte geradora de energia construída no município incorporou-se ao sistema da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica): a Usina Onça Pintada, construída pela fábrica de celulose Eldorado Brasil.
Recém-inaugurada, a usina geradora de energia limpa é um inovador projeto energético brasileiro levou 18 meses para ser construído, com investimentos próprios, na ordem de R$ 400 milhões. Desde o dia 23 de abril a UTE Onça Pintada iniciou a operação comercial, fornecendo 50 Megawatts/hora (ou 432 mil Megawatts por ano) de energia ao sistema elétrico nacional, por meio do chamado “linhão”.
Essa produção de energia é capaz de abastecer uma cidade de 700 mil habitantes. O insumo básico utilizada para gerar toda essa força energética é oriundo das florestas próprias da Eldorado, cujos “restos” ficavam esquecidos nos hortos florestais – cascas, toco e raízes que até então serviam apenas para fertilizar e enriquecer o solo de plantio de eucalipto, ou eram conduzidos para rebrotar. Hoje toda essa cadeia de material orgânico é convertida em energia elétrica limpa e renovável.
Este processo de uso do excedente do eucalipto destinado à produção de celulose completa o ciclo de 100% do aproveitamento da madeira, além da biomassa de eucalipto ser uma fonte renovável e sustentável para a produção de energia elétrica.
GALERIA DE IMAGENS
Até a matéria prima chegar pátio da usina, todo o processo de transformação da biomassa é feito no campo, como mostra a sequência de fotos na galeria abaixo:
Escavadeira hidráulica remove 240 tocos e raízes por hora e depois disso o material é triturado em maquinário de alta potência, importado da Áustria. O pré-triturador é operado mãos femininas, a Zeneide Leite.
Após reduzir a umidade, o material é embarcado para uma pré-trituração e em seguida vem a fase da trituração e peneiragem, com transbordo direto aos bitrens da Eldorado Brasil, rumo à UTE Onça Pintada.
COMO FUNCIONA
Os resíduos dos eucaliptos são triturados no local onde são colhidos; depois disso, são transportados até a usina, onde são queimados na caldeira, gerando energia suficiente para atender uma cidade de 700 mil habitantes.
Convidado pelo Leônidas Albuquerque, gerente de comunicação externa da Eldorado Brasil, a reportagem do Perfil News foi recepcionada (foto) nas instalações da Onça Pintada. Logo na chegada o visitante é surpreendido com a complexidade do empreendimento. As instalações ocupam uma área 35.000 m2, na mesma área da fábrica de celulose. As cores e a pintura do felino que representa a força na fauna pantaneira causam uma impressão que impacta positivamente.
EQUIPE ONÇA PINTADA
A equipe da Onça Pintada é formada de 200 colaboradores, porém na usina ficam apenas 20 técnicos, que se revezam em turnos, enquanto restante possui atividades concentradas nos hortos.
O funcionamento da UTE é acompanhado por uma central (veja vídeo) que fica anexa à sala de controle da Eldorado Brasil, onde os técnicos não desgrudam os olhos dos monitores.
A usina reúne tecnologia de ponta de três países: Japão, Alemanha e Finlândia. “É uma das mais modernas em operação no mundo”, afirma o gerente de biomassa, Antônio José de Souza.
Além de equipe em campo, a logística para transportar a matéria-prima (resíduos) conta com 60 cavalos-motor Volvo FH 540, além de 29 carretas bitrens que são utilizados no carregamento do material do campo à usina. Ao chegar na UTE as carretas estacionam em rampas chamada de tombadores. O sistema de recebimento da biomassa é composto por duas plataformas hidráulicas de descarga de caminhões, onde descarregam o cavaco pronto para a queima na caldeira.
ENERGIA VERDE
Durante a visita da reportagem ao interior da usina, o Gerente de Biomassa e Utilidades, Sinésio Soalheiro, contou que tudo faz parte de um processo minucioso. “Tudo tem que estar funcionando muito bem para que o processo dê certo. Se a caldeira não vai bem, a turbina não funciona. E assim sucessivamente”, explica sobre o processo de produção.
A equipe do Perfil News foi recebido pelo, Leônidas Albuquerque, gerente de comunicação externa. Antônio José de Souza, gerente de Biomassa, Sinésio Soalheiro, gerente de Biomassa e Utilidades Industrial e Marcelo Martins, gerente geral industrial
De acordo com o posicionamento na direção da Eldorado, a Onça Pintada faz parte da estratégia da empresa investir em processos de inovação que estejam dentro da sua cadeia de valores e que tragam retornos financeiros importantes, além de estarem alinhados com as tendências de sustentabilidade ambiental.
Chegar a essa realidade só foi possível devido aos maciços investimentos em tecnologia em todos os processos, desde a extração do toco, com máquinas apropriadas, produção da biomassa, transporte e a geração de energia.