Após mais de 11 dias de suspensão das exportações por causa dos casos atípicos de vaca louca, o país retoma as exportações de carne bovina de forma gradual
As exportações de carne bovina seguem hoje completando cerca de 16 dias em que ocorreu a suspensão das atividades após a confirmação de dois casos atípicos de vaca louca no país. As notícias e negociações parecem seguir firmes e já são vistos resultados.
Até o momento apenas a Arábia Saudita levantou todas as restrições que haviam sido impostas anteriormente, lembrando que os Emirados Árabes, que compraram 29,056 mil toneladas (+13,5%) no período de janeiro a agosto deste ano.
China continua a não dar nenhum indicativo oficial de que quando irá suspender as restrições. Cabe a ressalva de que a China passa por um calendário conturbado neste momento, com feriados nesta e na próxima semana. O não posicionamento do governo chinês até o fim desta semana pode trazer consequências desastrosas aos embarques de outubro/21.
Independente de a Arábia Saudita ter liberado a entrada de carne bovina brasileira e a Rússia ter aumentado as suas restrições quanto aos animais abatidos, suas participações nas exportações do Brasil são limitadas, mas representam um potencial exportador. O que interessa para o mercado é a China voltando.
E essa situação parece estar a caminho de ser resolvida, se já não o foi na sexta para alguns grupos exportadores, após a defensiva gerada pelos casos de vaca louca atípica, sem risco de contágio. Houve uma pequena reação do boi, mesmo em dia normalmente de baixa liquidez, o que significa um ganho de demanda por parte dos frigoríficos.
Os abates estão voltando. Nesta segunda (20) o cenário ficará mais claro, a depender da manutenção dos preços médios que voltaram a girar na faixa de R$ 300 a R$ 310/@, em São Paulo, ou mesmo se algum player do mercado fizer algum anúncio. Também a Secex deve divulgar os dados de envios semanal ao exterior.
Caso se confirme, poderá não representar uma mudança muito significativa, porque com a paralisação das vendas externas a maioria bois contratados ficou nas fazendas, mas já haverá uma oxigenação do mercado pelas plantas que não estavam com lotes completos.
A CHINA É SOBERANA AQUI E O BRASIL É SOBERANO LÁ
Os últimos dias tem demonstrado muita volatilidade sobre o mercado do boi gordo brasileiro diante da indefinição do governo chinês sobre a liberação dos embarques de carne bovina para o país. Ao que tudo indica o governo brasileiro já prestou todos os esclarecimentos e a “bola” está com o governo chinês. Como ainda não houve nenhum pronunciamento oficial, o boi gordo na B3 mergulha em um “mar” de volatilidade.
Desta forma, o site Compre Rural elaborou este relatório para entender qual o real poder de escolha que os chineses têm, caso decidam não comprar mais proteína bovina do Brasil. Atualmente, cerca de 38% da carne bovina que chega na China sai do Brasil, ou seja, das 1,32 milhão de toneladas de proteína bovina que os chineses compraram em até jul/21, 503,13 mil saíram do Brasil.
Abdicar do Brasil, seria para os chineses renunciar do seu maior fornecedor de proteína bovina. Com as medidas do governo argentino (restrições das exportações), não há nenhum país que atenda, com um preço médio em linha com o atual, a demanda chinesa.
(*) Compre Rural