No segundo dia de visitas, a comitiva da Aliança foi recebida pelo presidente do Conselho Superior da ACIM, José Carlos Valêncio
Por Rogerio Potinatti
Entre os dias 23 e 24 de fevereiro de 2022, integrantes da Aliança de Entidades de Três Lagoas (MS) que reúne ACITL, AJE, ABRASEL, APETL, AICL e SRTL, visitaram Maringá, no Paraná, onde foram recepcionados na Associação Comercial e Industrial (ACIM). A superintendente do Sebrae de Três Lagoas, Josi Signore, também participou da comitiva.
No primeiro dia os visitantes foram recebidos pelo consultor do Sebrae Silvio de Barros, um dos ex-prefeitos de Maringá. Em pouco mais de três horas de reunião, Barros parabenizou os presentes pela formação da Aliança e citou os avanços conquistados em Maringá desde a formação do CODEM – Conselho de Desenvolvimento Econômico. “O CODEM é a organização responsável por planejar a cidade para o futuro, mostrando quais direções devem ser seguidas, com vantagens competitivas sobre as demais cidades nacionais e até internacionais. Esperamos que saiam daqui inspirados à planejarem algo semelhante para a cidade que representam” disse.
O consultor citou a importante contribuição do CODEM junto a outros mecanismos de governança colaborativa já implantados em outros municípios do País. “O nosso Conselho foi aprovado por lei. Uma conquista e tanto aos maringaenses desde sua formação, em 1996”, comemorou.
Sobre a Aliança de Entidades de Três Lagoas, ele sugeriu a eleição de um presidente para representá-la perante a sociedade e às autoridades civis e políticas. Sugeriu, também, a formação de uma comissão executiva com cargos definidos, com o compromisso de reuniões semanais ou quinzenais. Explicou que as prioridades de trabalho iniciais devem ser democráticas e viáveis, sempre levando em consideração o melhor para a cidade. Outro ponto bastante destacado foi sobre a importância de os integrantes não serem filiados em partidos políticos.
No segundo dia de visitas, a comitiva da Aliança foi recebida pelo presidente do Conselho Superior da ACIM, José Carlos Valêncio. Em um tour pela instituição, ele apresentou todas as entidades abarcadas por ela, como a Associação dos Profissionais de Propaganda (APP), Coordenadoria das Associações Comerciais e Industriais do Norte e Noroeste do Paraná (CACINOR), Conselho de Desenvolvimento Econômico (CODEM), Conselho de Segurança (CONSEG), Instituto Acim, Instituto Mercosul, Instituto PROE, Seguradora NSSEG, Observatório Social de Maringá, Software by Maringá e Instituto Cultural Ingá.
Valêncio explicou que o CODEM assessora 54 núcleos setoriais e reforçou que o principal desejo de cada um dos voluntários ligados a estes núcleos é que a sociedade civil organizada tenha a oportunidade de acompanhar cada processo junto ao Poder Público.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas, Fernando Jurado, já conhecia a ACIM e o CODEM por visitas anteriores, mas fez questão que os demais integrantes da Aliança de Entidades tivessem a mesma oportunidade. “Vir à Maringa é conviver com o que há de melhor sobre associativismo no Brasil. Tenho certeza que estarmos aqui deverá refletir muito positivamente em relação ao que aspiramos para Três Lagoas”, disse.
Representando a Associação Integra Costa Leste (AICL), o presidente Joaquim Barbosa disse que a visita à Maringá serviu para proporcionar networking aos integrantes da Aliança de Entidades. “Aprendemos muita coisa que podemos colocar em prática em nossa cidade, principalmente sobre a criação do nosso Conselho de Desenvolvimento, que poderá auxiliar a prefeitura em relação à tomada de decisões para o bem comum”, avaliou.
O presidente da ABRASEL Costa Leste de Mato Grosso do Sul, Marcos Júnior, considerou que o benchmarking serviu de inspiração. “O trabalho feito pela sociedade organizada de Maringá começou há vinte anos e é um grande exemplo. Nós podemos começar algo semelhante hoje, pelo grande potencial que temos em Três Lagoas. O associativismo é o futuro, por isso é tão importante que todos participem buscando se filiarem às instituições que os representam”, concluiu.
Presidente da Associação dos Jovens Empreendedores (AJE), Laerte Augusti considerou a visita acima de suas expectativas. “O que vimos aqui está muito além do que eu poderia imaginar. Maringá é um exemplo a ser seguido pelos municípios brasileiros e nós vamos começar um processo similar em Três Lagoas, seguindo estes exemplos”, disse.
O representante do Sindicato Rural de Três Lagoas (SRTL), Kennides Martins, considerou as recepções na ACIM e na Sociedade Rural de Maringá (SRM), fundamentais para pensar em futuras parcerias. Ele visitou a SRM acompanhado pelo diretor do SRTL, Bruno Ribeiro. “Foram dias de grande aprendizado. A maioria dos projetos tem mais de 20 anos e nós queremos implantar iniciativas similares, tanto na Aliança quanto no Sindicato Rural, com a vantagem de termos sido bastante acolhidos nestas instituições comprovadamente eficientes”, pontuou.
Programas da ACIM
Aos integrantes da Aliança de Entidades de Três Lagoas, representantes de diversos programas implantados na ACIM, apresentaram individualmente a atuação e as principais conquistas alcançadas até o momento.
Programa Empreender
Conforme explicou a coordenadora de negócios Luana Borges, o Programa começou há 22 anos e foi inspirado de um modelo similar implantado na Alemanha. Desde então, inúmeras empresas e setores puderam se organizar, fazer novos negócios e desenvolver gestão por meio de ações conjuntas.
Ela explicou que as reuniões são quinzenais ou mensais, todas acompanhadas por um consultor em gestão que é responsável pelo planejamento do grupo, além de mediar diálogos e ações que os empresários desejem realizar.
Atualmente o Programa Empreender de Maringá conta com mais de 60 núcleos setoriais e multissetoriais e quase 900 empresas nucleadas. “Juntas elas desenvolvem inúmeros projetos que beneficiam as empresas participantes e muitas vezes o seu setor de atuação e a sociedade como um todo, com ações de capacitação, negociações coletivas, geração de negócios, ações de representatividade e projetos sociais”, completou a coordenadora.
Programa Inovus
Apresentado pela gerente operacional Jacqueline Fenili, o programa Inovus é um hub de inovação e fomento aos empreendedores, com foco nos microempreendedores individuais (MEIs) e microempresários. Desde sua fundação, em 2020, já desenvolveu mais de 30 ações como mentorias, cafés inovadores, lives e demais iniciativas.
Resumidamente, o Inovus ajuda empresas associadas – sejam elas grandes ou pequenas – a desenvolverem novos produtos, serviços ou processos. Elas contam com a orientação de consultores e com o Design Sprint, uma metodologia que permite testar uma ideia ou projeto em poucos dias.
Escola de Negócios (ENA)
Com cursos a partir de R$ 99, nas modalidades presencial, online e EAD, a Escola de Negócios da ACIM oferece atualmente 16 oportunidades aos interessados. Conforme a supervisora do ENA, Raquel Matsunaga, o principal objetivo é formar líderes e profissionais inovadores.
Ela garante que os temas são adequados ao mercado de trabalho, com metodologia dinâmica e eficiente, para que sejam cumpridos de forma rápida. Além disso, reforça que é possível acompanhar em tempo real os gaps de competência para crescer e adquirir melhores resultados.
Seguradora NSSEG
Formada em 2009 por um grupo de corretores de seguros, a NSSEG possui nove sócios que há anos atuam nas mais diversas áreas do segmento e levam suas experiências com produtos como seguros de vida, patrimonial e empresarial. “Nossa empresa tem o propósito de ser referência junto aos consumidores quando da sua opção de compra de um produto ou serviço no âmbito da proteção financeira por meio de uma apólice de seguro”, explicou o gestor da NSSEG, Mark Treichel.
A ACIM mantém diversos grupos setoriais como de Consultoria Ambiental, Advocacia, Profissionais de Coaching, Automotivo, Segurança Eletrônica, Segurança do Trabalho, Segurança Alimentar, E-Commerce, Incorporadoras, Economia Criativa, Psicologia, Fotógrafos e Energia Solar, entre outros, na carteira da NSSEG.
Instituto Cultural Ingá
Formado há 10 anos, o Instituto Cultural Ingá também funciona na sede da ACIM, como uma agência de fomento e incentivo à cultura e à criatividade. “Nossa maior missão é consolidar, tanto com o patrocínio via Renúncia Fiscal quanto por meio de patrocínio direto, a Economia da Cultura na região. Fazemos isso criando elos entre ideias criativas e empresas que acreditam na Cultura como ferramenta de desenvolvimento social, proporcionando capacitações técnicas para o mercado cultural regional, profissionalizando ideias e viabilizando projetos junto aos potenciais patrocinadores”, explicou Alan Gaitarosso, consultor sênior do Instituto.
Ele explicou que, desde o início de atuação do Instituto Cultural, mais de R$ 12 milhões já foram captados e mais de 20 projetos, viabilizados. “Foram ações transformadoras que proporcionaram um olhar mais humano e mais crítico à sociedade”, resumiu.
ACIM Convênios
Paula Faria, coordenadora comercial da ACIM, explicou sobre o programa de benefícios exclusivos aos associados, que oferece descontos e vantagens em instituições de saúde, educação, soluções empresariais e outros. Os valores podem chegar a 25%.
Programa Empregar
Apresentado pela coordenadora de Recursos Humanos da ACIM, Amanda Sampaio, o Programa Empregar é um meio de recrutamento e seleção de candidatos, conectando oportunidades à talentos aderentes de forma eficiente.
Para isso, diversas ações são realizadas, como divulgação das vagas, indicação de currículos, capacitação profissional e outras. Em média, segundo Amanda, são atendidas de 3 a 4 empresas por mês.
CODEM – Conselho de Desenvolvimento Econômico
Começou em 1993 após diversas reuniões na ACIM de grandes lideranças empresariais da cidade, preocupadas com a perda do dinamismo econômico local. Elas decidiram convidar representantes de entidades públicas e privadas para discutirem a qualidade de vida dos moradores, sem deixar o desenvolvimento econômico de lado.
O movimento denominado Repensando Maringá, durou de 1994 a 1996 após reunir mais de cem lideranças empresariais, membros de associações, sindicatos, igrejas, clubes de serviço, instituições de ensino superior, integrantes do chamado Sistema S e do poder público. Durante estas reuniões foram desenvolvidas oito diretrizes, que só seriam atingidas em 2020, denominado Projeto Maringá 2020.
Em 1996, o grupo entregou à Câmara Municipal de Maringá um projeto de lei que foi aprovado, efetivando a criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (CODEM) por meio da Lei Municipal 4.275/96.
Em 1997, o CODEM teve início de fato, com a primeira reunião plenária e os primeiros trabalhos, propondo ações de longo prazo para tornar Maringá uma cidade mais próspera, resiliente, inovadora e atrativa para novos negócios.
Integrado por lideranças voluntárias e representantes do poder público, o CODEM é guiado por visões de futuro e diretrizes de longo prazo e atua por meio de fóruns temáticos de desenvolvimento denominados Câmaras Técnicas. Elas reúnem dezenas de lideranças que, juntas, debatem ações a serem tomadas para o cumprimento das visões de futuro e das diretrizes de longo prazo, para o respectivo setor a ser desenvolvido.
Para se ter uma ideia destes projetos, um deles oferece capacitação no formato EAD de Educação Financeira gratuita aos professores do ensino Fundamental e Médio. Nele, o ingressante recebe formação e compreensão dos principais programas federais para Educação Financeira, o contexto da BNCC e orientações de como aplicar os conteúdos e materiais de educação financeira em sala de aula.
Já o Projeto Maringá 2030 mantém o histórico de diretrizes do Maringá 2020, sintetizando a visão de futuro em 4 grandes áreas de desenvolvimento, com 9 subtemas, totalizando 69 missões e 115 objetivos para melhorar áreas como economia, meio ambiente, cidadania e melhoria dos espaços públicos em geral.
Por fim, o CODEM desenvolve um Masterplan: o Projeto Maringá 2047, que tem o objetivo de alcançar níveis de desenvolvimento econômico ainda mais pujantes, preparando a cidade para o primeiro centenário.
As primeiras etapas começaram em 2012, quando o CODEM reuniu lideranças locais, agentes públicos e representantes de empresas de consultorias do Brasil. Em seguida, contataram membros de escritórios internacionais de planejamento de cidades, recebendo visitas técnicas, orientações e propostas de quatro escritórios de planejamento socioeconômicos e quatro propostas de escritórios de planejamento urbanísticos.
Em 2015, os primeiros estudos técnicos do Masterplan tiveram início após a contratação de um estudo socioeconômico, desenvolvido pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC). Em 2017, fundamentada em estudo técnico, workshops e princípios do documento Maringá 2030, a PwC concluiu sua consultoria entregando um documento com a visão de futuro para 2047.
Nele, consta a identificação dos setores-chave de desenvolvimento e a inclusão de indicadores de acompanhamento, por meio de eixos estratégicos de desenvolvimento. Entre estes setores destacam-se: Saúde; Educação; Desenvolvimento de Sistemas e Outros Serviços de Comunicação; Intermediação Financeira e Seguros.
Os indicadores e metas para desenvolver a cidade até 2047 estão classificados nos seguintes eixos estratégicos: Econômico; Intelectual; Social; Meio Ambiente e Qualidade de Vida; Acessibilidade e Infraestrutura; Institucional; Imagem e Identidade. Para cada eixo foram identificados indicadores para o melhor acompanhamento do desenvolvimento da cidade ao longo do tempo. Cada indicador recebeu uma meta a ser atingida ao longo do tempo, para que as diretrizes do Masterplan sejam cumpridas.
Esta é a visão para Maringá 2047: “Tornar-se a melhor metrópole do interior do Brasil, com elevada qualidade de vida, sendo referência nacional em atividades econômicas de alto valor agregado, com potencial de internacionalização, e com nível de integração da sociedade civil organizada com a gestão pública comparável ao das melhores cidades do mundo”.
(*) Texto e fotos: Rogerio Potinatti
