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Três Lagoas
quarta-feira, 27 de novembro de 2024

População sente no bolso o crescimento de Ribas; custo de vida dispara na cidade

De olho nas vagas de emprego das indústrias, trabalhadores que chagam à cidade nem sempre conseguem se manter com o valor que ganham

A grande procura das casas de aluguéis faz aumentar o valor dos imóveis para locação e compra em cidades de Mato Grosso do Sul. As indústrias que serão instaladas em alguns municípios Estado já estão atraindo trabalhadores com um sonho de melhores condições de vida.

Só pensando em dias melhores, os trabalhadores chegam nas cidades, sem fazer uma pesquisa sobre o município que vão residir. Com valores abusivos nas moradias, alimentação e higiene, as pessoas acabam enfrentando problemas, pois muitas vezes o valor que ganham não consegue suprir as suas necessidades.

EXEMPLO

Três Lagoas é um exemplo de desenvolvimento nos últimos 20 anos. Com a instalação de grandes indústrias na cidade, trabalhadores de todo o Brasil e até de outros países chegaram no município, mas devido à grande procura, o valor dos aluguéis acabou aumentando e muitos trabalhadores tiveram uma desagradável surpresa.

O mesmo já está acontecendo nas cidades de Inocência e em Ribas do Rio Pardo. Cada um terá uma indústria de celulose nos próximos anos. Em Inocência o processo de implantação ainda está na fase inicial, porém em Riba, a fábrica já está sendo construída e a quantidade de vagas de emprego é atraente.

População sente no bolso o crescimento de Ribas; custo de vida dispara na cidade
Ribas do Rio Pardo, cidade com pouco menos de 25 mil moradores passa por uma grande transformação impulsionado pela construção do Projeto Cerrado, investimento de mais de R$ 19 bilhões da Suzano Celulose (Divulgação/Suzano)

NA CONTRAMÃO DA CRISE

Por conta disso a economia de Ribas do Rio Pardo, está a todo o vapor com a construção da primeira fábrica de celulose da cidade. Na contramão de praticamente todos os lugares do planeta que sofrem com a crise da ‘pós-pandemia’, o município parece só prosperar quando o assunto é crescimento econômico.

Não foi só o comércio ou a rede hoteleira que deu um ‘boom’ após o anúncio da instalação da fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo. Os imóveis e terrenos também tiveram uma enorme valorização nos últimos meses, atraindo a atenção de investidores de várias regiões do país, como também de trabalhadores.

PREÇOS DISPARAM

Porém quem chega à cidade leva um susto com os valores praticados no comércio, assim como os aluguéis de imóveis.  Um lote que custava R$30 mil está sendo vendido por R$80 mil, sendo toda essa valorização em apenas alguns meses. A construção civil e o valor dos aluguéis tiveram um grande aumento nos preços, a mão de obra também é cara e mesmo assim a procura está grande.

Além das vagas nas fábricas, o trabalhador também fica entusiasmado com as outras oportunidades que o desenvolvimento traz para uma cidade, mas nem sempre é um ‘mar de rosas’.

Um depoimento de um desses trabalhadores é a prova viva que pesquisar os valores antes de mudar de vida é fundamental. Ele conta que foi para Ribas em busca de trabalho, mas não conseguiu arcar com as despesas.

COMENTÁRIOS NA REDES SOCIAIS

“Fiquei uma semana em Ribas, me senti extorquido, abusado e fui embora pra a minha cidade. A ideia era morar, trabalhar e prosperar, mas a realidade do município não permite isso. O valor dos aluguéis é coisa de outro mundo, caro para comer e para se manter, já peguei 6 reais num sabonete. Vi pessoas mal-educadas, exploradoras e gananciosas, mas também vi gente boa. Ou você fica em alojamento ou pelo menos tenha um salário acima de 3, ou 4 mil. Se não tiver é melhor esquecer, é ilusão. Lamentável”, disse o rapaz em uma rede social.

MAIS COMENTÁRIOS

A publicação gerou vários comentários a respeito. “Infelizmente estamos sofrendo com o preço do progresso, moro aqui há mais de 40 anos, e entendo perfeitamente a reclamação de vocês, tivemos várias famílias que já moravam aqui e perderam os seus lares devido ao aumento abusivo dos aluguéis. Para quem tem para onde ir parabéns, e para nós que dormimos numa cidade pequena e acordamos com essa roubalheira no preço do básico, nós não temos para onde ir, temos que nos manter aqui da melhor maneira possível pelos próximos anos até essa onda passar. Mas a população em si não é mal-educada, somos pessoas de cidade pequena, sempre fomos acolhedores, mas infelizmente a classe do capitalismo está nos transformando em pessoas rudes, e esse mesmo capitalismo está nos arrancando cada centavo ainda existente. A cidade está horrível mesmo, merece uma melhora drástica, mas pelo andar da carruagem não vamos sair dessa sujeira, buraqueira, e desses abusos comerciais. Só resta para nós munícipes mais antigos rezar para essa fase passar logo”, disse uma internauta.

BATE E VOLTA

“O próprio morador de Rio Pardo fica indignado com esta situação. Tive sorte de conhecer pessoas maravilhosas e famílias abençoadas, porém, não consegui achar casa com aluguel compatível com que ganho. Estou indo e voltando de Campo Grande. Estou ficando cansada”, lamentou outra internauta em um comentário.

SECOVI – MS

Em 2021, a procura por imóveis residenciais aumentou 36%, segundo o Secovi-MS (Sindicato da Habitação). Isso ocorreu porque muitas famílias preferiram alugar a investir em casas ou apartamentos. Fazer uma dívida para pagar em décadas era um mau negócio num cenário de pandemia, em que o emprego estava ameaçado.

Com isso, muita gente investiu na construção de imóveis para aluguel, o que ajudou a atender a demanda e os preços ficaram estáveis. O setor da construção cresceu 9,7% em 2021, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Daqui em diante, deve ser diferente com relação a preços, na avaliação do presidente do Secovi-MS. Os valores podem subir nos próximos anos, fazendo com que o investimento em imóveis para aluguel se torne ainda mais vantajoso.

A falta e o encarecimento de materiais é o que deve motivar uma desaceleração na construção e, consequentemente, valorizar os imóveis já existentes, porque a demanda vai continuar a mesma.

Foto capa: Divulgação/Suzano

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