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Três Lagoas
terça-feira, 26 de novembro de 2024

UFN3, uma das obras mais esperadas de Três Lagoas será retomada, diz Secretário da Semadesc

O secretário defende que a pauta seja tratada como assunto de segurança nacional; presidente Lula (PT), determinou que a Petrobras retome a produção do insumo

O Secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, confirmou nesta quarta-feira (18), que a construção da fábrica de fertilizantes, UFN3 de Três Lagoas será retomada.

Segundo o chefe da pasta, o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou que o Governo Federal vai retomar a construção de três fábricas de fertilizantes no Brasil, entre elas a UFN3 em Três Lagoas. Verruck defendeu que a produção de fertilizantes seja tratada como assunto de segurança nacional e disse que o presidente Lula (PT), determinou que a Petrobras retome a produção do insumo. 

PAUTA PRIORITÁRIA

“A notícia é extremamente importante para o Mato Grosso do Sul. Recentemente eu participei durante a transição do Governo Lula de uma apresentação sobre o projeto da fábrica que está paralisado desde 2015 no Estado. A retomada da obra da UFN3 é uma pauta prioritária do Governo Eduardo Riedel- PSDB- e nos anima saber que será levada adiante pelo atual Governo Federal. Isso dá segurança ao agronegócio e garantia de empregos em três Lagoas”, publicou o secretário em uma rede social.

A equipe de reportagem do Perfil News tentou entrar em contato com o Secretário para saber qual a data prevista para concluir o projeto e o que será feito com as vítimas do calote milionário da empresa em 2014, mas até o fechamento desta matéria as ligações não foram atendidas.

CONCLUSÃO DA UFN3 PODE CUSTAR MAIS DE R$ 1,4 BILHÃO 

A UFN3, unidade industrial de fertilizantes nitrogenados, localizada na cidade de Três Lagoas é uma das obras mais aguardadas da cidade. A construção teve início em 2011, mas foi interrompida em dezembro de 2014, com aproximadamente 80% de conclusão.

O Perfil News, conversou com a equipe técnica da unidade que integrava um consórcio composto por Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e a Petrobras. 

UFN3, uma das obras mais esperadas de Três Lagoas será retomada, diz Secretário da Semadesc
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Conforme a equipe técnica, quando foi lançada, o contrato inicial era de R$ 3.199 bilhões, porém houve aditivos chegando a R$ 4.250 bilhões. Se for realizar um balanço de quando a obra foi parada (em 2014), o valor para o término do empreendimento seria de aproximadamente R$ 1.450 bilhão. 

Os responsáveis pela Galvão foram envolvidos em denúncias de corrupção durante a Operação Lava Jato, e com isso as obras foram paralisadas. A Petrobras absorveu todo o empreendimento desde então.

CRONOGRAMA

De acordo com funcionários que trabalharam na unidade, se for levado em consideração o ano de 2014, se acaso vendida, o tempo para conclusão da obra é de 24 meses, mas lembrando que deverá ser acrescido o tempo para remontagem de equipamentos anteriormente montados e removidos.

Ainda segundo a equipe técnica, pelo fato da obra estar quase toda concluída, equipamentos que vieram até de outros países já estavam na unidade. Os técnicos informaram o Perfil News sobre quais seriam os componentes mais caros que precisaram ser ‘abandonados’ com a paralisação da obra.

CONFIRA ABAIXO A LISTA E OS VALORES DE ALGUNS EQUIPAMENTOS QUE ESTAVAM NA UNIDADE QUANDO A UFN3 FOI PARALISADA: 

EQUIPAMENTOS ESTRANGEIROS  DA UREIA – 85.000.000,00 US$ X  R$ 5,25 – R$ 447.000.000,00

CO2 Compressor, HP Ammonia Pump, HP Carbamate Pump, 1st Stage Evaporator Separator, Atomization Air Blower, Cooler Scrubber, Granulator Dust Scrubber, Granulator Ammonia Scrubber e Granulator Scrubber Exhaust Fan.

UFN3, uma das obras mais esperadas de Três Lagoas será retomada, diz Secretário da Semadesc
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EQUIPAMENTOS ESTRANGEIROS DA AMONIA  – 97.500.000,00 US$ X  R$ 5,25 – R$ 512.000.000,00 

Synthesis Gas Compressor, HP BFW Pump, Ammonia Refrigerant Compressor, Semi‐Lean Solution Pump e CO2 Absorber.

EQUIPAMENTOS ESTRANGEIROS OSBL DA AMONIA – 174.500.000,00 US$ X  R$ 5,25 – R$ 272.000.000,00 

Ammonia Storage Tank FA, Ammonia Storage Tank FB, Ammonia Storage Refrigeration Package, Air Compressor Package, Raw Water Filter Package, Packaged Boiler, Portal Scraper Reclaimer, Belt Conveyor, HRSG For Power Generation GTG, Steam Turbin Power Generation, Power Generation GTG, CO2 Export Compressor, Ammonia Sphere FA e Ammonia Sphere FB.

PROCESSO DE VENDA

O processo de venda da indústria teve início em 2018, com a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada na Região Metropolitana de Curitiba (PR). A comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio.

Em meados de 2019, a gigante russa de fertilizantes, Acron, havia fechado acordo para a compra da empresa. O principal motivo para que o contrato não fosse firmado na época foi a crise boliviana que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales.

Já em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou uma nova oportunidade de venda da UFN3. Dessa vez, a estatal ofereceu ao mercado a unidade de forma individual. As tratativas só foram retomadas no início deste ano.

Após concluída, a unidade terá capacidade projetada de produção de ureia e amônia de 3.600 toneladas/dia e 2.200 toneladas/dia, respectivamente. Logo, o empreendimento passou a ser estratégico para ajudar a suprir a demanda por fertilizantes no País e principalmente para trazer desenvolvimento para Mato Grosso do Sul.  

Ainda segundo a equipe técnica, o tempo para executar um levantamento do trabalho das atuais condições do empreendimento é de aproximadamente cinco meses, não considerando possíveis reprojetos por remoções que tenham sido executadas.

UFN3 VAI LEVAR AINDA MAIS DESENVOLVIMENTO PARA TRÊS LAGOAS, MAS DEIXOU CALOTE MILIONÁRIO 

Três Lagoas é uma das potências econômicas de Mato Grosso do Sul. A cidade mudou ‘de cara’ nas últimas décadas com a instalação das indústrias no município. As empresas movimentaram a economia local, atraindo pessoas de todo Brasil e até de outros países a buscarem melhores condições de vida na cidade.

Com a UFN3 não será diferente. A unidade vai ser mais um empreendimento que potencializará a economia de Três Lagoas, mas um fato que aconteceu fez com que os comerciantes locais ficassem com ‘um pé atrás’ em fazer negócios com a Petrobrás, responsável pela UFN3.

Em 2014, quando a obra foi paralisada, a unidade deixou de cumprir seus compromissos com trabalhadores e comerciantes locais. Na época, funcionários e empresários chegaram a realizarem protestos, bloqueando até estradas do município. Donos de hotéis, restaurantes, fornecedores e outros estabelecimentos locais acusaram o consórcio contratado pela Petrobras para construir a fábrica de fertilizantes local de darem um calote de aproximadamente R$ 100 milhões. 

Alguns comerciantes ficaram ‘quebrados’ e ainda seguem sem receberem da Petrobrás, o que pode dificultar as negociações com o próximo grupo que assumir a unidade.

Para os antigos funcionários da UFN3 uma possibilidade de negociação com o comércio local seria o adiantamento do pagamento.

“Realmente o consórcio UFN-3 trouxe diversas necessidades para o município de Três Lagoas. Inicialmente deverá ser previsto quais as necessidades em termos de hospedagem, veículos, locações, alimentação, lavanderia, eu consideraria a possibilidades de adiantamento de pagamento de dois meses antecipados, a fim de estimular a negociação e os fornecedores terem o interesse em efetuar o negócio”, disse a antiga equipe técnica da UFN-3.

 NEGOCIAÇÕES DE VENDA DA UFN3 

No final de agosto do ano passado, a Petrobras emitiu um comunicado informando que está em curso a fase de venda integral da Unidade de Fertilizantes. Desde maio de 2022 existe uma pressão para a venda da fábrica de fertilizantes.

Segundo a Petrobras, os potenciais compradores habilitados para essa fase receberam instruções detalhadas sobre o processo de desinvestimento, incluindo orientações para a realização de diligência prévia e para o envio das propostas vinculantes.

“Essa operação está alinhada à estratégia de otimização do portfólio e à melhora de alocação do capital da companhia, visando à maximização de valor e maior retorno à sociedade”, informou a estatal.

 RELEMBRE 

Em maio do ano passado, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), se reuniu com a diretoria da Petrobras para tratar sobre a venda da UFN3.

A unidade estava em processo de venda para o grupo russo Acron, mas, no dia 28 de abril, a Petrobras anunciou em comunicado ao mercado que a transação não foi concluída.

Anteriormente, o plano do grupo era “rebaixar” a unidade a uma misturadora e não manter o projeto original de produzir fertilizantes.

À época, o comunicado enviado ao mercado pela estatal justificou que, “tendo em vista que o plano de negócios proposto pelo potencial comprador, em substituição ao projeto original, impossibilitou determinadas aprovações governamentais que eram necessárias para a continuidade da transação”.

Na época, Jaime Verruck, explicou que precisaria ser reaberto o processo de venda e que havia pelo menos dois grupos que demonstraram interesse no negócio. No entanto, para a realização da negociação, era preciso o anúncio no mercado.

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