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Três Lagoas
terça-feira, 26 de novembro de 2024

Obra da maior fábrica de fertilizantes, a UFN3 tem sinalização positiva de Lula

Desde 2014 com as obras paradas, o empreendimento de produção de fertilizantes nitrogenados pode ter o término visto ao horizonte

Apesar de ainda não ter uma data definida, o Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT), já sinalizou retomar uma das obras mais aguardadas de Mato Grosso do Sul, a UFN3, unidade industrial de fertilizantes nitrogenados, localizada na cidade de Três Lagoas.

Desde 2014 com as obras paradas, o empreendimento pode ter o término visto ao horizonte. A Petrobras (PETR3, PETR4) informou na noite do último dia 24, que foi aprovado o encerramento do processo competitivo, que estava na fase vinculante, para venda integral da UFN-III, considerada a maior fábrica de fertilizantes da América Latina.

DESINVESTIMENTO DO ATIVO

A construção teve início em 2011, mas foi interrompida em dezembro de 2014, com aproximadamente 80% de conclusão. A Petrobras avaliará seus próximos passos relacionados ao desinvestimento do ativo em questão, em alinhamento ao Plano Estratégico 2023-2027 vigente. Primeiro, é importante destacar que o governo já se posicionou quanto ao término.

Obra da maior fábrica de fertilizantes, a UFN3 tem sinalização positiva de Lula
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“O Brasil é grande demais para renunciar a seu potencial produtivo. Não faz sentido importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites. Temos capacidade técnica, capital e mercado em grau suficiente para retomar a industrialização e a oferta de serviços em nível competitivo”, a afirmação é do presidente Lula.

Recentemente, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou em entrevista que a unidade não seria mais vendida e que a Petrobras assumiria a finalização das obras para início da produção de fertilizantes.

ASSUNTO DE SEGURANÇA NACIONAL

O Secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, confirmou no último dia 18 de janeiro, que a construção da fábrica de fertilizantes, UFN3 de Três Lagoas será retomada.

Segundo o chefe da pasta, o Ministro da Agricultura, confirmou que o Governo Federal vai retomar a construção de três fábricas de fertilizantes no Brasil, entre elas a UFN3 em Três Lagoas. Verruck defendeu que a produção de fertilizantes seja tratada como assunto de segurança nacional e disse que o presidente Lula (PT), determinou que a Petrobras retome a produção do insumo.

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PAUTA PRIORITÁRIA

“A notícia é extremamente importante para o Mato Grosso do Sul. Recentemente eu participei durante a transição do Governo Lula de uma apresentação sobre o projeto da fábrica que está paralisado desde 2015 no Estado. A retomada da obra da UFN3 é uma pauta prioritária do Governo Eduardo Riedel- PSDB- e nos anima saber que será levada adiante pelo atual Governo Federal. Isso dá segurança ao agronegócio e garantia de empregos em Três Lagoas”, publicou o secretário em uma rede social.

DECISÃO ACERTADA

Após a Petrobras decidir suspender a venda da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), segundo o Compre Rural, a atual ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que foi uma decisão “absolutamente acertada”. Ela se envolveu diretamente nas negociações para impedir que o grupo russo comprasse a unidade.

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“Fui eu quem fiz a denúncia de que a licitação havia previsto apenas que a empresa que vencesse o certame pudesse utilizar a fábrica como mera misturadora, o que significa que ela não precisaria produzir fertilizantes, não geraria os empregos diretos e indiretos que são tão necessários para a cidade e para o nosso Estado”, afirmou.

TRATATIVAS DO GOVERNO DE MS

O governo estadual tem feito tratativas acentuadas junto ao governo Lula para a finalização das obras da UFN3. A pauta está presente, ao mínimo, em agendas de dois diferentes ministérios, o do Planejamento e o da Agricultura.

“O governador Eduardo Riedel já conversou com o ministro Fávaro, que tem o Plano Nacional de Fertilizantes, ele confirmou essa continuidade. Nós já colocamos na pauta da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que conhece profundamente esse processo da UFN3, isso já foi encaminhado. Nós esperamos o apoio de todos esses ministros para que possa ter a conclusão da UFN3 em Mato Grosso do Sul“, comentou Verruck.

PROCESSO DE VENDA

O processo de venda da indústria teve início em 2018, com a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada na Região Metropolitana de Curitiba (PR). A comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio.

Em meados de 2019, a gigante russa de fertilizantes, Acron, havia fechado acordo para a compra da empresa. O principal motivo para que o contrato não fosse firmado na época foi a crise boliviana que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales.

Já em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou uma nova oportunidade de venda da UFN3. Dessa vez, a estatal ofereceu ao mercado a unidade de forma individual. As tratativas só foram retomadas no início deste ano.

Após concluída, a unidade terá capacidade projetada de produção de ureia e amônia de 3.600 toneladas/dia e 2.200 toneladas/dia, respectivamente. Logo, o empreendimento passou a ser estratégico para ajudar a suprir a demanda por fertilizantes no País e principalmente para trazer desenvolvimento para Mato Grosso do Sul.

VALOR BILIONÁRIO

Há alguns meses, o Perfil News, conversou com a equipe técnica da unidade que integrava um consórcio. Conforme os ex-funcionários, quando foi lançada, o contrato inicial era de R$ 3.199 bilhões, porém houve aditivos chegando a R$ 4.250 bilhões. Se for realizar um balanço de quando a obra foi parada (em 2014), o valor para o término do empreendimento seria de aproximadamente R$ 1.450 bilhão.

Os responsáveis pela Galvão foram envolvidos em denúncias de corrupção durante a Operação Lava Jato, e com isso as obras foram paralisadas. A Petrobras absorveu todo o empreendimento desde então.

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De acordo com funcionários que trabalharam na unidade, se for levado em consideração o ano de 2014, o tempo para conclusão da obra é de 24 meses, mas lembrando que deverá ser acrescido o tempo para remontagem de equipamentos anteriormente montados e removidos.

Ainda segundo a equipe técnica, pelo fato da obra estar quase toda concluída, equipamentos que vieram até de outros países já estavam na unidade. Os funcionários informaram o Perfil News sobre quais seriam os componentes mais caros que precisaram ser ‘abandonados’ com a paralisação da obra.

CALOTE DE MAIS DE R$ 100 MILHÕES

Três Lagoas é uma das potências econômicas de Mato Grosso do Sul. A cidade mudou ‘de cara’ nas últimas décadas com a instalação das indústrias no município. As empresas movimentaram a economia local, atraindo pessoas de todo Brasil e até de outros países a buscarem melhores condições de vida na cidade.

Com a UFN3 não será diferente. A unidade vai ser mais um empreendimento que potencializará a economia de Três Lagoas, mas um fato que aconteceu há alguns anos fez com que os comerciantes locais ficassem com ‘um pé atrás’ na hora de fazer negócios.

O consórcio UFN 3, até então formado pela empresa Sinopec e Galvão Engenharia, responsável pela construção da fábrica de fertilizantes nitrogenados da Petrobrás, deram um calote milionário nos comerciantes. Alguns seguem sem receber, o que pode dificultar as negociações com o próximo grupo que assumir a unidade.

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Em 2014, quando a obra foi paralisada, a unidade deixou de cumprir seus compromissos com trabalhadores e comerciantes locais. Na época, funcionários e empresários chegaram a realizarem protestos, bloqueando até estradas do município. Donos de hotéis, restaurantes, fornecedores e outros estabelecimentos locais acusaram o consórcio contratado pela Petrobras para construir a fábrica de fertilizantes local de darem um calote de mais de R$ 100 milhões.

ESPERANÇA

A retomada da obra deixou os comerciantes locais na esperança de um acordo. Pessoas investiram pesado com a expectativa de crescer com o desenvolvimento da cidade, mas após o calote, vários empresários ficaram com as ‘mãos atadas’.

Segundo denúncias que chegaram ao Perfil News, alguns comerciantes precisaram realizar empréstimos para arcar com as despesas que o consórcio deixou. Desde 2014, unidos, os empresários ainda esperam para receberem o que são deles por direito.

Um comerciante que preferiu não se identificar, contou que tinha um empreendimento com vários alojamentos para abrigar os funcionários do consórcio. Ele tinha um contrato de R$ 140 mil por mês. O grupo pagou até o sétimo mês, mas depois a dívida do comerciante virou uma bola de neve.

Obra da maior fábrica de fertilizantes, a UFN3 tem sinalização positiva de Lula

Eu tinha uma despesa mensal de R$ 90 mil. Com o fechamento, a minha dívida continuou, mas dinheiro do contrato não entrava. Não tinha como deixar as pessoas ali hospedadas morando na rua. Até hoje ainda não consegui receber e na época, precisei fazer empréstimos para arcar com as dívidas que eles me deixaram”, lamentou.

O advogado Humberto Garcia também foi uma das vítimas. Ele tinha centenas de alojamentos que estavam disponibilizados para o consórcio, mas acabou tomando um calote milionário. Para deixar os comerciantes atualizados, foi criado um grupo em uma rede social com todos os empresários atingidos pelo ‘golpe’.

“Temos um grupo com 85 comerciantes. Com a retomada da obra a gente tem a esperança de que alguém venha tentar fazer um acordo conosco. Acreditamos que será bom para a economia local, mas nós só estamos reivindicando os nossos direitos. É muito injusto trabalhar, oferecer um serviço e não receber por ele”, explicou.

SEM AS CHAVES

Um outro empresário que preferiu manter a identidade revelada explica que também fornecia imóveis de aluguel para o consórcio. Ele é proprietário inclusive do prédio onde funcionava a sede da unidade. Quando as portas fecharam, nem as chaves do local foram devolvidas.

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“Levei um prejuízo milionário. Não devolveram nem as chaves do imóvel, além de destruírem o prédio. Ficamos na esperança que a gente consiga realizar um acordo com a retomada da construção. Até o momento ninguém nos procurou, mas a gente ainda mantém a esperança”.

PORTAS FECHADAS APÓS CALOTE

Segundo testemunhas, com a esperança de conseguir crescer financeiramente. Pessoas fizeram empréstimos para conseguirem ter um sonho de terem o próprio comércio. Após o calote, muitos empresários não tiveram outra opção e precisaram fechar as portas.

“Vi empresários que tinham cinquenta funcionários e que acabaram quebrando após ficarem ser receber. Muitas pessoas que tinha comércios foram buscar outras alternativas para sobreviver. É muito triste, pois a gente só quer ser pago pelo trabalho realizado. Prestamos um serviço e queremos ser pagos por ele”, destacou.

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