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Três Lagoas
sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Antes de ser a “capital da Celulose”, trilhos da NOB trouxe progresso para Três Lagoas

Por Jefter Guerra

Antes de comemorar 108 anos de existência, que ocorrerá na próxima sexta-feira, 15, a cidade de Três Lagoas, teve em seu início de formação uma história de progresso com a chegada de uma Estação Ferroviária, que foi inaugurada 1912 e fechada em 1996, até se tornar o que é hoje, a “capital da celulose”.

Atualmente a prédio onde funcionava a Estação foi reformado e serve para outras finalidades, os trilhos que cortavam a cidade ao meio foram removidos. Só ficou o prédio da estação de passageiros, além de outras instalações associadas ao funcionamento da ferrovia.

Antes de ser a “capital da Celulose”, trilhos da NOB trouxe progresso para Três Lagoas

Pátio da estação ferroviária de Três Lagoas em 1950 (Acervo Lazinho)

Segundo os historiadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Núcleo de Documentação Histórica e Grupo de Educação Tutorial (PET-História) de Três Lagoas, na época, a ferrovia gerou novos empregos, proporcionou um novo período de crescimento para a cidade, inclusive com a chegada de muitos imigrantes.

A Ferrovia Noroeste do Brasil foi especialmente importante para a história de Três Lagoas. A construção e ativação da Estação Ferroviária de Três Lagoas marcou profundamente os primeiros anos da recém-criada cidade.

Antes de ser a “capital da Celulose”, trilhos da NOB trouxe progresso para Três Lagoas

O município, que era habitado por famílias que viviam da pecuária e da agricultura, vivenciou um crescimento exponencial na população. No início do século XX, Três Lagoas passou por dois períodos de crescimento: um com a chegada dos construtores da NOB, outra com o alto fluxo de pessoas graças à presença da estação ferroviária.

Os historiadores contam que a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil surgiu como possibilidade lucrativa de ligar o Porto de Santos, no Oceano Atlântico, ao Oceano Pacífico, passando pelo centro do estado de São Paulo, sul de Mato Grosso, Bolívia e Chile.

De acordo com o historiador Rodrigo Fernandes, os empreendimentos ferroviários tinham 1.600 quilômetros de extensão implantados, que pertencia à extinta NOB (Noroeste do Brasil).

Antes de ser a “capital da Celulose”, trilhos da NOB trouxe progresso para Três Lagoas

Fernandes ressalta que a cidade teve até agora, três grandes processos de desenvolvimento: a chegada da ferrovia; a construção da hidrelétrica de Jupiá, e a instalação das indústrias de celulose.

Segundo Fernandes, em decorrência da construção da ferrovia no município pela empresa Machado Mello, houve a necessidade de instalação de uma estrutura para dar suporte aos funcionários nas imediações onde seria a travessia no rio Paraná.

Antes de ser a “capital da Celulose”, trilhos da NOB trouxe progresso para Três Lagoas

Para a construção da malha ferroviária, os engenheiros Justino Rangel de França e Antônio Molina de Queiroz escolheram uma área de 12 quilômetros da barranca do rio, com Três Lagoas próximas uma da outra. Já para o engenheiro Oscar Teixeira Guimarães, coube a missão de traçar uma planta da cidade.

A estação de Três Lagoas foi inaugurada em 31 de dezembro de 1912 e foi uma das primeiras estações a serem finalizadas no então estado de Mato Grosso.

Veja outras estações ferroviárias do município

Jupiá

A estação de Jupiá foi inaugurada primeiro em 4 de novembro de 1910 no lado paulista, às margens do rio Paraná,

Gigante

A estação de Gigante foi inaugurada em 15 de setembro de 1943 e anos depois foi demolida. Ainda há cruzamento de duas linhas de trem, mas não embarca carga desde 2011.

Cervo

A estação Cervo foi inaugurada em 31 de dezembro de 1912 juntamente com a linha e foi demolida em 2010. Atualmente não resta mais nada ali, nem o cruzamento, pois os desvios foram retirados.

Posto do Km 512

O posto do km 512 foi inaugurado em 15 de junho de 1956. Seu nome se deve à quilometragem inicial da ferrovia antes das retificações, que era diferente da quilometragem em 1959. O posto foi construído com madeira, talvez como o restante dos postos telegráficos construídos na mesma época. Vinte anos depois, em 1979, seguia a mesma conservação a beira da linha férrea. 31 anos depois, em 2010, não restou mais nada.

Arapuá

Arapuá, também escrita como Arapuã, foi inaugurada em 31 de dezembro de 1912 originalmente pela E. F. Itapura-Corumbá e em 1917 fundida com a Noroeste do Brasil. Em 2010 o prédio seguia funcionando como moradia.

Piaba

A estação foi inaugurada em 15 de setembro de 1943 estando em pé em 2006 e em 2010 estava funcionando como moradia.

Buritizal

Foi inaugurada em 31 de dezembro de 1912 originalmente pela E. F. Itapura-Corumbá e em 1917 fundida com a Noroeste do Brasil. Décadas depois foi demolida, não sobrando mais nada.

Garcias

Foi inaugurada em 19 de julho de 1917 originalmente com o nome Vitorino, sendo alterado nos anos 40 para Garcias. Apesar de estar sendo usado como moradia, em 2010 ainda há cruzamento de duas linhas de trem.

Safira

Inaugurado em 15 de setembro de 1943, não há mais nada senão ruínas.

Rio Branco

Foi inaugurada em 31 de dezembro de 1912 originalmente pela E. F. Itapura-Corumbá e em 1917 fundida com a Noroeste do Brasil. E segue existindo em 2011 sem uso registrado.

Posto do Km 599

Inaugurado em 1 de julho de 1956. A estação chegou a receber também o nome de Pombo. Atualmente não sobrou mais nada senão ruínas no referido terminal.

(*) Fotos extraídas de sites e publicações da Noroeste do Brasil

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