Apesar de não ter nenhum ‘anúncio formal’, alguns fatores levam a crer que a obra da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III), podem ser retomadas em breve. Por Três Lagoas, podemos ver vários “petroleiros” (funcionários da Petrobras) pelas ruas central cidade e até uma reunião para debater a segurança do empreendimento já foi realizada.
Na terça-feira (23), um encontro (foto acima) com o comando do 2º Batalhão de Polícia Militar de Três Lagoas, o Delegado das Secções de Investigações Gerais (SIG) e uma equipe de investigadores se reuniram o Gerente de Implantação do Projeto da UFN3.
BATER O MARTELO
Apesar do Governador de Mato Grosso do Sul não ‘bater o martelo’ informando uma data da possível retomada, a reunião pode ser uma ‘luz no fim do túnel’ os avanços das negociações que envolvem a UFN3. A volta da obra pode estar próxima, já que existe uma ação acontecendo ‘pelos bastidores’.
No final do ano passado, estava agendada uma visita do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a obra paralisada desde 2014. No encontro, também estava prevista a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin, do governador do Estado e da ministra do planejamento, Simone Tebet.
O encontro acabou não acontecendo devido a conflitos de agendas dos presentes. Recentemente, o Chefe da Casa Civil, Eduardo Rocha, chegou a visitar as obras, (foto acima) mas também informou uma data de quando o empreendimento será retomado.
NOVELA
A população sonha com a retomada das obras e segue acompanhando os próximos ‘capítulos’ dessa ‘novela’ que se arrasta por anos. Enquanto isso, dinheiro investido em construções inacabadas continua ‘evaporando’ com o passar do tempo.
Várias obras de Três Lagoas dependem do Governo Federal para ‘sair do papel’. Com a UFN3, por exemplo, em 2023, o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, também chegou a dizer que a obra seria retomada em breve, mas não defiram uma data.
Apesar de não estarem incluídas no PAC, autoridades dizem que as obras da UFN3, paralisadas, serão retomadas. A ministra Simone Tebet, anunciou que as coisas ‘vão caminhar’.
A produção de fertilizantes foi incluída neste programa. A estatal, de lá para cá, tentou vender a UFN3 por três vezes, mas não teve êxito em nenhuma delas, dada a complexidade e a dimensão da operação.
NEGOCIAÇÃO COM OS RUSSOS
Chegou mais perto em 2019, quando a Acron, com fortes ligações com o governo russo, compraria a unidade em consórcio com a estatal boliviana YPFB. A destituição de Evo Morales, porém, fez com que os russos mudassem de planos.
Mais tarde, houve uma nova investida com a Acron, sem êxito, sobretudo após autoridades brasileiras exporem a intenção da Petrobras: a de tentar rebaixar a unidade de processadora e indústria de nitrogenados para uma mera misturadora.
Após o fornecimento de fertilizantes para o mercado brasileiro ficar ameaçado, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, a paralisação das unidades produtoras no Brasil e a dependência local ficaram expostas.
Foi preciso um esforço diplomático da ex-ministra da Agricultura e senadora Tereza Cristina (PP-MS) (foto acima) para garantir o fornecimento pela Rússia. Ainda assim, os preços desses produtos essenciais para a produção agrícola dispararam no mercado internacional no ano passado.
SETOR ESTRATÉGICO
Ano passado, os fertilizantes já tiveram uma queda, mas o entendimento, no núcleo do governo federal, é que o setor de fertilizantes é estratégico para o Brasil, que não pode ficar à mercê da flutuação dos preços em função da instabilidade das regiões produtoras.
Em 2018, quando uma due dilligence (vistoria para compra) foi realizada na UFN3, foi constatado que a unidade precisaria de pelo menos US$ 1 bilhão para ser concluída. Em reais, foram aplicados mais de R$ 3 bilhões em sua construção. Atualmente, não há uma avaliação do investimento necessário para retomar a obra.
A fábrica foi lançada no governo Dilma Rousseff e paralisadas desde 2014 com 80,95% do projeto concluído. A Petrobras chegou a negociar a unidade com a russa Acron, mas as conversas foram suspensas em 2022.
A UFN3 também será capaz de produzir gás carbônico, produto usado como matéria-prima de vários segmentos da indústria, de equipamentos médicos a refrigerantes.
A UFN3 também teve suas obras (foto acima) paralisadas no auge da Operação Lava Jato. A fábrica de fertilizantes de Três Lagoas foi uma iniciativa de um consórcio liderado pela Petrobras, que era composto pela estatal de petróleo chinesa Sinopec e pela Galvão Construtora.
A fábrica de fertilizantes de Três Lagoas foi projetada para ser a maior do segmento na América do Sul, e que poderá ser capaz de suprir quase 20% da demanda interna do produto, que é majoritariamente importado de países em conflito, como Rússia e Belarus, mas desde que a construtora Galvão e diretores da Petrobras foram citados na operação comandada por Sérgio Moro a continuidade dos investimentos foi se tornando inviável.
TENTATIVA DE VENDA
Depois da Operação Lava Jato, a Petrobras, em seu programa de reestruturação, deu início a uma estratégia de venda de ativos e de parar de investir em qualquer atividade que não fosse a extração de petróleo bruto.