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Três Lagoas
segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Imagens recentes mostram UFN3 ‘acabando’ com o tempo e obra ainda não tem data para ser retomada

A UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III), apesar de ser um sonho para o três-lagoense, a obra faraônica ainda deve demorar para ser concluída. Várias promessas têm sido realizadas, nas imagens registradas no dia 31 de janeiro pelo Perfil News, mostram peças e equipamentos enferrujadas pela ação do tempo e devido e isso haverá muito trabalho pela frente.

A construção foi paralisada em dezembro de 2014 com mais de 80% de conclusão. Hoje, quase uma década depois, várias peças milionárias foram se deteriorando com o tempo. Nas imagens, registradas no fim de janeiro deste ano, é possível perceber que um dia o que foi novo está ficando perdido, deteriorando sem ao menos ser utilizado.

Nesses quase 10 anos de paralisação, muito se comentou sobre a UFN3, mas até o momento, na obra, tudo segue da mesma forma, só que com equipamentos novos, destruídos devido ao tempo e não ao uso.

Imagens recentes mostram UFN3 ‘acabando’ com o tempo e obra ainda não tem data para ser retomada

Após muitas conversas políticas e, apesar de não ter nenhum ‘anúncio formal’, alguns fatores levam a crer que a obra da UFN3 deve ser retomada, mas ainda sem uma data definida. Alguns leitores do Perfil News, já chegaram a presenciar funcionários da Petrobras pelas ruas da cidade e até uma reunião para debater a segurança do empreendimento já foi realizada.

Apesar do Governador de Mato Grosso do Sul não ‘bater o martelo’ informando uma data da possível retomada, a reunião pode ser uma ‘luz no fim do túnel’ os avanços das negociações que envolvem a UFN3. A volta da obra pode não estar próxima, mas já que existe uma ação acontecendo ‘pelos bastidores’.

AGENDA CANCELADA

No final do ano passado, estava agendada uma visita do presidente da Petrobras, Jean Prates, a obra paralisada. No encontro, também estava prevista a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin, do governador do Estado e da ministra do planejamento, Simone Tebet.

O encontro acabou não acontecendo devido a conflitos de agendas dos presentes. Logo em seguida, o Chefe da Casa Civil, Eduardo Rocha, chegou a visitar as obras, mas também não informou uma data de quando o empreendimento será retomado.

Ainda de acordo com Eduardo Rocha, uma equipe está realizando os levantamentos necessários da obra neste primeiro semestre. Enquanto isso, a população sonha com a retomada das obras e segue acompanhando os próximos ‘capítulos’ dessa ‘novela’ que se arrasta por anos. Enquanto isso, dinheiro investido em construções inacabadas continua ‘evaporando’ com o passar do tempo.

Imagens recentes mostram UFN3 ‘acabando’ com o tempo e obra ainda não tem data para ser retomada
Foto: Perfil News/Exclusiva

Várias obras de Três Lagoas dependem do Governo Federal para ‘sair do papel’. Com a UFN3, por exemplo, em 2023, o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, também chegou a dizer que a obra seria retomada em breve, mas não definiram uma data.

Apesar de não estarem incluídas no PAC, autoridades dizem que as obras da UFN3, paralisadas, serão retomadas. A ministra Simone Tebet, anunciou que as coisas ‘vão caminhar’.

HISTÓRICO

A fábrica foi lançada no governo Dilma Rousseff e paralisadas desde 2014 com 80,95% do projeto concluído. A Petrobras chegou a negociar a unidade com a russa Acron, mas as conversas foram suspensas em 2022.

A UFN3 também será capaz de produzir gás carbônico, produto usado como matéria-prima de vários segmentos da indústria, de equipamentos médicos a refrigerantes.

Imagens recentes mostram UFN3 ‘acabando’ com o tempo e obra ainda não tem data para ser retomada
Foto: Perfil News/Exclusiva

A UFN3 também teve suas obras paralisadas no auge da Operação Lava Jato. A fábrica de fertilizantes de Três Lagoas foi uma iniciativa de um consórcio liderado pela Petrobras, que era composto pela estatal de petróleo chinesa Sinopec e pela Galvão Construtora.

A fábrica de fertilizantes de Três Lagoas foi projetada para ser a maior do segmento na América do Sul, e que poderá ser capaz de suprir quase 20% da demanda interna do produto, que é majoritariamente importado de países em conflito, como Rússia e Belarus, mas desde que a construtora Galvão e diretores da Petrobras foram citados na operação comandada por Sérgio Moro a continuidade dos investimentos foi se tornando inviável.

TENTATIVA DE VENDA

Depois da Operação Lava Jato, a Petrobras, em seu programa de reestruturação, deu início a uma estratégia de venda de ativos e de parar de investir em qualquer atividade que não fosse a extração de petróleo bruto.

A produção de fertilizantes foi incluída neste programa. A estatal, de lá para cá, tentou vender a UFN3 por três vezes, mas não teve êxito em nenhuma delas, dada a complexidade e a dimensão da operação.

Imagens recentes mostram UFN3 ‘acabando’ com o tempo e obra ainda não tem data para ser retomada
Foto: Perfil News/Exclusiva

Chegou mais perto em 2019, quando a Acron, com fortes ligações com o governo russo, compraria a unidade em consórcio com a estatal boliviana YPFB. A destituição de Evo Morales, porém, fez com que os russos mudassem de planos.

Mais tarde, houve uma nova investida com a Acron, sem êxito, sobretudo após autoridades brasileiras exporem a intenção da Petrobras: a de tentar rebaixar a unidade de processadora e indústria de nitrogenados para uma mera misturadora.

Após o fornecimento de fertilizantes para o mercado brasileiro ficar ameaçado, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, a paralisação das unidades produtoras no Brasil e a dependência local ficaram expostas.

Foi preciso um esforço diplomático da ex-ministra da Agricultura e senadora eleita Tereza Cristina (PP-MS) para garantir o fornecimento pela Rússia. Ainda assim, os preços desses produtos essenciais para a produção agrícola dispararam no mercado internacional no ano passado.

Ano passado, os fertilizantes já tiveram uma queda, mas o entendimento, no núcleo do governo federal, é que o setor de fertilizantes é estratégico para o Brasil, que não pode ficar à mercê da flutuação dos preços em função da instabilidade das regiões produtoras. 

Em 2018, quando uma due dilligence (vistoria para compra) foi realizada na UFN3, foi constatado que a unidade precisaria de pelo menos US$ 1 bilhão para ser concluída. Em reais, foram aplicados mais de R$ 3 bilhões em sua construção. Atualmente, não há uma avaliação do investimento necessário para retomar a obra.

(*) As fotos e vídeos publicadas nessa página são exclusivas do site Perfil News e sua utilização apenas com autorização do autor

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