A Coordenadoria Municipal de Igualdade Racial celebrou no dia 21 de março, 19 anos de atuação em Bataguassu. A data marca também o Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória ao massacre de Sharperville, na África do Sul, em 1960.
Desde sua criação, em 2004, a Coordenadoria atua no acompanhamento de povos negros e indígenas no que se refere a implementação de políticas públicas no sentido de promover discussões de temas relacionados a igualdade racial.
Ao ser empossado em 2021, o prefeito Akira Otsubo (MDB) nomeou como coordenadora exatamente a sua fundadora: a professora Marilza Barros.
Ela rememora com satisfação o fato de ter sido a pioneira na criação da Coordenadoria em Mato Grosso do Sul e comenta que os anos de luta desencadearam em reconhecimento como a conquista de 93 instrumentos musicais disponibilizados em meados de 2018 pelo então deputado estadual João Grandão (PT) para a implantação de um projeto que trabalhasse com a musicalidade africana e que foi colocado em funcionamento na gestão Akira.
Desde 2022, 50 crianças e adolescentes divididos entre turmas em Bataguassu e Distrito de Nova Porto XV aprendem a prática de instrumentos musicais com ligação à musicalidade africana.
Uma das primeiras alunas a fazerem parte da Banda Afrobata é a adolescente Vitória Santos. A participante, que reside no Distrito de Nova Porto XV, comenta que sempre quis aprender a tocar instrumentos musicais e que o projeto da Banda Afrobata deu a ela essa oportunidade. “Gosto muito de participar da banda. Para mim, é muito legal participar”, disse a menina.
O projeto tem se fortalecido, com a chegada de novos integrantes. É o caso da pequena Emanuelle Rodrigues Fernandes, de 8 anos, moradora do Distrito de Nova Porto XV. A menina faz parte do grupo há um mês e está aprendendo a tocar instrumentos de percussão. “Estou gostando de participar e de aprender a tocar um instrumento musical”, comentou.
A Banda Afrobata é regida pelos instrutores Dawn Silva (violão), Jean César (percussão), sob coordenação pedagógica e musical do professor Odair José. As aulas são oferecidas em Bataguassu e também no Distrito de Nova Porto XV, às terças e quintas-feiras, para o público-alvo de 8 a 18 anos.
Marilza também destaca que outros projetos estão em andamento por parte da Coordenadoria de Igualdade Racial. A coordenadora relatou a conquista de equipamentos como uma TV de 50 polegadas, refrigerador, computadores além de um veículo zero quilômetro que serão enviados ao município através do Ministério da Igualdade Racial (Governo Federal).
Também são propostas da Coordenadoria Racial a adesão ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para beneficiar a comunidade indígena além da solicitação de Emenda Parlamentar no valor de R$ 100 mil feita ao deputado federal Vander Loubet (PT) para a realização do evento “Beleza Negra”, em novembro.
Marilza disse ainda que outro grande passo encabeçado pela atual gestão na promoção da igualdade racial será a aprovação de uma Lei Municipal que garantirá cota raciais reservadas para pessoas negras em futuros concursos públicos lançados pelo município sem esquecer do projeto que oferecerá aulas de hip hop em parceria com professor Nelson Oliver (Grupo Ômega Dance) para crianças e adolescentes.
“São conquistas obtidas com muita luta pela Coordenadoria durante a atual gestão e que vamos deixar de legado para demais administrações”, informa.
Na última quarta-feira, dia 20 de março, Bataguassu sediou a realização do Curso de Letramento Racial, com o tema “Ações afirmativas e políticas públicas no município de Bataguassu”, parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado, por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial. Cerca de 40 participantes estiveram presentes na atividade.
Por Bianca Lima e Ademar Cardoso