O que para muitas pessoas poderia significar o fim, para Jeniffer Gonçalves foi o começo de uma trajetória de muitas lutas, mas também de muito amor. É assim que a mãe de 30 anos, moradora de Amambai, vê sua trajetória com o pequeno Davi Moraes, 5 anos, com paralisia permanente devido a problemas na hora de seu nascimento. Impossibilitada de trabalhar, Jeniffer conta com R$ 900 do Governo do Estado para suas despesas mensais.
Em um cômodo, nos fundos da casa de sua mãe, conquistado por meio de doações, Jeniffer passa seus dias ao lado do pequeno Davi. Ela já morou 1 ano e seis meses em um hospital de Dourados, e com o apoio do Cuidar de Quem Cuida, agora consegue seguir com a vida de sua família com menos dificuldades
“Esse auxílio do Cuidar de Quem Cuida veio num momento muito bom. O Davi só recebe o benefício dele e fora isso não tinha nada. Ele serviu demais. Dá para pagar consultas, farmácia, despesas em casa, então foi uma ajuda e tanto”, comemora.
Mãe solo, Jeniffer relembra seus momentos difíceis ao lado de seu filho. “Já passei por muita luta até chegar aqui. Com vaquinha e doações. Graças a Deus por esse benefício. Se não fosse isso teria que contar só com a ajuda dos próximos”, revela.
Equipe do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) de Amambai e da Superintendência do Programa Mais Social orientaram Jennifer sobre o Cuidar, e como se inscrever. “Eu falo assim, por experiência própria, a gente que trabalhava e agora não pode, isso é uma ajuda muito importante. É uma mão que não sei como posso retribuir no nosso dia a dia”.
Nos seus poucos mais de 20 metros quadrados, o cômodo erguido também abriga o espaço do Davi. Com uma série de aparelhos elétricos, que mantém a sua vida, ar condicionado e uma TV, que o distrai durante o dia, o custo com energia elétrica é uma preocupação a menos para Jeniffer, já que a conta vem zerada, todo mês, paga pelo Governo por meio do programa Energia Social: Conta de Luz Zero.
Jeniffer tem esperança sobre o futuro. “Eu acredito que num futuro eu consiga trabalhar, e um dia quando conseguir, espero que esse benefício que hoje me ajuda, ajude também outras pessoas. Tem muita gente que precisa”.
“O pai dela não aguentou a rotina e abandonou a gente”, conta Roseli de Ponta Porã.
Aos 19 anos, Débora Oliveira, é cuidada por sua mãe, Roseli Henrique de Oliveira, 51 anos. A jovem com paralisia cerebral também depende de cuidados permanentes.
“Quando eu descobri o problema dela, minha filha tinha 2 anos. Ela teve uma crise convulsiva. Ela era uma menina normal. Eu não esperava, mas depois o tempo foi passando e a gente trabalhando em cima dessa realidade. Só que eu não aceitava. Vim aceitar depois que ela tinha uns seis, sete anos. E fomos acostumando, levando e tocando o barco”, revela Roseli.
Sobre o Cuidar de Quem Cuida, Roseli é enfática. “Esses R$ 900 são uma grande ajuda. Eu pago transporte dela. Pago umas contas, porque eu não posso trabalhar. Pago um gás. Compro alimentação e medicação”.
Por quase duas décadas, Roseli fala como tem sido seu dia a dia com a filha. “Sempre cuidei só dela. Não tinha como sair para trabalhar. É uma coisa que não sei como explicar, mas não é fácil. Uma dedicação da minha vida para ela, mas que vale a pena, e é gratificante. Eu não sei como seria minha vida sem minha filha. Já acostumei minha vida com ela”.
Quanto ao abandono do pai de sua filha, Roseli conta que ele não aguentou a rotina e as abandonou. “Faz seis anos isso. Ele simplesmente falou que ele não estava aproveitando a vida dele, que era muito jovem. Arrumou as coisas dele e saiu”.
Mesmo diante de todos os obstáculos da vida, Roseli revela o sentimento de gratidão por ser beneficiária do Cuidar. “É um olhar muito bom para as pessoas. O que o Governo fez chegou em boa hora”.
Cuidar pelo MS
Já são 402 cuidadores recebendo os R$ 900 do Governo do Estado. Na última semana, na Capital, mais de 600 potenciais beneficiários foram visitados, o que deve elevar o número de pessoas atendidas nos próximos meses. Além das mães, outros vínculos entre cuidador e cuidado também são aceitos pelo programa.
Informações da coordenação do programa esclarecem que o benefício tem como público principal os cuidadores de pessoas com dependência grau 2 e 3. Grau de dependência nível 2 se aplica para pessoas com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária, tais como: alimentação, mobilidade, higiene, sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada.
O grau de dependência nível 3 abrange pessoas com deficiência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo.
No link https://www.sead.ms.gov.br/programa-cuidar-de-quem-cuida/ é possível realizar uma pré-inscrição no programa. Com esses dados em mãos, a Sead realiza visitas, como as que ocorrem essa semana, antes da possível concessão do benefício. O telefone (67) 3314-4842 também está à disposição para eventuais esclarecimentos.
Na dinâmica do Cuidar, a Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), secretaria que gerencia o programa, levanta dados a partir do CadÚnico e direciona as visitas para as equipes de campo.
Para a titular da Sead, Patrícia Cozzolino, esses retratos da sociedade, com mães dedicando suas vidas, por si só já explicam a necessidade da implantação do Cuidar de Quem Cuida. “É um programa necessário e vai ao encontro de pessoas que precisam, que se acham em vulnerabilidade social. É um olhar do Governo do Estado que mostra que estamos cuidando de nossa população, em todos os aspectos, avançando em Mato Grosso do Sul tanto economicamente, como na área social. Estamos realmente avançando sem deixar ninguém para trás”, finaliza.
Leomar Alves Rosa, comunicação Sead