O leilão envolvia 870 quilômetros de rodovias em cinco trechos do estado: MS-040, MS-338, MS-395, BR-262 e BR-267. A concessão das estradas é um projeto de grande importância para o MS
O governo de Mato Grosso do Sul anunciou, nesta segunda-feira (2), o adiamento do leilão da “Rota da Celulose”, uma das maiores concessões de rodovias do Brasil nos últimos anos. O evento, que estava marcado para a próxima sexta-feira (6), não acontecerá. O Estado não recebeu proposta de empresas interessadas em administrar as estradas.
O leilão envolvia 870 quilômetros de rodovias em cinco trechos do estado: MS-040, MS-338, MS-395, BR-262 e BR-267. A concessão das estradas é um projeto de grande importância para o estado, principalmente devido à proximidade com grandes fábricas de celulose, como as unidades da Suzano e Eldorado Brasil, situadas em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, e a futura instalações da Bracell em Água Clara, respectivamente.
INVESTIMENTO BILIONÁRIO
Com investimentos previstos de R$ 9 bilhões ao longo de 30 anos, o projeto inclui rodovias estaduais e federais. O plano envolve melhorias significativas, como a duplicação de 116 quilômetros de pista, a construção de 251 quilômetros de faixas adicionais e a implementação de 457 quilômetros de acostamento. No entanto, o leilão não atraiu propostas, o que levou ao adiamento da disputa.
Em nota, o governo estadual, por meio do Escritório de Parcerias Estratégicas (EPE), informou que reagendará o leilão e comunicará oficialmente a nova data ao mercado. A concessão é vista como fundamental para o desenvolvimento da infraestrutura logística do estado, especialmente no setor da celulose.
ANOS DE ESPERA
Com o passar dos anos, o fluxo de veículos disparou nas estradas sul-mato-grossenses. Na região de Três Lagoas, por exemplo, a instalação das fábricas de celulose atraiu milhares de novos moradores, mas não foram feitas melhorias nas estradas, o que causou muitas mortes nas últimas décadas.
O crescimento que as fábricas de celulose trouxeram para o Mato Grosso do Sul é algo inquestionável. Indústrias fazem a economia disparar e atrai milhares de novas pessoas. Com isso, os ‘contos de fadas’ também têm seus vilões e um deles é a BR-262 no Estado.
Três Lagoas abriga duas linhas da Suzano e uma da Eldorado. Ribas do Rio Pardo também outra linha da Suzano que entrou em operação em 2024. Uma fábrica da Arauco está sendo construída em Inocência. Uma indústria da Bracell também será feita em Água Clara. Ainda em Três Lagoas, uma nova linha da Eldorado promete ser construída e as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) devem ser retomadas no próximo ano.
Cada obra dessas acima citadas precisam de milhares de pessoas para serem construídas. Já imaginou o fluxo de veículos nas estradas sem melhorias? Em Ribas do Rio Pardo, por exemplo, o número de carros aumentou 9 vezes mais.
RODOVIA DA MORTE
A duplicação da BR-262, foi extremamente cobrada por vários políticos e pela população. Conhecida como ‘rodovia da morte’, liga várias cidades de Mato Grosso do Sul, se tornou foco de acidentes no Estado. A instalação de novas atividades econômicas na região — ligadas ao plantio de eucalipto e fábricas de celulose — influencia o aumento do fluxo de veículos e, consequentemente, o maior número de acidentes.
Há muitos anos a BR-262 e a BR-267 que servem como principais trechos de transporte logístico, e sempre foram alvos de reclamações dos motoristas pelos constantes riscos de acidentes. São inúmeros acidentes já registrados em ambas as rodovias.
SONHO DISTANTE
Agora, após inúmeras negociações do Governo de Mato Grosso do Sul com o Governo Federal, o que parecia um sonho distante parecia estar mais próximo, mas agora segue indefinido. O bloco de rodovias que vai para o leilão passa por nove municípios do Estado, entre eles Campo Grande, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Bataguassu, Água Clara, Três Lagoas, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina e Anaurilândia. A concessão será de 30 anos, em um trecho de 870 km de rodovias (estaduais e federais).
Compreende os seguintes trechos: MS-040, de Campo Grande a Santa Rita do Pardo (226,3 Km); MS-338, que liga Santa Rita do Pardo e o entroncamento com a MS-395 (60,1 Km); e MS-395, de Bataguassu ao entroncamento com a MS-338 (7,7 Km); além da BR-262, ligando Campo Grande a Três Lagoas (328,2 Km) e BR-267, de Bataguassu a Nova Alvorada do Sul (248,1 Km).
Nesse pacote estão previstos 114,5 km de duplicações, 457 km de acostamentos, 251 km de terceiras faixas, 12 km de via marginal e 82 dispositivos, que vão proporcionar mais segurança. Ainda terá a prestação de serviços aos usuários por meio de 50 veículos operacionais, entre ambulâncias, guinchos, combate a incêndios, desobstrução de pistas e inspeção para controle do tráfego.
A VIDA IMPORTA MAIS QUE O PEDÁGIO
Além das melhorias estruturais, a Rota da Celulose deverá contar com 14 pórticos de pedágio eletrônico (sistema free flow) em vez de praças físicas de pedágio.
A cobrança na BR-262, na BR-267, na MS-040 e na MS-338 está prevista para começar em 2026, com tarifas que variam de R$ 4,70 a R$ 15,20 no primeiro ano para automóveis (há multiplicador de tarifa conforme classe do veículo).
Trechos das BR-262 e BR-267, rodovias federais que compõem o projeto de concessão da Rota da Celulose, foram delegados a Mato Grosso do Sul. O documento que celebra o convênio foi publicado no Diário Oficial da União em setembro deste ano.
Com um aumento considerável no tráfego de veículos com a instalação de grandes fábricas na cidade de Três Lagoas, além de outras duas unidades nos municípios de Ribas do Rio Pardo e Inocência, a Rota da Celulose visa facilitar a movimentação e o escoamento de produção no estado.
A delegação permite a exploração da rodovia BR-262, no trecho entre a divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, a partir da ponte sobre o Rio Paraná, até o encontro com a BR-163, em Campo Grande, o que compreende 328,2 quilômetros de extensão.
Já o segmento delegado da BR-267 parte da divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, no início da travessia do Rio Paraná até o encontro com a BR-163, em Nova Alvorada do Sul. O equivalente a 248,1 quilômetros de extensão.
O projeto é destinado à adequação de capacidade, reabilitação, operação, manutenção e conservação dessas rodovias pelos próximos 30 anos. A estimativa de investimento é de R$ 8,8 bilhões.
A concessão também inclui a prestação de serviços aos usuários por meio de 49 veículos operacionais, entre eles ambulâncias, socorro mecânico, guinchos, combate a incêndios, desobstrução de pistas e inspeção para controle do tráfego, apreensão de animais silvestres e Postos de Atendimento ao Usuário.
Conforme os estudos técnicos do projeto, a BR-262 terá pista dupla em sua totalidade entre Campo Grande (intersecção com a BR-163) e Ribas do Rio Pardo (acesso à Suzano Celulose).
Dos 101,73 quilômetros, a maior parte terá duplicação com canteiro central. Só os 22 quilômetros dentro da capital sul-mato-grossense (antes do cruzamento com a linha férrea) terão duplicação com barreiras de concreto New Jersey.
Ribas do Rio Pardo terá 12,165 quilômetros de contorno rodoviário duplicado, para desviar o trânsito de veículos pesados de dentro da área urbana.
Os outros 69% da BR-262 – 226,47 quilômetros entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas – receberão 57,57 km de terceira faixa e 21,98 km de acostamentos.
DUPLICAÇÃO DA BR-267
Com total de 248,1 quilômetros, o trecho da BR-267 entre a divisa SP-MS e Nova Alvorada do Sul terá apenas 13,5 km de duplicação, em Bataguassu.
Há previsão de implantação de 73,58 km de terceira faixa no restante da rodovia que continuará com pista simples.
MS-040, MS-338 e MS-395
As rodovias estaduais, também terão alterações em suas estruturas, com a implantação de acostamentos, terceira faixa e postos de atendimento.
ACOSTAMENTOS
327 km na MS-040;
103,62 km na MS-338;
2,68 km na MS-395.
TERCEIRA FAIXA
103,78 km na MS-040;
14,13 km na MS-338;
800 m na MS-395.
Edificações e dispositivos
4 postos do Serviço de Atendimento ao Usuário;
2 postos da Polícia Militar Rodoviária;
1 Posto de Parada e Descanso.
Viaduto no entroncamento com a BR-163, em Campo Grande.