Apesar de Três Lagoas já ter avançado economicamente, o desenvolvimento não deve parar tão cedo, já que novas indústrias de celulose estão sendo instaladas em cidades próximas
A cidade, ‘menina dos olhos’ da economia do Estado e ‘rainha da exportação’ Três Lagoas é um dos municípios que mais se desenvolveu em Mato Grosso do Sul nos últimos anos e pelo visto não existem mais limites para o desenvolvimento na região que só cresce a cada dia mais.
Uma cidade que era considerada ‘pacata’ que vivia principalmente da agropecuária, mudou de cara nos últimos 20 anos. Com a chegada das gigantes da celulose, a economia de Três Lagoas mudou da água para o vinho e se tornou o município que mais exporta em Mato Grosso do Sul, ficando a frente até da Capital, Campo Grande.
CIDADE MÃE
O salto na população também disparou nos últimos anos. Três Lagoas é uma cidade de gente hospitaleira, sempre pronta a ‘dar uma mão’ para quem chega no município em busca de novas oportunidades de emprego.
A cidade se tornou uma mãe para pessoas de todo o Brasil e até de outros países. Trabalhadores de todos os lugares se instalaram em Três Lagoas com a chegada das fábricas.
Logo na construção da primeira indústria de celulose, aproximadamente 10 mil trabalhadores deixaram as suas cidades e vieram para Três Lagoas em busca de melhores condições de vida. Com o ‘boom’ na população, o município que tinha ‘cara de interior’ e vivia exclusivamente do agronegócio teve uma ‘mudança radical’ misturando culturas de várias regiões do Brasil.
Com o crescimento da cidade veio também as oportunidades de emprego. Hoje em dia só não trabalha quem não quer em Três Lagoas. Diariamente vagas para trabalho são disponibilizadas para a população que deseja entrar no mercado de trabalho.
VAGAS DE TRABALHO
De acordo com o gerente da Fruntrab, Casa do Trabalhador de Três Lagoas, Jean Carlos Alves Ferreira, diariamente muitas vagas são oferecidas. As opções de emprego são diversificadas. Ainda segundo o gerente, qualificação é muito importante para disputar uma vaga de emprego. Por isso, é sempre importante estar atento às exigências do mercado de trabalho.
“Uma das coisas que facilita a falta de mão de obra são os baixos salários que muitas empresas estão oferecendo, principalmente no comércio. O país perdeu o poder de compra. Hoje em dia, com R$ 2 mil, não conseguimos comprar quase nada. Os preços estão abusivos e dependendo da empresa os benefícios são mínimos”.
Com o crescimento da cidade, a economia de Três Lagoas disparou. Restaurantes, hotéis, lavanderias, bares e vários outros comércios se instalaram no município. Com isso, os empresários precisaram de mão de obra e as vagas de empregos foram aumentando.
Além de todo o comércio, as fábricas de celulose são as que mais empregam em Três Lagoas. Elas sabem que a técnica, a prática, o conhecimento teórico e o autoconhecimento são elementos importantes para qualquer profissional. Por isso, é fundamental investir em aperfeiçoamento e se manter sempre atualizado, desenvolvendo novas habilidades, especialmente aquelas que se tornem um diferencial e o mantenha um passo à frente da concorrência.
Apesar de Três Lagoas já ter avançado economicamente, o desenvolvimento não deve parar tão cedo, já que novas indústrias de celulose estão sendo instaladas em cidades próximas, movimentando ainda mais a região e ajudando as pessoas a buscarem novas perspectivas de vida.
SUPER TALENTOS DA ELDORADO BRASIL
Um exemplo é o que a Eldorado Brasil Celulose está disponibilizando. A empresa abriu inscrições abertas para o programa de estágio Super Talentos 2025, que seleciona jovens de todo o país para atuar em uma das empresas mais inovadoras e competitivas do setor de celulose. As oportunidades estão disponíveis nas localidades de Três Lagoas (MS), São Paulo, Santos e Andradina (SP) e os estudantes receberão até R$ 1.400 para estudarem e se qualificarem.
INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS E MILHARES DE EMPREGOS
As indústrias deverão investir R$ 89,9 bilhões e gerar 11,5 mil empregos diretos em nove cidades de Mato Grosso do Sul no triênio 2025/2028, segundo estimativa da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul). Com o boom econômico, a expectativa é de que Produto Interno Bruto da indústria crescerá 25,6% nos próximos três anos e baterá na barreira dos R$ 50 bilhões.
Desse total previsto, 83,4% será do setor de celulose com a construção das novas fábricas. A Arauco começou a terraplanagem da unidade de Inocência, onde deverá investir R$ 25 bilhões e criar 2,3 mil empregos diretos na operação da fábrica. A Bracell planeja aplicar R$ 25 bilhões na sua primeira fábrica em MS, que será construída em Água Clara e deverá gerar 3 mil empregos diretos.
O imbróglio judicial trava o investimento, mas a expectativa é de que a 2ª linha de produção da Eldorado seja construída em Três Lagoas, com previsão de R$ 25 bilhões e a abertura de 3 mil postos de trabalho direto. A J & F Investimentos disputa na Justiça com a Paper Excellence pelo controle da gigante da celulose.
A J & F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista planeja aplicar R$ 5,5 bilhões na ampliação da produção de minério de ferro e manganês em Corumbá. O projeto prevê a criação de 900 novos empregos na cidade.
RETOMADA DA UFN3
O Novo PAC do Governo Lula (PT) vai priorizar a conclusão da fábrica de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas. A retomada da obra e a colocação da unidade em operação vai exigir investimentos de R$ 3,5 bilhões e vai abrir 600 empregos diretos. As fábricas de celulose e de fertilizantes deverão gerar quase 50 mil empregos na construção. O número estipulado pela Fiems é quando a indústria iniciar a operação.
ETANOL E ABATE DE SUÍNOS
A Atvos deverá investir R$ 3 bilhões na ampliação da usina em Rio Brilhante, com perspectiva de gerar empregos. No entanto, o número de empregos não foi contabilizado pela Fiems. A Copasul vai investir R$ 1,4 bilhão e abrir 150 vagas de trabalho na construção da unidade de processamento de soja em Naviraí.
A JBS está investindo R$ 1,2 bilhão na unidade da Seara e deverá contratar mais 2 mil trabalhadores para o frigorífico de suínos em Dourados. A federação também não incluiu na conta o investimento de R$ 250 milhões no frigorífico de Campo Grande, com previsão de gerar 2,3 mil vagas de emprego formal.
A Casul vai aplicar R$ 118 milhões na construção da fábrica de processamento de amendoim em Bataguassu. A cidade vai ganhar 300 novas vagas de emprego.
A Zaeli vai investir R$ 81 milhões e contratar 65 pessoas para a unidade de produção de alimentos em Mundo Novo. A cidade ainda terá R$ 66 milhões da Frango Bello. O número de empregos não foi divulgado.
EFEITOS NA ECONOMIA
Com a chegada dos empreendimentos, o PIB da indústria deverá crescer 8,56% neste ano, de R$ 39,7 bilhões para R$ 43,1 bilhões. Nos próximos três anos, o economista chefe da Fiems, Ezequiel Resende, estima que o PIB do setor chegará a R$ 49,9 bilhões em 2027, um acréscimo de R$ 10,2 bilhões em relação ao ano passado.
O número de trabalhadores formais da indústria deve crescer 2,9% em 2025, com o número de empregos formais saltando de 160,5 mil, no ano passado, para 165,3 mil neste ano. Conforme o portal O Jacaré, a previsão é de acréscimo de 10 mil vagas nos próximos três anos, chegando a 175,3 mil em 2027.
O total de salários pagos pela indústria chegou a R$ 6,4 bilhões em 2024. A previsão é de que cresça 26,5% nos próximos três anos e chegue a R$ 8,1 bilhões em 2027.