O ano já começou e nenhuma movimentação de uma possível retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) ainda foi realizada em Três Lagoas. Em 2024, foi informado que a construção bilionária, parada há mais de uma década, estava apontada para ter início em 2025.
Na ocasião, o anúncio foi feito após reunião do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. O encontro contou com a presença da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e outras lideranças, incluindo o secretário estadual de Desenvolvimento, Jaime Verruck, e a diretora-presidente da MSGÁS, Cristiane Schmidt.
Com 81% da obra já concluída, o projeto tem como objetivo produzir fertilizantes nitrogenados e fortalecer a autonomia do Brasil no setor agrícola.
A retomada é estratégica para o agronegócio brasileiro, reduzindo a dependência de importações de ureia e amônia e oferecendo maior competitividade aos produtores nacionais. Além disso, estima-se que a obra gere cerca de oito mil empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local.
GOLPE MILIONÁRIO
Com a possível volta das obras da UFN3, os empresários vítimas do ‘golpe’ milionário deixado pela petroleira chinesa Sinopec, sócia no Consórcio UFN-III que, na década passada, foi responsável pela construção da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas, ficam na esperança de um possível acordo com a Petrobras que possivelmente deve retomar a construção parada há dez anos.
Um ofício já foi encaminhado para a Petrobras, que pretende retomar a construção em Três Lagoas, paralisada desde 2014. O advogado Humberto Garcia de Oliveira, cujo escritório representa 82 empresas prejudicadas pelo calote da Petrobras, conversou com o Perfil News. Ele adianta que busca ser ouvido pela empresa que divulga a retomada da obra juntamente com o município e a câmara municipal.
Segundo o advogado, diversas empresas têm materiais e serviços dispostos na obra e não receberam, a exemplo de fundação de concreto, fiação elétrica, bem como serviços inerentes como lavanderia, alimentação, dormitório, uso de máquinas, etc. que estão na obra, mas não receberam.
O grupo de empresas que o advogado representa busca ser ouvido e ter uma justa tratativa com a empresa Petrobras, que não pode deixar o haver sem composição. Entendem que se há materiais e serviços na obra que não foram pagos, devem ser adimplidos justamente.
Lançado em 2009, o consórcio UFN3 seria responsável pela construção da maior fábrica de fertilizantes do hemisfério sul. O consórcio era formado pelas empresas Petrobras, Galvão Engenharia e Sinopec.
LAVA JATO
As obras da unidade foram paralisadas em 2014, durante o auge da Operação Lava Jato. A Galvão Engenharia estava entre as empresas envolvidas no esquema de corrupção. Em 2024, a Petrobras anunciou um plano de investimento de R$ 3,5 bilhões para finalizar a fábrica de fertilizantes nitrogenados.
A UFN3 foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, transformando-os em 3,6 mil toneladas de ureia e 2,2 mil toneladas de amônia. O projeto, que teve sua construção iniciada em 2011 e paralisada em 2014, representa um investimento total de R$ 3,9 bilhões. Para sua conclusão, a Petrobras já provisionou R$ 3,5 bilhões e está em busca de parceiros estratégicos para operar a planta.
ANO COMEÇA BEM PARA OUTRAS OBRAS, MAS SILÊNCIO PREDOMINA QUANDO ASSUNTO É UFN3
O ano de 2025 está sendo ótimo, principalmente quando o assunto é o setor da celulose, que hoje em dia a região é considerada o ‘Vale da Celulose’. Três Lagoas foi a pioneira na celulose no Estado, na época a VCP, hoje, a Suzano se instalou com duas linhas na cidade. Em seguida, chegou a Eldorado Brasil, com uma linha e existindo a possibilidade de ter a segunda ainda em 2025. O anúncio da construção da nova linha da Eldorado Brasil, fez Três Lagoas se tornar evidência no mundo todo. Com investimento de R$ 25 bilhões, a obra será a quarta linha de produção de celulose da cidade, algo considerado inédito no planeta.
Ao todo, em 2028, Mato Grosso do Sul, estará operando com quatro fábricas de celulose e na expectativa de receber a quinta indústria e mais uma linha da Eldorado, o Estado tem de tudo para se tornar a maior potência do setor no mundo. Com as indústrias, também vemos o crescimento do comércio de todas as regiões e do plantio de eucalipto que é a matéria-prima do setor e um negócio que está em alta no Brasil.
Além do investimento direto, novos projetos de infraestrutura, como a construção de malhas ferroviárias na região, devem potencializar a logística da fábrica. O governador Riedel destacou que esses avanços transformam não apenas Três Lagoas, mas toda a região, impulsionando um ciclo positivo de crescimento econômico.
NEM TUDO SÃO FLORES
Apesar das indústrias investirem bilhões nas empresas, o problema das rodovias continuam em 2025. Apesar da boa força de vontade do Governo de Mato Grosso do Sul em assumir problemas de rodovias federais, trâmites levam tempo até o Estado conseguir diminuir os números de mortes nas estradas.
Recentemente, o governador Eduardo Riedel (PSDB), usou as redes sociais para anunciar que o projeto Rota da Celulose segue firme. O tucano ainda adiantou que o relançamento da proposta fundamental para o escoamento da produção de celulose de Mato Grosso do Sul está previsto para acontecer no primeiro trimestre de 2025.
No último dia 2 de dezembro, nenhuma empresa do setor de logística apresentou propostas ao projeto que previa o investimento de cerca de R$ 9 bilhões, nos próximos 10 anos, em trechos de duas rodovias federais e três estaduais em Mato Grosso do Sul.
Do valor previsto, R$ 6 bilhões seriam destinados a melhorias na infraestrutura e ampliação de capacidade (Capex), enquanto R$ 3 bilhões seriam aplicados em investimentos operacionais. A concessão seria válida por 30 anos.
“O Mato Grosso do Sul tem hoje um projeto de desenvolvimento consolidado e uma relevância no país, o que tem atraído inúmeros investimentos por parte de empresários que se sentem seguros em aportar seu capital no estado. Esse projeto foi muito elaborado com todo aval do governo federal, e com objetivo de garantir ainda mais competitividade aos negócios, além de comodidade e segurança aos usuários”, afirmou o governador Eduardo Riedel.
O leilão envolvia 870 quilômetros de rodovias em cinco trechos do estado. A concessão das estradas é um projeto de grande importância para Mato Grosso do Sul, principalmente devido à proximidade com grandes fábricas de celulose, como as unidades da Suzano e Eldorado Brasil, situadas em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, e as futuras instalações da Bracell, respectivamente.