Após o anúncio oficial da empresa, que deve acontecer nos primeiros dias de maio, o projeto deve caminhar a passos largos e as obras podem começar em março de 2026, diz Jaime Verruck
Maio deve ser o mês definitivo para acabar o mistério e conseguirmos saber se a Bracell será instalada em Bataguassu ou Água Clara. Apesar de muito se falar em ‘prioridades’, ainda nada foi confirmado.
O investimento é bilionário. A empresa pretende injetar o valor estimado em US$ 4,5 bilhões, mas de acordo com o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, a Bracell deve ‘bater o martelo’ nos primeiros dias de maio.
“A empresa está com dois processos de licenciamento. A Bracell tem dois projetos de instalação em Mato Grosso do Sul, sendo um em Bataguassu e outro em Água Clara. No início de maio, a diretoria vai sentar com o governo do Estado para definir o cronograma, se vai trabalhar com uma ou se vai fazer os dois e qual o início da atividade”, disse chefe da pasta.
RAIO – X
De acordo com deputado Pedro Caravina, a Bracell protocolou o EIA/RIMA na SEMADES que foi realizada em Bataguassu, pelos menos é o que pode ser observado no site da secretaria.
O estudo realizado em Bataguassu mostra um Raio-X do município. O documento possui 81 páginas, onde visa atestar a viabilidade ambiental do empreendimento, por meio da caracterização do projeto, conhecimento e análise da situação atual das áreas passíveis de sofrerem modificações devido à implantação e operação da fábrica – as denominadas áreas de influência –, para o posterior estudo comparativo entre a situação atual e a situação futura.

Essa análise é realizada por meio da identificação e avaliação dos impactos ambientais, sociais e econômicos potenciais, decorrentes das obras e funcionamento do empreendimento. Tal avaliação considera a proposição de ações, que visam minimizar e/ou eliminar as alterações negativas, e incrementar os benefícios trazidos pela implantação do empreendimento.
PASSOS LARGOS
Ainda segundo Verruck, logo após o anúncio da empresa que vai acontecer no próximo mês, o projeto deverá caminhar a passos largos, já que tem previsão das obras da Bracell na cidade escolhida pela empresa já no primeiro semestre de 2026.
“Talvez não há espaço técnico para duas empresas, então provavelmente vai decidir uma que vamos licenciar um até o final do ano para começar em março de 2026”, adiantou o secretário ao Perfil News.
IMPACTO POSITIVO
O deputado estadual Pedro Caravina (PSDB), esposo da prefeita de Bataguassu, Wanderleia Caravina, também conversou com o Perfil News. Comedido nas palavras, ele explicou que a definição da cidade que vai abrigar a Bracell realmente só será definida no próximo mês.
“Não tenho nada concreto, mas acredito que até início de maio teremos informações mais precisas quanto ao destino da empresa. No próximo mês acaba o mistério”, ressaltou o deputado.

Apesar de nada definido, o deputado adianta que ele e a esposa estão entusiasmados com a possibilidade do grande empreendimento ser instalado na cidade de Bataguassu.
“Um projeto como esse representa um grande impacto positivo para Bataguassu e toda região, na geração de empregos e renda e no desenvolvimento econômico e social, porque agregado ao investimento privado, vem as melhorias governamentais na educação, saúde, infraestrutura em rodovias, entre outras ações. Importante também equilibrar esse desenvolvimento com a garantia da qualidade de vida da população”
BATAGUASSU É PRIORIDADE
Apesar de nada de concreto estar confirmado pelas autoridades competentes, muito se especula que a empresa de celulose Bracell, a princípio, está priorizando Bataguassu para a construção de sua nova fábrica, deixando de lado o projeto anteriormente previsto para Água Clara.
Todos nós sabemos que uma indústria de celulose precisa de água. Bracell já realizou compras de três fazendas em Bataguassu. As propriedades estão localizadas próximas ao Rio Paraná.
Outro ponto que a fábrica deve ser instalada em Bataguassu, foi a visita da prefeita Wanderleia Caravina a indústria da Bracell em Lençóis Paulista no último dia 31 de março. A visita, de caráter institucional, teve como objetivo conhecer de perto a operação da unidade.
A empresa informou que Bracell mantém o hábito de receber autoridades e representantes públicos em suas fábricas como forma de apresentar suas práticas operacionais, ambientais e de segurança, reforçando o compromisso da empresa com a transparência e o diálogo nas regiões onde atua.
LOGÍSTICA

Caso o empreendimento se concretize em Bataguassu, a produção de celulose será escoada por um trajeto de aproximadamente 270 km até Aparecida do Taboado, passando por Brasilândia, Três Lagoas e Selvíria. A previsão é de um aumento de 80 mil caminhões por ano nas rodovias da região, o que levou a Bracell a defender a recuperação da pista, inclusão de acostamentos e construção de terceiras faixas.
O projeto inicial previa a instalação da fábrica em Água Clara, com capacidade de produção de 2,8 milhões de toneladas anuais e expectativa de 10 mil empregos na fase de obras. No entanto, a empresa também solicitou estudos ambientais para Bataguassu e, desde então, os sinais apontam que a nova localização é a preferida para o investimento, onde a Bracell já possui cerca de 100 mil hectares de eucalipto.

Se confirmada, a fábrica de Bataguassu será a quinta indústria de celulose em Mato Grosso do Sul, que já conta com unidades em Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Inocência. O setor cresce rapidamente no estado, impulsionado por investimentos expressivos e pela demanda internacional, consolidando Mato Grosso do Sul como um polo estratégico para a produção de celulose no Brasil.
BATAGUASSU: LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA E BOOM NA ECONOMIA: MAIS DETALHES DA RIMA
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) protocolado pela Bracell para o estudo de instalação de sua nova fábrica de celulose em Bataguassu, destaca os principais fatores que embasam a escolha do local e o modelo de operação da futura unidade. O documento protocolado na Semadesc, onde o Perfil News teve acesso, aponta justificativas técnicas, ambientais, econômicas e estruturais para a implantação do empreendimento.
De acordo com o relatório, a unidade utilizará o processo de produção de celulose kraft, considerado ambientalmente vantajoso. Esse método permite a recuperação dos produtos químicos utilizados no cozimento da madeira, reduzindo significativamente a carga orgânica dos efluentes líquidos gerados. A medida, segundo o documento, reforça o compromisso da empresa com práticas sustentáveis.
COMPETITIVIDADE ECONÔMICA
Além da tecnologia adotada, o RIMA também detalha os critérios que nortearam a definição do local. Entre os principais fatores estão a conscientização e competitividade econômica — com ênfase na criação de empregos, incentivos fiscais, geração de valor e redução de custos —, além da disponibilidade de um parque florestal privado capaz de abastecer a fábrica. A infraestrutura regional, como malha rodoviária, acesso ferroviário e fornecimento de energia elétrica, também pode pesar na decisão.
A área diretamente afetada pelo projeto abrange 1.318,43 hectares e já é considerada antropizada, predominando o uso como pastagem plantada. O território é caracterizado por gramíneas resistentes à seca e de rápido crescimento, como o capim-braquiária, utilizadas atualmente para alimentação do gado.
O anúncio oficial da escolha da cidade está previsto para os primeiros dias de maio
Dados de 2021 apontam que expressivos 27% da população total, o equivalente a 6.281 trabalhadores, estavam formalmente empregados, demonstrando a forte ligação da comunidade local com o mercado de trabalho.
No que tange à infraestrutura, a localização estratégica de Bataguassu é um fator chave. A sede do município possui acesso direto à BR-267, uma importante rodovia que estabelece ligação com Nova Alvorada do Sul e o estado de São Paulo, posicionando Bataguassu a 341 km de Campo Grande e a 136 km de Três Lagoas. Essa conexão rodoviária facilita o escoamento da produção e o trânsito de pessoas.
Apesar de não possuir porto em sua sede, o distrito de Novo Porto XV de Novembro conta com infraestrutura portuária voltada para a atividade pesqueira. Além disso, o distrito de Santa Rita do Pardo está conectado à sede de Bataguassu pela MS-040, uma rodovia asfaltada com 69 km de extensão. Santa Rita do Pardo também se situa a 365 km de Campo Grande.
Em suma, Bataguassu demonstra uma economia ativa, com uma parcela significativa da população inserida no mercado de trabalho formal, e se beneficia de uma infraestrutura rodoviária que a conecta a importantes centros regionais, fatores que contribuem para o seu desenvolvimento.