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terça-feira, 29 de abril de 2025

Torcidas na mira da polícia

19/11/2007 10h35 – Atualizado em 19/11/2007 10h35

O Dia

A Delegacia de Homicídios (DH) conseguiu identificar pelo menos 50 dirigentes de torcidas organizadas que costumam ir aos estádios para brigar. Em alguns casos — quatro são investigados pela especializada —, as confusões terminaram em homicídio ou na tentativa do crime contra a vida. Desde sexta-feira, os agentes têm mais um mistério para desvendar. Naquela manhã, o torcedor do Fluminense Charlie da Silva Monteiro de Almeida, 28 anos, foi assassinado com três tiros na Lapa, após uma confusão que teria começado dentro da Fundição Progresso. Morador da Curicica, ele era considerado brigão e esteve em um show de pagode acompanhado de outros integrantes da torcida organizada Young Flu. O mapeamento da DH foi produzido a partir do monitoramento de mensagens no site de relacionamentos Orkut e com policiais infiltrados em grandes jogos no Maracanã. Segundo o delegado-adjunto Ricardo Barbosa, todos estão identificados com fotografias, nome completo e perfil. Os que já têm passagem pela polícia se envolveram, na maioria das vezes, em casos de lesão corporal. Entre os inquéritos sobre a atuação de torcedores está o que apura a morte do botafoguense Vinicio José Ribeiro da Fonseca, 22 anos, em setembro de 2006. Integrantes da Fúria Jovem do Botafogo e da Young teriam marcado o confronto, no Engenho Novo, pela Internet. Na confusão, um vascaíno que estava com o grupo alvinegro foi baleado na barriga e um tricolor, espancado. A delegacia também investiga o assassinato do botafoguense Rhafick Tavares da Silva Cancio, morto a golpes de foice num confronto com torcedores do Flamengo em Barra do Piraí, em novembro de 2005. A violência aconteceu no retorno de Volta Redonda. Torcedores que não conseguiram entrar no estádio para acompanhar o clássico voltavam para o Rio quando se depararam com um ônibus dos alvinegros, que trocava o pneu na Serra das Araras. ESPANCADO As guerras de torcida voltaram ao noticiário desde a última sexta-feira, quando 56 torcedores foram presos após uma briga entre rubro-negros e vascaínos na Praça 15. Nesse confronto, Germano Soares de Souza, de 44 anos, integrante da Torcida Jovem Fla, foi espancado e está internado em estado crítico no Hospital Souza Aguiar. Ele sofreu múltiplas fraturas nos ossos da face, está em coma e respira com a ajuda de aparelhos. CHARLIE CHEGAVA EM CASA FERIDO O primeiro passo da investigação sobre a morte do tricolor Charlie será confirmar se o crime tem relação com a guerra de torcidas. Parentes e amigos do rapaz contam que ele sempre se metia em confusões com rivais de torcidas organizadas de outros clubes. O corpo da vítima foi enterrado sexta-feira, no Cemitério de Irajá. O sepultamento foi custeado pela Young Flu. Diretor da torcida, Wildson Gonçalves, o Dinho, 42 anos, diz não saber ao certo se a morte do colega tem a ver com a guerra entre facções. “A mentalidade hoje é outra, é difícil controlar a garotada. Charlie era muito querido, mas já tinha se envolvido em confusões de torcida. Pensei logo que tinha sido morto por isso, mas soube depois, por outras pessoas da Young que estavam no show com ele, que a discussão tinha sido por causa de mulher”, contou. O guardião de piscinas Ronaldo Carneiro, 26 anos, socorreu o amigo. Ele também é integrante da Young. “Não fomos juntos à festa, mas peguei carona com eles. Fecharam a gente e, quando o Charlie saiu do carro, o cara atirou seis vezes”, relatou Ronaldo. Eram quase 9h. Da Rua Mem de Sá, onde ocorreu o crime, Charlie foi levado com ferimentos na barriga e na perna, mas morreu a caminho do Hospital Miguel Couto, no Leblon. Charlie estava na Young desde 2000. De acordo com a tia Maria do Carmo Nascimento, 49, já tinha chegado em casa machucado depois de jogos de futebol. “Ele deixava a mãe muito preocupada. Não saía nunca de casa sem recomendações”, disse.

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