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sábado, 28 de dezembro de 2024

Três Lagoas é a Dubai brasileira, diz empresário Mário Celso Lopes

05/06/2012 11h08 – Atualizado em 05/06/2012 11h08

Rei do eucalipto e do confinamento de bois diz que hoje optaria em construir shopping em Três Lagoas

Empresário que apostou na logística de Três Lagoas e trouxe a maior fábrica de celulose do mundo diz que iniciativa privada está injetando quase R$ 18 bilhões no município

Edmir Conceição

“Três Lagoas é a Dubai brasileira”. Assim o empresário Mário Celso Lopes, 55 anos, precursor da floresta plantada em Mato Grosso do Sul, analisa o estágio de desenvolvimento de Três Lagoas, que no dia 15 completa 97 anos. Mário Celso recebeu a reportagem do Perfil News duas vezes nos últimos 45 dias para abordar o processo de expansão industrial de Três Lagoas e analisar as perspectivas econômicas do Bolsão nos setores do agronegócio, florestas plantadas, energia e celulose.

Em 16 de abril, Mário Celso recebeu o Perfil News/SBT de posse de um relatório do Credit Suisse com informações sobre mercado, cotações e investimentos. Ele se concentrava em um demonstrativo onde estavam listados os maiores investimentos em Três Lagoas. E garantiu que apenas o conglomerado de celulose e papel, siderurgia e fábrica de fertilizantes da Petrobras representavam investimentos de mais de R$ 17 bilhões, o dobro do dinheiro que será gasto na organização da Copa de 2014.

Nesta segunda-feira, 4 de junho, Mário Celso, em meio à turbulência provocada pela notícia de transferência de sua parte na Eldorado Brasil para o grupo JBS, conversou com o Perfil News tão otimista quanto antes e atestou: “Três lagoas é a nova Dubai brasileira”, numa referência à capital de um dos sete emirados na costa sul do Golfo Pérsico, hoje o maior centro de investimentos do mundo. Curiosamente, Dubai cresceu pela logística, considerada estratégica por estar situada na península arábica da Ásia.

Mário Celso diz que é suspeito para falar sobre Três Lagoas, mas lembra que tem uma afinidade muito grande com a cidade, recordando que na juventude saia de Andradina de motocicleta e fazia a travessia na ponte ferroviária, sobre dormentes, entre os trilhos. Aventuras à parte, diz que “nunca se viu concentração de investimentos tão grande, como na Sitrel, pela Petrobras, por Grendene”, disse o empresário, para quem, naquela época, já se prpojetava um futuro promissor depois do ciclo da ferrovia.

Pela analogia de Lopes, Três Lagoas também atrai investimentos puxados pela logística, por ser considerada como um centro de convergência dos maiores centros consumidores do País. No caso da indústria de celulose, a logística é muito importante. Com as florestas praticamente no quintal, os custos no transbordo da matéria-prima são menores.

POTENCIAL DE TRÊS LAGOAS

Para Mário Celso, diante dos novos indicadores, hoje optaria em construir um shopping Center em Três Lagoas. Estudos sinalizariam isso, o que não foi recomendado há cinco anos, quando decidiu investir na construção do shopping em Andradina. Dono de uma ‘pequena’ construtora’, Mário Celso, que também detém franquias da rede Acoor investe na construção de um hotel Ibis na sua cidade.

O empresário não lamenta o investimento feito em Andradina, pela necessidade de preencher uma lacuna da economia regional, mas diz que hoje, seguramente, analisaria a possibilidade de fazer os mesmos investimentos em Três Lagoas.

Mário Celso acha analisa que a cadeia da base florestal não se extingue na produção de celulose. Segundo ele, quando é feito o corte da madeira, as folhas e galhadas são recolhidos para produção de energia de biomassa. Considera viável também a extração da essência, usada pelas indústrias de cosméticos e materiais de limpeza.

ADMINISTRADOR

Conhecido como uma dos mais bem sucedidos empresários do agronegócio com braço na celulose, Mário Celso Lopes administra seus negócios com bastante tranqüilidade. As diretrizes são dadas semanalmente de sua ampla sala na sede da MCL Empreendimentos, piso superior do shopping Oeste Plaza em Andradina.

No meio da tarde desta segunda-feira, 4, enquanto diretores de suas empresas aguardam em salas anexas, o advogado e empresário Mário Celso falava ao Perfil News tranquilamente sobre os negócios e sua afinidade com Mato Grosso do Sul e carinho especial por Três Lagoas.

Ele lembra que no dia 15 de junho deste ano, Três Lagoas completa 97 anos com as obras civis da fábrica de celulose praticamente concluídas. “Completam-se dois anos do lançamento da pedra fundamental da obra”, observa. Na oportunidade, ocupava a área executiva e como dirigente da gigantesca Eldorado Brasil, ao lado do governador André Puccinelli e da vice-governadora Simone Tebet, anunciou o aporte bilionário para a construção da maior fábrica de celulose de fibra curta do mundo.

PONTAPÉ INICIAL

O anúncio mudou definitivamente o perfil econômico de Três Lagoas, que já estava passando pelo impacto dos investimentos com a fusão de ativos da Aracruz e VCP (Votorantim Celulose e Papel) e surgimento da Fribria, integrada à International Paper.

Mário Celso acredita que Mato Grosso do Sul, por ter extensas áreas ainda inexploradas, pode ultrapassar São Paulo em florestas plantadas. “Podemos chegar a 1 milhão de hectares’, nota, acrescentando que o mercado da celulose é enorme, tanto que Fibria e Eldorado não vão concorrer entre si, devendo atender a mercados asiáticos, europeus e americanos sempre com a perspectiva de ampliação. Ele diz que a fábrica de celulose da Eldorado é mais moderna, em razão da tecnologia, que avança a cada ano.

A localização estratégica e recursos hídricos, além da intermodalidade de transportes são fundamentais para a relação custo-benefício da indústria de celulose e papel, daí a perspectiva de Três Lagoas consolidar a posição de capital mundial da celulose. “Este é um grande presente para Três Lagoas”, diz, lembrando que em dezembro, dia 13, acontece a inauguração oficial, com a fábrica já em plena produção.

Ao comentar o tema da série de publicações alusivas aos 97 anos de Três Lagoas, da pecuária à capital mundial da celulose, Mário Celso diz que a pecuária ainda é um setor forte na economia local, em razão do confinamento, que reduz o uso de extensas pastagens e assegura ganhos de produtividade.

A história de sucesso do empresário andradinense é bastante conhecida e explorada por publicações especializadas na área de empresas e negócios. Mas Lopes insiste em dizer que no seu caso os negócios deram certo em razão das ‘janelas de oportunidade’ e o processo de desencadeamento das atividades, ou seja, a verticalização, como o eucalipto. Começou com a muda, obtendo a planta. Agora é beneficiar a planta, transformar a madeira do eucalipto em fibras e celulose.

O confinamento de bois nasceu dos estudos mostrando que poderia obter ganhos de peso em carcaças investindo na genética e no sistema de engorda, com menor utilização de pastagem.

Mário Celso Lopes não fez fortuna de um dia o outro. É uma trajetória de 35 anos, que começou no Banco do Brasil, quando trabalhava na Carteira Agrícola. A atividade no meio rural abriu sua visão para o setor imobiliário, plantio de eucalipto e criação de gado, no fim da década de 1970. “Nessa época Mato Grosso do Sul tinha sido criado, era um Estado virgem, período de colonização”.

O empresário disse que a pecuária se desenvolveu e consolidou-se como atividade forte com a aplicação da genética. “Comecei no setor imobiliário rural e vi a oportunidade de plantar eucalipto, com a vinda da Champion”, conta Mário Celso. “Uma coisa puxa a outra”. Antes da ideia da celulose, conversou com Alexandre Grendene que idealizava uma siderúrgica para aproveitamento do carvão do eucalipto. No início da década de 1980 começaram os investimentos nos ativos florestais, a partir da criação da F
lorágua, para produção de mudas.

No período de produção de mudas Mário Celso já havia conversado com o amigo José Batista, para quem transferiu o antigo frigorífico Mouran. A ideia era aproveitar a madeira para alimentar as caldeiras. No curso dos negócios, já de olho na celulose, nasceu o Fundo de Investimentos Florestal Participações, de caráter privado e gestor des mais de 200 mil hectares de florestas. Mário Celso capitalizou o fundo atraindo os maiores fundos de pensão – Petros e Caixa como sócios. Grendene já havia transferido sua parte aos Imãos Batista e após o aporte de meio bilhão e meio de reais a sociedade estabilizou com os quatro sócios. Hoje detém 8,28% do capital da Eldorado Brasil, de R$ 4,8 bilhões

A Eldorado Brasil nasceu de uma conversa de Mário Celso e José Batista, mas o empresário andradinense faz questão de lembrar que há outros personagens que influenciaram na composição da empresa. “Nós demos o pontapé inicial, ninguém faz nada sozinho. Todos têm seus méritos e créditos”, diz. O embrião da Eldorado surgiu em 2005 da sociedade de Alexandre Grendene com Mário Celso. Dois anos depois, com a entrada nos irmãos Batista no Fundo Florestal, iniciou-se o processo de composição da empresa, com aportes da iniciativa privada e recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

CICLOS

Mário Celso diz que Três Lagoas vai se consolidar como pólo industrial, mas seguirá forte também em outras atividades produtivas. “Houve o ciclo da terra virgem, depois a pecuária e agora a indústria”, mas todas as atividades passam pela transformação tecnológica e nesse aspecto cita o confinamento, que permite a incorporação de novas áreas ao sistema produtivo, com ganhos de produtividade. “Hoje a propriedade pode ser repartida, 50% para a pecuária e 50% para a sivilcultura.

O empresário aposta na extensão de terras em Mato Grosso do Sul e projeta crescimento da área plantada dos atuais 300 mil hectares para 1 milhão de hectares de eucalipto ao cabo de cinco anos. Hoje a Eldorado dispõe de 30 mil hectares plantados e a Fibria o mesmo volume. Mário Celso diz que há mercado porque haverá outras linhas de produção. “Hoje a Eldorado já tem toda madeira que precisa para operar”, diz.

Em relação à pecuária, Mário Celso lembra que ela pode alcançar no confinamento melhor acabamento da carcaça com redução do espaço físico e sem perda de receita, por isso acredita na sobrevivência da pecuária no ciclo industrial, até porque a carne é outro produto que sempre terá mercado.

Mário Celso concilia sua agenda com uma rotina de negócios bilionários, mas as operações gigantescas não interferem na sua vida familiar, não eliminam o tempo nos fins de semana com a família em Andradina. Ele possui rancho onde recebe os amigos e os hospeda em uma das 25 suites. De terça a sexta-feira despacha de seu escritório em São Paulo. Perguntado se vai pilotando o próprio jato, afirma ter ‘um aviãonzinho”. Na verdade, são três aeronaves, o jato Citation, um Cessna e um helicóptero Esquilo.

MENSAGEM A TRÊS LAGOAS

Por meio da reportagem do Perfil News, Mário Celso deixou mensagem para Três Lagoas em razão do aniversário no dia 15 de junho:

“A mensagem que eu deixo, é como mensagem também de filho de Três Lagoas. Desejo a toda população de Três Lagoas, aos 97 anos de existência da cidade, desfrute dos resultados dos empreendimentos e dos investimentos que vem sendo feitos cidade. A gente espera que isso multiplique muito mais e que faça com que essa cidade abrace todas as pessoas que nela chegam. As pessoas que vem de fora, os investidores, são tão bem recebidas por Três Lagoas, que é uma cidade acolhedora. Que continue assim no seu crescimento. E eu desejo que Três Lagoas, com certeza, seja uma das melhores cidades do Brasil para se viver”.

Mário Celso é entrevistado pelo jornalista Ricardo Ojeda na sede da MCL Empreendimentos, em Andradina-SP (Fotos: Edmir Conceição)

Mário Celso:

Três Lagoas é a Dubai brasileira, diz empresário Mário Celso Lopes

Lopes arruma sua escrivaninha no escritório de Andradina.(Foto: Ricardo Ojeda)

Empresário caminha entre colaboradores no escritório da MCL Empreendimentos em Andradina

Antenado no noticiário sobre as bolsas em todo o mundo.

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