20/08/2018 10h59
Paciente chegou com dores ao pronto-socorro e, ao saber que o atendimento levaria quatro horas, quis ir para casa – e foi obrigada a assinar um termo de desistência de atendimento
Gisele Berto
Era sexta-feira, 17 de agosto, à noite e a jovem Lais Rodrigues Tosta, 24 anos, começou a sentir fortes dores. Com gestação em fase avançada (37 semanas) procurou o pronto-socorro do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora.
“Sinto muitas dores nas costas e na barriga. O nenê está sentado e faz uma semana que eu vou ao Auxiliadora e volto para casa como se estivesse tudo normal”, diz Laís.
Chegou ao Hospital na madrugada de sexta para sábado, em torno da 1 da manhã. “Logo que cheguei a enfermeira já avisou que ia demorar. Eu concordei. Demoraram para medir a pressão e, quando passei pela triagem, disseram que eu não tinha problema nenhum e que era para eu ficar esperando lá”, disse.
Nesse momento, segundo Laís, ela foi avisada que iria ser atendida depois das 5h da manhã. “Aí eu falei que ia embora, porque não ia ficar lá sentada, com dor, esperando por mais de 4h”.
Foi então que Laís soube que, para sair, precisaria assinar um termo que dizia que ela não queria ser atendida.
“Mas é claro que eu queria ser atendida, senão não tinha ido para o hospital. Eu queria embora porque não tinha médico para atender”, diz.
Foi aí que a enfermeira avisou que se ela não assinasse ao termo ela teria que chamar a polícia, porque não poderia abrir a porta para ela sair antes de assinar essa declaração.
“Assinei o termo que dizia que eu estava vindo embora porque não queria ser atendida, mas na verdade eu vim embora com dor porque não tinha nenhum médico para me atender”, revolta-se a paciente.
Procurado pela reportagem, o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora enviou a seguinte nota:
“A maternidade do Hospital Auxiliadora trabalha com protocolos do Ministério da Saúde no qual possui o acolhimento com classificação de risco em obstetrícia que levam à tomada de decisões do profissional de saúde a partir de uma escuta qualificada, associada ao julgamento clínico embasado em protocolo fundamentado cientificamente, onde adotamos o sistema de cinco cores previsto pelo Ministério da Saúde, que são: vermelho (emergência, atendimento imediato) , laranja (muito urgente, atendimento médico até 15 minutos), amarelo (pouco urgente, atendimento médico em até 30 minutos), verde (atendimento médico até 120 minutos) e azul (atendimento médico não prioritário).
A paciente citada deu entrada há 01h06 na recepção do Pronto Socorro do Hospital, foi conduzida a maternidade às 01h15, e as 01h20 realizou o acolhimento com classificação de risco pela enfermeira de plantão, com classificação azul, apresentava quadro de contrações de “Braxton Hicks” que são contrações treinamento, contrações “falsas” que surgem normalmente no final da gestação.
Por volta do horário das 01h45 a paciente questionou a demora e foi orientada sobre seu atendimento, porém não quis aguardar atendimento médico e assinou o termo de alta a pedido”.